Se for foder, use camisinha.
Seria um bom slogan para Gravataí, se a solução fosse chocar, como explicou a secretária da Saúde de Quaraí, Fabiana Saldanha, sobre a campanha de planejamento familiar que viralizou nas redes sociais com a dica “Só tenha os filhos que puder criar: não tem condições emocionais, pessoais e econômicas? Pense bem antes de ter filhos! #AEscolhaÉSua”.
Até porque, se natalidade não é problema, e conforme a Agenda 2020 a população de crianças cairá dos 21% atuais para menos de 12%, em 2050, Porto Alegre e o Vale do Gravataí puxam o ranking da Aids e doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) com metade dos casos registrados no Rio Grande do Sul.
Uma rápida pesquisa feita pelo Seguinte: mostra que, apesar de uma pequena fila para laqueaduras, sobram preservativos, anticoncepcionais, DIU, vasectomias, vergonha e preconceito.
Neste ano, 15 homens fizeram vasectomia pelo SUS em janeiro, 24 em fevereiro, 31 em março e 36 em abril. A capacidade mensal é de 50 procedimentos.
Portanto, sobra em média metade da capacidade de atendimento.
O homem, a partir de 25 anos, com estabilidade conjugal, sai da palestra obrigatória com o procedimento ambulatorial, e que não demora mais de 30 minutos, já agendado pela Secretaria da Saúde para as duas semanas seguintes.
Anticoncepcionais comuns também nunca faltam.
O DIU é colocado, com ou sem ecografia, tanto no Centro de Diagnóstico que fica ao lado do Pronto Atendimento 24 Horas, como na Policlínica.
E também sobra.
Só a laqueadura tem fila. E de apenas 14 pacientes, com uma espera que não chega aos dois meses.
E o procedimento só não é mais rápido porque as irmãs do Dom João Becker têm suas travas religiosas e não querem credenciar o único hospital da cidade, jogando as interessadas para a rede de Porto Alegre.
Os preservativos se acumulam no estoque da Prefeitura.
Isso que há disponibilidade de cerca de 100 mil por mês, masculinos e femininos (esse com procura quase zero e 45 mil armazenados), em todas as unidades de saúde, 24H, UPA, Creas, Cras, em palestras de Sipat, campanhas específicas e em caixas tipo 'pegue-e-leve' no banheiro do shopping.
– Precisamos derrubar dogmas. O preservativo além da contracepção impede o contágio de DSTs – resume Alessandro Lindner, médico que é diretor técnico da Secretaria da Saúde de Gravataí.
Sobre o poder público exercer o, como descrevia Foucault, ‘biopoder’ e a ‘administração de corpos’, ao se meter na vida das pessoas em relação aos filhos que se quer ter, ou evitar, a maioria dos especialistas ouvidos pela mídia considerou que a polêmica campanha de Quaraí remonta ao fascismo e não há relatos da regulação dos direitos reprodutivos ter funcionado em lugar algum.
Fato é que em Gravataí sobram contraceptivos.
36007467 é o telefone do Centro de Diagnósticos.