RAFAEL MARTINELLI

Rua Coberta de Gravataí é símbolo de como Zaffa é; O discurso

Prefeito Zaffa, na Rua Coberta / Foto Anselmo Cunha

A Rua Coberta não é só um grande símbolo do governo Luiz Zaffalon, mas também uma alegoria de quem é como prefeito, sociólogo e ideologicamente. O discurso de inauguração, na noite desta quarta-feira, diz tudo (reproduzo na íntegra ao fim deste artigo).

A obra, feita com dinheiro privado a partir da concessão pública das tradicionais praças, somada à transferência da Prefeitura do prédio histórico da Loureiro da Silva, hoje uma Casa de Cultura, para o Centro Administrativo comprado da Ulbra, muda o Centro de Gravataí.

Gostou? Achou moderno? Preferia o ontem mais bucólico? Sim ou não, foi preciso inegável coragem a Zaffa.

Cortar árvores talvez tenha sido o menos traumático, apesar da maior grita. Se ouviu críticas mais altas nas ruas pelo concreto substituir o verde, mais ainda chegaram a ele os sussurros de comerciantes com interesses contrariados e invariavelmente influenciam nas instâncias de poder.  

Fato é que Zaffa empenhou sua convicção de que a mudança no Centro traz uma sensação de pertencimento que percebe faltar aos moradores da Gravataí que vende por aí como a quarta economia gaúcha, sede da montadora de carros mais moderna do mundo e “a melhor cidade para investir e morar no Rio Grande do Sul”.

– As pessoas tem que gostar da cidade – resumiu.

– Os centros das grandes cidades morrem quando ninguém faz nada, porque as pessoas vão para os shoppings, para lugares mais seguros. Vamos transformar esse Centro lindo. Não somos uma cidade-dormitório – disse, lembrando o também polêmico decreto que ‘tombou’ o quadrilátero histórico e impede, por exemplo, a venda da Igreja Matriz.

Zaffa acredita que a Rua Coberta, que apresenta como “maior investimento urbanístico dos últimos 40 anos”, vai vingar como a cara de “uma Gravataí nova e poderosa”, como no discurso lamentou não ter acontecido no antigo Centro com o restaurante “com garçom, mesa de madeira, toalha de linho, prato de louça, talheres de boa qualidade e carta de vinhos”, ou o cinema, empreendidos por Newton Schmitz (falecido em 2021), também com a intenção de garantir aos gravataienses coisas que metrópoles tem.

 – As pessoas não sabem o que querem até mostrarmos a elas – citou Steve Jobs, como escudo para enfrentar as críticas e transformar a região central inspirado na filosofia urbana do arquiteto Jan Gehl, da “cidade para as pessoas”.

O Mercado Público completa a tríade, com a Rua Coberta e a retirada da Prefeitura do Centro. Obra que, colocando-se na ferradura ideológica como “de direita e liberal”, defendeu a construção com dinheiro da Prefeitura e concessão para exploração por empreendedor privado, sócio da Rua Coberta:

– Acredito naquele ditado que diz que se der o Deserto do Saara para o poder público administrar vai faltar areia – disse.

Ao fim, reputo a Rua Coberta e as mudanças radicais no Centro Histórico traduzem a ‘personagem Zaffa’. Goste-se ou não, autêntico é, sincericida até, como apelidei.

Assim como comentei sobre o Mercado Público-privado, observemos os humores dos gravataienses frente ao quê, mesmo não seja, no imaginário ganha as redes sociais como o selfie de uma “prioridade”, e, enquanto a História acontece, aguardemos para testar o quão visionário Zaffa é.

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Assista abaixo ao discurso de Zaffa, na inauguração da Rua Coberta, durante abertura da Feira do Livro

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