SEGURANÇA

Soldado americano, artistas famosos: idosos são os principais alvos do ‘golpe do amor’; saiba como agem os criminosos

Operação Dom Quixote, em 2024

O chamado golpe do amor tem se tornado uma ameaça crescente para idosos, segundo a Polícia Civil do Rio Grande do Sul. Homens que se passam por soldados americanos ou artistas famosos, assim como cuidadores que seduzem idosos para se apropriar de seus bens, estão entre os métodos utilizados por estelionatários. Os casos acontecem tanto virtualmente, por redes sociais e aplicativos de relacionamento, quanto presencialmente, em relações entre idosos e cuidadores.

De acordo com a delegada Ana Caruso, titular da Delegacia de Proteção ao Idoso, os golpistas exploram a fragilidade emocional de quem busca um novo amor. “Embora qualquer pessoa em dificuldade emocional possa ser vítima, os idosos são mais vulneráveis, especialmente quando sofrem de solidão e buscam afeto nas redes sociais”, afirma.

Golpe do soldado americano e artistas falsos

No chamado golpe do soldado americano, o criminoso se aproxima da vítima virtualmente, utilizando fotos em uniformes militares e inventando histórias convincentes. Após criar vínculo afetivo, solicita valores para encontros que nunca acontecem. “Todo o contato é mantido pela internet. A vítima deposita dinheiro, e o golpista sempre encontra desculpas para protelar o encontro”, explica a delegada.

O mesmo ocorre com criminosos que se passam por artistas famosos, criando perfis falsos, copiando fotos e histórias para enganar a vítima e extorquir dinheiro. Caruso alerta: “A maneira de se proteger é desconfiar de relacionamentos baseados em ajuda financeira. O amor na terceira idade existe, mas cautela é sempre necessária.”

Cuidadores e estelionato amoroso

Os golpes também ocorrem presencialmente, especialmente envolvendo cuidadores e idosos. Segundo a delegada, há duas situações: quando o idoso apresenta demência ou senilidade, pode acreditar que o cuidador é um parceiro romântico (nesses casos, os criminosos convencem a vítima a pagar por cursos inexistentes, furtam bens ou fazem transferências) e quando o idoso é lúcido e maior de idade, a atuação policial é limitada.

“Se ele escolhe se relacionar com alguém mais jovem e presenteá-lo, não há crime, mesmo que a família desaprove. Mas estelionatários conseguem dilapidar patrimônio, e o estrago é grande”, alerta Caruso.

Operação Dom Quixote

Em 2024, a Polícia Civil deflagrou a Operação Dom Quixote, em parceria com as Polícias Civis de São Paulo e Ceará. A ação investigou crimes de estelionato qualificado, associação criminosa e lavagem de dinheiro envolvendo um grupo que se passava por mulheres estrangeiras para extorquir um idoso de 71 anos. Entre 2022 e 2023, os criminosos obtiveram aproximadamente R$ 2 milhões em prejuízo da vítima.

O delegado Anderson Pedro Riedel, coordenador da operação, informou que foram bloqueados cerca de R$ 80 mil entre valores e bens dos investigados. Ao final do processo, caso haja condenação, o valor será destinado à vítima. Foram identificados 13 suspeitos, com seis prisões, e apreendidos documentos, aparelhos eletrônicos e cartões bancários.

Como se proteger

A Polícia Civil orienta a população, especialmente idosos, a:

  • Desconfiar de contatos com desconhecidos em redes sociais;
  • Evitar relacionamentos baseados em ajuda financeira;
  • Registrar ocorrência imediatamente, presencialmente ou pela Delegacia on-line;
  • Reunir todos os documentos possíveis, como mensagens, e-mails e comprovantes de pagamento, para auxiliar a investigação e eventual ressarcimento.

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