opinião

Silêncio é pena capital para prefeito afastado em Viamão; o herói incômodo

André Pacheco, prefeito de Viamão

Apostar na inesquecível falta de memória do eleitor não é um bom conselho para André Pacheco, prefeito de Viamão afastado na Operação Capital, que tratei nesta quarta no artigo Prefeito de Viamão, 5 secretários e vereador afastados por suspeita de corrupção, publicado pelo Diário de Viamão e em Político de Gravataí envolvido em suspeita de corrupção em Viamão, no Seguinte:.

Em tempos de ‘Grande Tribunal das Redes Sociais’, em que o mau humor do eleitor não permite aos políticos nada além da presunção de culpa, o silêncio condena.

André não foi preso.

Não está em isolamento.

E já deve estar com algum outro celular, além de seus telefones particular e funcional apreendidos pelos promotores de Justiça da Procuradoria de Prefeitos e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).

Conforme a determinação do Tribunal de Justiça, que o afastou por 180 dias, durante o período ele fica proibido de entrar no prédio da Prefeitura, em secretarias e autarquias e também de manter conversas com o vereador e os cinco secretários afastados, além das testemunhas do processo.

Com sua população André pode falar.

Entendo que deva.

Mais: é uma obrigação como prefeito eleito em 2016 com 56.739 votos (quase seis em cada dez eleitores aptos a ir às urnas).

Não se exige explicações técnicas e minuciosas, até porque o próprio Ministério Público, conforme disse o procurador-geral de Justiça do RS, Fabiano Dallazen, só vai apontar o grau de envolvimento de cada um em corrupção no momento em que a denúncia for apresentada à justiça.

O que será feito ao fim do prazo, anotem.

Aqui não entro no mérito da Operação Capital, porque não a conheço em detalhes e não vi uma prova sequer, já que estão em segredo de justiça.

Diferentes graus de sigilo são parte da estratégia dos promotores. Basta ir ao Google e pesquisar operações Brasil afora. Vazam o que lhes é interessante e usam da temperatura social para validar a aceitação de suas acusações.

Bastaria a André dizer:

– Sou inocente.

Consultei sua assessoria novamente nesta quinta e o prefeito opta por ainda não se manifestar.

Entendo que, com os ares de escândalo emprestados à Operação Capital, com um ‘ninguém entra, ninguém sai’ da Prefeitura, André tenha como primeiro temor não ser alvo de um pedido de prisão quando a denúncia for entregue pelo MP à Justiça.

Nem falo sobre capital político, porque é o óbvio ululante: se não conseguir uma liminar para voltar ao cargo, André ficará por seis meses longe da caneta. É tempo suficiente para seu vice, Valdir Jorge Elias, o Russinho, agora transformado em prefeito, curtir operá-la, seja Bic, ou MontBlanc.

Em política, candidaturas começam a ruir por dentro, quando os aliados abandonam o Titanic. Se o prefeito afastado não confirmar que segue candidato à reeleição, já vai ter (combinemos: já teve) gente ligando para Geraldinho Filho para dizer como ele é competente, inteligente e bonito.

Mas aí é preciso 'combinar com os russos', como dizia Garrincha.

André precisa falar. O silêncio é pena capital na política.

Ao fim, principalmente em meses de tensão pré-eleição, está sempre presente no imaginário de adversários e aliados aquela millôriana:

– Diante do herói incômodo só resta um recurso: fuzilá-lo e erguer-lhe um monumento.

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