Não é que faltem investidores querendo apostar em Gravataí: falta é saber quem vai mandar na cidade nos próximos anos. Enquanto TSE não decide, tudo anda em suspensão
O negócio mais notório é o novo shopping do Zaffari, ali na 59. Já foi anunciado, tem projeto em análise na Prefeitura mas… está parado. Há um problema com vizinhos que ainda está pendente, é verdade. Trata-se da abertura de ruas que os lindeiros ainda não chegaram a um acordo para resolver. Mas a empresa aguarda a definição da situação para negociar com o prefeito eleito uma solução para o impasse.
– Eles não nos disseram isso claramente, mas dá para entender que seja assim – conta Luiz Zaffalon, secretário do Governo Marco Alba.
E completa:
– Não tem nada de presídio ali. Nunca se falou nisso.
É a resposta à especulação que surge vez ou outra, aqui e ali, já que o Zaffari assinou há pouco mais de um mês uma acordo com o Estado para ficar com a área onde hoje está um prédio da Fundação de Recursos Humanos. O terreno é vizinho ao Shopping Praia de Belas, na Capital.
Pelo acordo, o Zaffari deve construir um presídio na Região Metropolitana.
Alguém lembrou do terreno em Gravataí e do atraso para o início das obras e ligou os pontos.
– Mas não tem nada disso. Todos os projetos em análise na prefeitura são para o shopping que já foi anunciado para empresa.
Lembram da GM?
Em 1996, a GM havia anunciado a instalação de uma fábrica em solo gaúcho e, logo após as eleições, chamou os prefeitos eleitos das cidades que estavam na disputa pelo empreendimento para ampliar as negociações. Guaíba e Gravataí, especialmente.
– Eles queriam compromissos da nova administração – já disse Daniel Bordignon, o prefeito eleito da época, em mais de uma ocasião.
De certa forma, os investidores dispostos a apostar em Gravataí querem fazer o mesmo: saber como o novo governo vai se comportar, seja ele o mesmo de agora ou um que o substitua.
Construção depende de regras não escritas
Uma das áreas que depende – e muito – de uma definição da política é a da construção civil e dos empreendimentos imobiliários.
– Um projeto de um condomínio grande, por exemplo, é complexo por natureza. E muitas das pendências que surgem não estão previstas na lei objetivamente. Se há possibilidade de troca no comando do governo, o investidor aguarda. O entendimento que vale hoje pode não ser o mesmo amanhã – conta um construtor que prefere não ser identificado.
– Novidades nessa área de preservação ambiental, por exemplo, evoluem mais rápido do que a legislação da construção. Às vezes leva-se meses para convencer os técnicos de um governo sobre um determinado assunto. Ninguém vai arriscar um investimento de milhões de reais para ter que refazer tudo em janeiro e atrasar o início das vendas.
Centro Administrativo: cronograma da reforma acabou mantido
Proprietários de prédios locados para a Prefeitura também colocam essa preocupação sobre a mesa. O dono do prédio onde fica o Centro Administrativo Leste, por exemplo, cogitou adiar uma reforma no imóvel até uma definição sobre o novo governo. Foi convencido a reformar agora. Não à toa, o prédio é conhecido por quem o frequenta como "Carandirú".
Construído na década de 60, tem banheiros precários e quase nenhuma acessibilidade. Um único elevador pequeno e uma escada estreita atendem a cinco andares onde trabalham mais de 800 servidores públicos, com atendimento de mais de 1,5 mil pessoas por dia.
– Isso já foi apontado inclusive em relatório do Ministério Público – comenta Zaffalon.
Enquanto a reforma acontece, duas das principais secretarias do governo devem se mudar para um prédio ao lado: a Saúde e a Educação.

: Prédio construído na década de 60 abriga todo o Centro Administrativo Leste





