opinião

Rita não esquece os golpistas; a esquerda e a cadeia

Ato político em 2011, dias antes da Câmara cassar a prefeita Rita Sanco

Rita Sanco (PT) e Cristiano Kingeski (PT), prefeita e vice cassados, divulgam nota nos 8 anos do golpeachment.

Siga na íntegra e, ao fim, comento.

 

“(…)

"A força pode esconder a verdade, a tirania pode impedi-la, mas o tempo acaba por trazer a luz. Hoje, esse tempo chegou".

Não há dúvidas!

Foi golpe sim!

Nove vereadores e uma vereadora, alinhados com interesses econômicos nada nobres, no dia 15 de outubro de 2011, em Gravataí, num total desrespeito ao voto e aos apelos de tantas lideranças de que era uma injustiça, cassaram o mandato de Rita e Cristiano.

Estavam decididos a entrar, de forma sorrateira e disfarçada, pela porta dos fundos da prefeitura! Via eleições sabiam que tinham pouca ou quase nenhuma chance de vitória.

Golpearam sabendo que o governo era reconhecidamente sério e também do seu esforço em recuperar as finanças, a manutenção da cidade e as políticas públicas. Não havia um movimento da população contra a gestão. De apoio foram inúmeros. Mas para quem não respeita a democracia pouco importava.

Se não bastasse mentir e caluniar a prefeita, o vice e até familiares de maneira inescrupulosa, os dez traidores da democracia marcaram o feito para o dia da professora, 15 de outubro, numa demonstração inequívoca do mau-caratismo e da falta de ética na forma de fazer política.

Porém não contavam com o carinho e o respeito de tantas pessoas, dirigidas a mim e ao Cristiano, fonte da força necessária para continuarmos desmascarando as falsas denúncias. Eles não conseguiram sustentar as mentiras e as verdades foram gradativamente aparecendo e nenhuma condenação existe.

FOI INJUSTIÇA!

Esse grupo de estelionatários do voto popular vão carregar por toda a vida em seu DNA a pecha de golpistas, injustos e traidores da democracia.

Não nos cansaremos de dizer do mal que causaram e dos retrocessos que patrocinaram porque é disso que se trata.

Gravataí perdeu!

Perdeu em participação popular, perdeu em políticas públicas e de inclusão, perdeu em cultura e tem o funcionalismo arrochado. E deram vez para relações e personalidades espúrias, antes ilustres desconhecidos.

Tal como veio a ocorrer no Brasil em 2016. A turma do mal ascendeu! O Brasil perdeu! O golpe sem crime contra a presidenta Dilma retira a aposentadoria, precariza as relações de trabalho, vende o patrimônio público, reduz a educação e a saúde, agride o meio ambiente e incentiva a violência.

Não nos cansaremos de dizer do mal que causaram!

Não há arrependimento que possa apagar os retrocessos que patrocinaram! GOLPISTAS!

Rita Sanco e Cristiano Kingeski

(…)”

 

Analiso.

Minha opinião sobre o processo de cassação é pública e notória. Se traduz na expressão que criei para das às coisas o nome que elas tem: golpeachment.

Sem torcida ou secação, relembro o episódio histórico de Gravataí ano a ano. Afinal, são os fatos, os chatos que atrapalham argumentos: Rita e Cristiano, até hoje, não foram denunciados em vários dos apontamentos, e restaram condenados em nenhuma das 11 ‘acusações’ do impeachment.

Foi golpe, sim. Dentro da lei, afinal o decreto de 1967 do ditador Castelo Branco foi cumprido à risca, e os ritos do processo também, por isso não houve interferência do judiciário, que respeita a autonomia dos poderes – até mexer com seu orçamento, excetue-se.

O apocalipse descrito na nota do PT é questionável. Marco Alba não faz um mau governo. Como não sou caça-cliques e tenho coragem para me posicionar mesmo contra o mau humor que permite aos políticos apenas a presunção de culpa, faz um bom governo – por óbvio, cheio de erros, mas com acertos que precisam ser maximizados porque o Rio Grande do Sul e o Brasil, empurra as responsabilidades para os municípios mesmo sendo caloteiros e, no caso do Estado, fracasso até para pagar salários de professores entre os mais baixos do país.

Não mentem Rita e Cristiano ao dizer que o funcionalismo teve salários arrochados, apesar do argumento em contrário apontar que as alíquotas complementares pagas pelo governo para a previdência dos servidores funcionam como uma espécie de ‘poupança’.

Ok, é do debate político.

Mas o que chama atenção é que Rita e Cristiano tratam Anabel Lorenzi, a candidata do PDT de Daniel e Rosane Bordignon, como um Ciro ‘O Lula tá preso, babaca!’ Gomes.

Apontam como responsáveis “nove vereadores e uma vereadora”, que foi Anabel, voto decisivo na cassação da colega esquerdista, “alinhados com interesses econômicos nada nobres”.

– Se não bastasse mentir e caluniar a prefeita, o vice e até familiares de maneira inescrupulosa, os dez traidores da democracia marcaram o feito para o dia da professora, 15 de outubro, numa demonstração inequívoca do mau-caratismo e da falta de ética na forma de fazer política – acrescentam a seguir.

Tem mais:

– Esse grupo de estelionatários do voto popular vão carregar por toda a vida em seu DNA a pecha de golpistas, injustos e traidores da democracia. Não nos cansaremos de dizer do mal que causaram e dos retrocessos que patrocinaram porque é disso que se trata.

A conclusão é um Falun Gong para qualquer utopia de aproximação daquele lado da ferradura que, como lamenta Frei Beto, “só se une na cadeia”. Se nem Bolsonaro conseguiu…

Ao fim, aguardemos a ressaca: quem semeia verbos colhe diatribes.

 

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