O Seguinte: teve acesso a mensagem enviada pela central sindical italiana do setor para o presidente do Sindicato dos Borracheiros de Gravataí Flávio de Quadros comunicando que os sindicalistas pressionarão a direção mundial da Pirelli a não fechar a fábrica gaúcha, que em dois anos deixará 900 trabalhadores desempregados, nove em cada dez deles gravataienses.
Siga o original em inglês, depois traduzo e comento.
“(…)
Dear President Flavio,
We are sad to receive this news. We stand with you in your efforts to reverse the company’s decision.
IndustriALL will write to the company management in Italy and publish a website article calling for a change of heart.
Please keep us informed of any developments.
In Unity,
Tom Grinter I Director
Chemicals and Pharmaceuticals, Pulp and Paper, Rubber Industries
(…)”
“(…)
Caro Presidente Flavio
Estamos tristes por receber esta notícia. Estamos com você em seus esforços para reverter a decisão da empresa.
A IndustriALL escreverá para a administração da empresa na Itália e publicará um artigo no website pedindo uma mudança de opinião.
Por favor, mantenha-nos informados sobre quaisquer desenvolvimentos.
Na unidade,
Tom Grinter I Diretor
Química e Farmacêutica, Papel e Celulose, Indústrias de Borracha
(…)”
Analiso.
A mensagem de Tom Grinter, diretor da Chemicals and Pharmaceuticals, Pulp and Paper, Rubber Industries, não é pouca coisa. Parabéns ao presidente do sindicato gravataiense, que ainda negocia com a empresa a estabilidade nos empregos até 2021, data em que a irredutível Pirelli da o ciao a Gravataí.
A central sindical é representante de todo setor da borracha no país sede da empresa italiana, cuja marca vale mais do que as fábricas.
E uma saída inexplicável, implacável e que representa uma tragédia social – apenas para obter mais lucro produzindo em Campinas, com apenas um terço dos funcionários, pneus de maior valor agregado – pega muito mal para a grife Pirelli.
Como já tratei no artigo Pirelli, uma fábrica em depressão; entenda o que está acontecendo, os indicadores de produção, que antes do anúncio feito de Milão para Gravataí chegavam aos 102%, hoje não passam de 70%, longe dos 90% mínimos para os trabalhadores ganharam participação nos lucros e resultados.
Há, no chão da fábrica, além da depressão, um sentimento de revolta e, por que não, vendeta.
Natural para aqueles que têm, se garantida a estabilidade de emprego, dois anos para trocar um dos empregos dos sonhos dos trabalhadores de Gravataí, com R$ 12 mil de PPR, por salários mínimos no comércio ou subempregos, isso para quem conseguir vagas num país com 13 milhões de desempregados.
Fato, aquele chato que atrapalha argumento, que as demissões coletivas só são permitidas hoje, como se demissão de uma só pessoa fosse, graças ao artigo 477 A da reforma trabalhista de Michel Temer.
Solidarizo-me à turma da borracha:
– Che schifo, Pirelli!
Volto amanhã ao tema que – se ainda não interessou a Eduardo Leite, governador de um estado que em 2000 turbinou a Pirelli com incentivos fiscais que talvez nem aquele que senta na cadeira principal do Piratini saiba dimensionar perdas e danos – representa R$ 6 milhões a menos para Gravataí a cada ano e arruína a vida de mais de 3 mil pessoas.
Entre a venda de parafusos, acorda governador!
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