RAFAEL MARTINELLI

Sob ameaça de cassação, vereador Fernando Deadpool denuncia ao vivo médico que atenderia crianças “doidão” em Gravataí; O picadeiro, o leão e a prevaricação

Fernando Deadpool fez denúncia na Real News

Não se recolheu atrás da capa o vereador Fernando Deadpool (União Brasil), mesmo sob ameaça de cassação pela Câmara, como tratei nos artigos Bomba política em Gravataí: Cláudio Ávila aciona Comissão de Ética que pode cassar Deadpool. Simers faz denúncia por ações nas UPAs; “Vão tentar me calar, prezo por minha segurança”, reage vereador, Pedido de comissão de ética para vereador Deadpool por ação em UPAs opõe Bombeiro e Cláudio Ávila: “Gravataí já sofreu um golpe político no passado e não deixaremos que isso se repita”, diz em notaMolecagens irresponsáveis do vereador Deadpoool de Gravataí ainda podem lhe custar o mandato.

Em programa na rádio Real News, de Canoas, na noite desta terça-feira, o vereador revelou ao comunicador Wagner Andrade ter recebido denúncia de médica de que um pediatra trabalha “doidão”, “sob influência de alguma coisa” em UPAs de Gravataí.

– Isso é tudo em off, eu não posso atestar, são informações que nos passaram (…) nós fomos até a UPA e uma pediatra disse que (…) esse médico, que estava escalado para trabalhar e não foi, cumprindo a outros interesses (…) supostamente ele vem trabalhar doidão aqui (…) ele vem trabalhar sob influência de alguma coisa – contou o parlamentar, ao vivo e sem dar nomes.

Assista ao trecho e abaixo sigo.

Grave, muito grave.

Com a fé pública que lhe veste o cargo, o vereador informou ao vivo que recebeu a informação, de uma médica que atua na rede municipal de saúde, que outro médico, que atende crianças de Gravataí, cumpriria expediente, pago pela Prefeitura, “doidão”, “sob influência de alguma coisa”.

Na manhã desta quarta, questionei Fernando Deadpool se já tinha feito a denúncia formalmente.

– Não tínhamos comprovação disso, apenas uma pediatra que disse – respondeu pelo WhatsApp o vereador que, durante o programa, também em mensagem, foi desmentido pelo secretário da Saúde Régis Fonseca sobre ter pedido audiências formalmente.

Na reunião que teve com lado dos secretários municipais de Segurança, Flávio Lopes; da Saúde, Régis Fonseca, e a Procuradora-Geral do Município, Janaína Balkey, a diretora do Simers, Daniela Alba, representantes da diretoria da Santa Casa e o delegado da Polícia Civil, Juliano Ferreira, para tratar da atuação do vereador, o prefeito Luiz Zaffalon já tinha pedido à Polícia Civil “que identifique o médico que pratica este crime”.

– Certamente o vereador tem as provas daquilo que afirma. Afinal é dinheiro público e é um serviço público essencial e caríssimo à toda população. Não podemos conviver com um profissional criminoso como afirma o vereador – disse Zaffa, que também pediu reforço no policiamento nas UPAs, “para tranquilizar os profissionais, que estão com medo de agressões derivadas do método e das postagens”.

– Existe ainda outros problemas resultantes deste comportamento: os profissionais tem medo das agressões sofridas e, agora, até do risco de coisa muito pior; pessoas que usavam as UPAs para pediatria buscam hoje o Hospital (Dom João Becker), desarrumando o sistema; e há números e depoimentos corroborando com este fato, além de, conforme as entidades de classe, ficar cada vez mais complicado encontrar profissionais para trabalhar na cidade, devido à forma como são tratados – relatou o prefeito, após a reunião do dia 27 de dezembro, que rendeu publicidade paga do Simers, o sindicato dos médicos, nos principais jornais do RS denunciando a atuação do vereador na fiscalização da saúde.

Ao fim, torna-se cada vez mais necessário o processo na Comissão de Ética da Câmara, até para subsidiar uma sindicância na Prefeitura para apurar a conduta do tal profissional.

Reputo uma molecagem a denúncia ter sido feita pelo vereador em um programa de rádio, ao vivo, o que provavelmente aterroriza famílias que precisam do SUS em Gravataí.

Se um picadeiro foi armado ontem para Fernando Deadpool ser o belo trapezista, resta hoje aquele cara que, quando animais eram explorados em circos, chicoteou o leão.

Não teria o vereador prevaricado, que é quando o servidor público não cumpre sua função, ao não denunciar em órgãos competentes algo de tamanha gravidade, para que fosse possível uma investigação e punição, e não apenas render elogios em um programa que lhe tratou como herói?


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