Sei que um poema é pouco porte
Pra esse tempo de dor e morte
Mas o aceite como flores
Como um corte
Como um espelho
Não o receba como um conselho
O receba como tradução da almacoração
Oculto no peito de um pássaro se esquivando de um disparo
E sobrevivendosobrevoando a cidade válvula
O receba como um abraço de mega megatons
O receba pra engoli-lo
Entre a solidão e o vacilo
Da boca que azula
O receba como banana mel
O receba pra comê-lo
Pra bebê-lo
O receba com as pupilas dilatadas
Em gozo
Mas não o receba em gás lacrimogênio
Da segurança pública
O receba como o hálito dos primeiros namorados
amoradas
O receba como descoberta
Mas não de forma lúdica
E sim de forma selvagem
e
Desperta
O receba à margem
Pois esse poema é uma grande ferida aberta.