RAFAEL MARTINELLI

Sobre Zaffa e Dr. Levi no palanque do Bolsonaro em Gravataí

Zaffa e Levi participaram de ato no Parcão de Gravataí, no 7 de setembro

Leitores pedem uma análise sobre a participação do prefeito Luiz Zaffalon (MDB) e do vice Dr. Levi (Republicanos) em ato a favor de Bolsonaro, no 7 de setembro, o que reportei em Zaffa e Levi apoiam ato pró-Bolsonaro em Gravataí; ‘Gente que não tem lado nem o inferno quer’.

Reputo há pouca, ou nenhuma surpresa, ao menos para quem acompanha a política de Gravataí.

Zaffa, que já tinha antecipado ao Seguinte: apoio a Bolsonaro em um eventual segundo turno, apenas promoveu a dissidência em primeiro turno (que tem peso por comandar a segunda maior prefeitura do MDB no Rio Grande do Sul), ao não seguir a deputada estadual Patrícia Alba e o ex-prefeito e seu ‘Grande Eleitor’ Marco Alba no apoio à presidenciável do partido, Simone Tebet, que eleitoralmente não confirmou como ‘terceira via’.

Está lá em Zaffa diz pela primeira vez que é candidato à reeleição em Gravataí e indica voto em Bolsonaro em segundo turno.

Dr. Levi também. Postei em Dr. Levi confirma votos publicamente: é Patrícia e Marco Alba, Mourão e Bolsonaro; ‘Faço parte de um projeto em Gravataí’, diz vice-prefeito.

Só quem não conhece Zaffa apostaria não ser ele capaz de apoiar até um “imbecil” a votar no PT; e há o pragmatismo da política, que coloca no ‘outro lado’ seus adversários na reeleição que já disse ao colunista Chico Pereira ser seu objetivo em 2024.

Já o casal Alba, por óbvio, sabe que enfrentará os pesos e contrapesos políticos de se posicionar frente à polarização; e ao menos nas redes sociais já experimenta cobrança por parte de eleitores para aderir ao bolsonarismo em um segundo turno, como o fizeram em 2018, o que também analisei há meses em ‘Madrinha gaúcha’, Patrícia Alba acompanha presidenciável Simone Tebet em reunião com empresários em Brasília; Sinuca com bola 8, 13 e 22.

“Tu te tornas eternamente responsável pelo que cativas”, está não em A Arte da Guerra, de Sun Tzu, ou em O Príncipe, de Maquiavel, e sim no ‘livro das misses’, O Pequeno Príncipe, de Saint-Exupéry. E, na campanha por Zaffa, em 2020, Marco fez live até com Vilmar Matos, da Vip Veículos, o bolsonarista raiz que diz que Bolsonaro é um enviado de Deus.

É a mesma análise que fiz sobre Dimas Costa (PSD), na campanha pela Prefeitura em 2020, quando renegou o passado lulista e ficou ‘atrás do muro’; e, dos Grandes Lances dos Piores Momentos, hoje é o político um apoiador de Tebet e tem, até em seu carro estacionado na frente do comitê, além de sua propaganda com o 55, o 15 da presidenciável.

Fato é que, quanto mais próxima a eleição, mais os eleitores se interessam por saber em qual ‘inferno’ – para usar uma referência de Zaffa – escolhem queimar seus candidatos.

Mas tudo isso é da democracia.

O que achei nojento no 7 de setembro – e é justo registrar que Zaffa e Levi não estavam mais no palco – foi o vídeo machista, que também divulguei, com a música machista apresentada pelo dj durante a festa bolsonarista no Parcão de Gravataí, e, fui me informar, estreou em uma ‘Marcha pela Família’.

Diz trecho: “…dou para CUT pão com mortadela e para as feministas ração na tigela / As minas de direita são as top mais belas, enquanto as de esquerda têm mais pelo que cadela…”.

É uma misoginia que não difere do que aconteceu na Esplanada dos Ministérios.

Aí, associo-me ao lugar de fala da própria Tebet, uma das mulheres presidenciáveis, na crítica ao machismo.

No Twitter, a candidata classificou como “vergonhosa e patética” a fala do presidente após beijar a primeira-dama Michelle Bolsonaro e puxar um coro de ‘imbrochável’.

– No Dia da Independência do Brasil, o presidente mostra desprezo pelas mulheres e sua masculinidade tóxica infantil. Como brasileira e mulher, me sinto envergonhada e desrespeitada. Além de pária internacional devido à falta de segurança e estabilidade política, agora o país também vira motivo de chacota pelas falas machistas do seu líder, que deveria dar exemplo. O Brasil não merece o governo que tem – postou.

Ao fim, é como disse o jornalista João Paulo Charleaux:

– É tudo muito Brasil. Parece um filmaço do Glauber Rocha. Tem toda essa cafonália colossal, gente despencando do céu, um psicopata no poder falando do próprio pênis, tudo no meio de uma campanha eleitoral, coração de Dom Pedro. É tudo muito mórbido e irônico.

Acrescento, apesar de naturalizado e sem perspectivas de punição, também foi criminoso, já que os crimes – neste caso, eleitorais – de Bolsonaro parecem incontestáveis no sequestro ainda golpista do 7 de setembro, se não por abuso de poder econômico, de poder político; como até The Economist mancheteou ao mundo.

Fato é que Bolsonaro, com a multidão que reuniu, mesmo que ainda não tenha subsídio fático, numérico, para ser negacionista de pesquisas eleitorais, pode parafrasear Mussolini e dizer “não inventei o bolsonarismo, já estava dentro dos brasileiros”. De quantos, as urnas eletrônicas mostrarão.

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