eleições 2016

Reunião do PSD: eles não falam, a gente especula

João Portella, na primeira sessão da Câmara após a eleição

A cúpula do PSD de Gravataí se reuniu agora há pouco na casa de Levi Melo, na Paragem Verdes Campos. Um vizinho soprou para o Seguinte:

Não sabemos quem esteve lá, mas a fonte reconheceu o presidente João Portella; o vereador Alemão da Kipão, que foi candidato a vice de Levi nestas eleições; e os vereadores reeleitos Dilamar Soares e Dimas Costa.

Tentamos contato com dois participantes, mas não atenderam o telefone. Enviamos mensagens de WhatsApp e apenas um respondeu. Confirmou a reunião, mas disse que havia uma combinação de ninguém falar nada à imprensa. 

Resta então ao Seguinte: especular, com base em informações coletadas com fontes de outros partidos, costuradas com manifestações anteriores dos vereadores na tribuna, traduzidas em movimentos recentes dos dirigentes partidários, e ilustradas por compartilhamentos nas redes sociais, feitos por apoiadores, de coisas que a mídia local tem publicado.

Aí vai, em 10 tópicos, ao estilo "Recorte & Guarde":

 

1.

Bordignon quer o PSD

 

É notório o assédio de Daniel Bordignon (PDT) ao PSD. Ele mesmo tem ligado para lideranças do partido e, se tiver os votos validados pelo TSE, vai oferecer secretarias e cargos.

Bordignon teve eleitos em sua coligação apenas três vereadores: Rosane Bordignon, Alex Peixe e Demétrio do Esporte. Precisa urgentemente montar uma base parlamentar que garanta um mínimo de governabilidade, evite aberturas de CPIs e não reprove suas contas – hoje uma guilhotina no pescoço dos prefeitos, depois que o poder do TCE de cassar mandatos ficou centralizado nas câmaras municipais.

 

2.

Nas linhas inimigas 1

 

Na trajetória do ex-prefeito, compor com outros partidos não seria uma novidade. Sem entrar no mérito de como restaram os partidos em suas ascensões e quedas entre o sim e não, em seu primeiro governo (1997-2000) Bordignon estreou com uma inimaginável aliança com o PDT.

Era o partido de José Mota, seu principal adversário naquela eleição.

Não sem, ainda em 1996, antes mesmo da posse, atrair o PCdoB, do vereador Neio Lúcio Pereira, eleito em coligação com os trabalhistas.

 

3.

Nas linhas inimigas 2

 

Ainda no primeiro mandato, Bordignon também afiançou um acordo para os quatro anos da presidência da Câmara, onde o PMDB, do também adversário Marco Alba, ficou com o primeiro ano de gestão, com Sérgio Malinoski.

 

4.

Nas linhas inimigas 3

 

Em seu segundo mandato (2001-2004), Bordignon também atraiu para o governo o PSB, para desespero de José Mota. O ex-prefeito tinha deixado o PDT após o partido entrar na administração Bordignon. Concorreu a prefeito pelo PSB e, logo depois da eleição, viu os socialistas aceitarem o convite para ocupar cargos na Prefeitura junto ao PT.

 

5.

Não só à esquerda

 

Para a eleição do sucessor Sérgio Stasinski, Bordignon costurou uma aliança com um partido de direita, o PL, que indicou o vice Décio Becker, reproduzindo a parceria Lula-José Alencar na Presidência da República.

Sectário, Bordignon não é. Em nome da governabilidade, não teria pudores em trazer para o governo Levi, o ‘médico, rico, de elite, da Paragem Verdes Campos’, como já descreveu em debate nestas eleições.

 

6.

Aposta 1: participação no governo Bordignon

 

Rememorando esse histórico, seria ingenuidade pensar que Bordignon já não fez uma proposta formal e que isso não foi pauta na reunião de hoje do PSD.

Como também seria lógico considerar que Dimas se posicionou contra. Hoje é inimigo de Bordignon, a quem acusa de ter armado o esvaziamento do PT para ‘matá-lo’ na eleição.

 

7.

Aposta 2: participação no governo Marco

 

Da mesma forma que com Bordignon, deve ter sido discutida a possibilidade de participação do PSD num governo de Marco Alba, caso o TSE decida diplomar como prefeito o segundo colocado.

Em entrevista dada ao Seguinte: na Câmara, durante a primeira sessão após a eleição, o presidente João Portella disse que não havia vetos e o partido conversaria com os adversários nas eleições.

Bordignon, Marco e Anabel.

Portella via nos três potenciais apoiadores de Levi em uma nova eleição, ou lideranças com legitimidade para discutir o futuro da cidade.

Neste cenário, também dá para ter certeza de uma contrariedade: Dilamar é hoje inimigo de Marco, a quem também acusa de tê-lo tentado ‘matar’ nesta eleição, incidindo sobre sua base eleitoral.

 

8.

Aposta 3: Bordignon impugnado apóia Levi

 

Se as duas possibilidades acima foram discutidas, por óbvio o PDT e Bordignon devem ter acenado com alguma contrapartida mais sedutora. Algo como o apoio a uma candidatura de Levi a prefeito, caso os votos sejam invalidados pelo TSE.

Isso sim seria A surpresa da eleição. Bordignon apoiar Levi a prefeito. E quem sabe até indicando o vice.

 

9.

Do melhor cenário à sobrevivência

 

O leitor pode pensar:

– Mas a eleição ainda não terminou e esse PSD já está na prateleira?

Não.

O PSD se movimenta para tentar garantir um apoio presente a Levi para prefeito, apostando que Bordignon ainda é o ‘grande eleitor’ da aldeia.

Criaria uma grande expectativa de vitória de Levi nas novas eleições. 

Paralelamente, o partido articula para ganhar a Presidência da Câmara, o que também poderia garantir a Prefeitura, pelo menos interinamente, até um resultado das novas eleições.

No pior dos casos, a participação num governo poderia ser uma espécie de saída para o caso do assédio ser grande na base partidária.

Depois do PMDB a segunda bancada em número de eleitos e em votação nesta eleição, o novato PSD viu seus candidatos a vereador fazerem os mesmos 19 mil e poucos votos que fez Levi. Uma demonstração de fidelidade e de que eram organizados e bons de voto.

Mas toda essa turma ficou agora no 'Ministério do Ar'.

Como é do jogo da política, o próximo prefeito certamente vai incidir nessa base.

Principalmente Bordignon, que governará com o PDT, um partido remontado há pouco mais de um ano e ainda pequeno. Que, falando uma linguagem pragmática, terá mais facilidade em oferecer cargos no governo do que Marco Alba, seus compromissos com os atuais apoiadores e sua grande coligação.

Então, por vezes, os líderes partidários são obrigados a aceitar entrar nos governos para que os governos não esvaziem seus partidos, atraindo e filiando seus candidatos.

 

10.

Nunca e sempre

 

Mas pode nada disso ter sido discutido e nenhuma dessas propostas terem sido feitas.

E, se não está todo mundo doido, estou eu completamente.

 

LEIA TAMBÉM

Levi quer ser candidato em novas eleições

O que Dila e Dimas não querem

Presidência da Câmara: Marco entre PSDB e PSD?

Participe de nossos canais e assine nossa NewsLetter

Facebook
WhatsApp
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Conteúdo relacionado

Receba nossa News

Publicidade