José Luis Barbosa pediu exoneração da Secretaria da Saúde de Cachoeirinha para seguir tratamento devido a sequelas da COVID-19. Juliano Paz, Chefe de Gabinete do prefeito, assume o cargo. Emiliano Cláudio Fragoso Macedo, que exercia função na Procuradoria-Geral do Município, cuidará do gabinete.
Sobre a indicação de Paz, que por ser uma das pessoas em quem Miki Breier mais confia representa quase que o próprio prefeito estar dentro da SMS, analiso em outro artigo. Neste, trato de um assunto sobre o qual eu não gostaria de estar certo, mas alertei, em 8 de agosto, no artigo 2 mil ’recuperados’ em Gravataí e Cachoeirinha; A boa e a má notícia: “Não é de todo correto os prefeitos Marco Alba e Miki Breier usarem a expressão totalmente recuperados ao informar aos moradores de Gravataí e Cachoeirinha sobre as cada vez mais mortais estatísticas do novo coronavírus. Sequelas em infectados já são uma certeza para especialistas e, o que seria uma das piores notícias da pandemia: uma brasileira pode ter sido reinfectada”.
O alerta das sequelas foi feito ainda em abril, em estudo publicado no Journal of the American Medical Association. Como reporta o HuffPost, “um relatório com 217 pacientes hospitalizados em Wuhan, na China, origem da pandemia, encontrou manifestações neurológicas em quase metade dos pacientes com infecção grave (40 de 88), incluindo complicações cerebrovasculares, como AVCs (acidente vascular cerebral), encefalopatias e lesões musculares.
De acordo com pesquisa publicada na revista especializada Neurology, fenômeno semelhante foi observado na Espanha, um dos países europeus mais atingidos pela covid-19. De 841 pacientes internados em dois hospitais na cidade de Albacete, 57,4% desenvolveram um ou vários sintomas neurológicos.
No Brasil, um levantamento feito pela Unicamp com 504 pacientes mostra que “aproximadamente 70% persistem com queixas mesmo após terem se ‘curado’ da infecção por COVID”, de acordo com a neurologista Clarissa Lin Yasuda, responsável pelo estudo. Desse grupo, 90% teve quadro leve e não chegou a ser internado”.
À reportagem, a presidente do Conselho Diretor do Instituto de Medicina Física e Reabilitação Lucy Montoro, a fisiatra Linamara Battistella, que tem trabalhado diretamente com pacientes na reabilitação pós-covid, estima que entre 50% e 60% tenham sintomas como “confusão mental, perda da concentração, da memória, e depressão”.
De acordo com ela, que alerta para os riscos de uma “síndrome pós-covid”, como ocorreu com a SARS, em 2003, e a MERS, em 2012, ambas causadas pelo SARS-Cov-1, esses tipos de distúrbios têm sido transitórios até o momento, apesar de frequentes.
Um quadro mais grave do pós-covid é aquele que desenvolve um tipo de fadiga que impede a pessoa de realizar as tarefas que antes eram parte da rotina. Ainda há dúvidas sobre o que causa esse quadro, semelhante ao da chamada síndrome da fadiga crônica, mas esse é o perfil de paciente que tem sido atendido pelos serviços de reabilitação”.
Ao fim, repito a conclusão de agosto, agora com uma confirmação batendo à porta do prefeito: “É compreensível prefeitos venderem esperança em meio à tragédia. Mas, atrás das câmeras da lives, para além de comemorar que mais da metade dos pacientes estejam “totalmente curados”, Marco Alba e Miki Breier tem a responsabilidade de investigar os casos e se preparar para o pior: a reabilitação de sequelas e, caso comprovada a reinfecção, novas ondas da COVID-19 até a descoberta de uma vacina eficaz”.
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