RAFAEL MARTINELLI

Sucessão em Gravataí: problema não é entre Zaffa e Marco Alba por candidatura a prefeito. Pode ser Dr. Levi; O biquíni da eleição

Zaffa, Marco Alba e Dr. Levi na festa da vitória na eleição de 2020

O principal problema político do governo para a sucessão em Gravataí não é a combinação entre o prefeito Luiz Zaffalon (MDB) e o ex-prefeito Marco Alba (MDB) para decidir o candidato em 2024, mas pode ser um desejo do atual vice, Dr. Levi Melo (sem partido), concorrer à Prefeitura.

Perguntei e Levi não respondeu até o fechamento deste artigo. Entretanto, políticos de governo e oposição já trabalham com a hipótese nos bastidores de uma eleição que já começou.

Uma candidatura de Levi atrapalharia o governo, como aconteceu em 2016, quando foi candidato, e avançou no eleitorado do então prefeito Marco Alba, levando a uma derrota para Daniel Bordignon (PT), na eleição que foi anulada devido à suspensão dos direitos políticos do ex-prefeito.

Na eleição suplementar de 2017, Levi apoiou Marco, que foi reeleito com uma diferença de apenas 4 mil votos sobre a segunda colocada, a vereadora Rosane Bordignon, esposa de Daniel.

Nesta sexta, circulou a informação de que, em um encontro casual com dois políticos, Luciano Oliveira, presidente do PTB de Gravataí, contou que convidou Levi para se filiar no Mais Brasil, partido que surgirá a partir da fusão com o Patriotas; e o vice-prefeito teria manifestado a vontade de concorrer à Prefeitura.

Liguei para Luciano, que confirmou o encontro e o convite para filiação, apesar de não avançar na candidatura de Levi “para não criar crise”.

– Vamos ouvir o que Levi quer. Fazemos parte de projeto que dá certo desde o governo Marco Alba – disse, lembrando que, antes da confirmação do nome de Zaffa em 2020, “o Marco nos convenceu de que Levi deveria ser o candidato a prefeito”.

À época, Levi aparecia com quase 20% das intenções de voto nas pesquisas e Zaffa, depois escolhido e eleito com 51,4% dos votos, com pouco mais de 1%.

Após a conversa, Luciano Oliveira enviou nota pelo WhatsApp. Reproduzo e, abaixo, sigo.

“(…)

Dr. Levi tem uma bela história e uma trajetória política, com muitas realizações e contribuições para o desenvolvimento de nossa cidade, como também é muito atuante nas comunidades de Gravataí, sempre ajudando as pessoas, uma pessoa solidária, prestativa, e um exemplo de cidadão e pai de família, sem dúvida que qualquer partido gostaria de ter o Dr. Levi atuando nos seus quadros, neste sentido, estamos conversando sobre essa possibilidade.

Mas com relação ao Dr. Levi concorrer para Prefeito, isso não é pauta da nossa conversa, recentemente o PTB, agora MAIS BRASIL 25, na sua confraternização de final de ano (encontro realizado em dezembro de 2022), contando com a participação de filiados e das principais lideranças do partido no município, reafirmou seu compromisso com Governo Municipal do Prefeito Luiz Zaffalon do MDB.

Repito agora a mesma fala que fiz naquela confraternização, que nosso partido é parceiro do MDB e participa do governo municipal desde 2011, que acreditamos na proposta desde o início e sabíamos, sem sombra de dúvida, de que seria a melhor opção para resgatarmos o caminho do desenvolvimento para o nosso município, algo que se concretizou, e que continuaremos acreditando e contribuindo. Gravataí tem sido muito bem administrada pelo MDB, com destaque para o ex-prefeito Marco Alba, que, por meio de sua excelente gestão transformou Gravataí. Agora, da mesma forma, o prefeito Zaffa, vem dando continuidade ao trabalho de Marco Alba, realizando entregas para a população de Gravataí, entregas que tem também a participação do PTB.

(…)”

Sigo eu.

Mesmo com a popularidade com que Marco Alba encerrou o governo em 2020 – de mais de 80% conforme pesquisas – e a aprovação no mesmo nível da gestão Zaffa, uma eventual candidatura de Levi obviamente deve preocupar o projeto do MDB manter uma hegemonia política que vem desde 2011, com a ascensão de Acimar da Silva (em memória) à Prefeitura após o golpeachment contra a prefeita Rita Sanco (PT).

É uma questão matemática, uma divisão de eleitorado de ‘centro-direita’, que pode ajudar o ‘centro-esquerda’ – apesar de desunido nas últimas quatro eleições para a Prefeitura, agora aproximado pela vitória de Lula.

Conhecendo o ‘pelé da política da aldeia’, Marco Alba se já não está tratando, vai cuidar de evitar a crise.

Ao fim, lembrou-me uma do Millôr, essa conversa toda: “O biquíni é o triunfo do nada, a vitória da suposição absoluta. Baseado em quê, ninguém sabe. Apoiado onde, nunca ninguém vai saber. Vê-se-o sem que exista, admite-se-o onde não está, é sem ser e só adquire aparência de existir na retórica que o circunda.  E bota retórica nisso!”.


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