Chico Pereira, jornalista que dá os furos positivos do governo, publicou nota reportando que Luiz Zaffalon (PSDB) e Dimas Costa (PSD) estão “cada vez mais próximos”.
A postagem em seu Facebook é ilustrada por foto que mostra o prefeito e o secretário adjunto dos Esportes do Estado, durante o Rua Aberta deste domingo, admirando o jornal “Eu Amo Gravataí”, encomendado pelo PSDB com uma prestação de contas do governo – e que, a título de curiosidade, tem o mesmo nome de jornal distribuído por Dimas em 2023.
Na última semana, Dimas afirmou ao Seguinte: que seguia “candidato como sempre”; leia em Os efeitos da candidatura de Dimas na federação partidária de Bordignon; É dia de DR no lulismo de Gravataí.
Como tenho informado em uma série de artigos a única forma admitida por Dimas para desistir da candidatura é ser chamado para assumir como deputado estadual.
Ou era.
Dimas segue dizendo que é candidato, mas vamos a um exercício de lógica: é candidato o político que, após anunciar que nos próximos dias lançaria a candidatura, posa para foto, no maior evento público da cidade, ao lado de um adversário, alimentando a ‘fofoca interminável’ de uma aliança?
Restam a incógnitas: funcionou o “me chama” de Dimas e o governador Eduardo Leite (PSDB), ou os seus operadores, garantiram que ele será deputado? Zaffa usou de outras seduções políticas? Ou Dimas teme não conseguir estruturar uma candidatura solo?
Como brinca um político, há algo na água de Gravataí que permite tudo na política da aldeia, inclusive uma aliança MarxDonalds, entre (ao menos nas últimas duas eleições) um eleitor de Bolsonaro e outro de Lula, ambos unidos pelo ‘nem-nem’ de Leite.
É a Real Politik, para usar uma expressão sofisticada.
Reputo Zaffa, se conseguir atrair Dimas, é quem mais ganha. Se a parceria se traduzirá em votos, pesquisas indicarão e só a urna confirmará.
Já animicamente, não tenho dúvidas de que o prefeito reforça a campanha pela reeleição ao atrair o apoio do segundo colocado na eleição de 2020.
Fato é que Dimas ‘tem vila no corpo’ e é bom na campanha de rua.
O movimento também mais ajuda do que atrapalha Daniel Bordignon (PT), que vira o candidato exclusivo de centro-esquerda, do lulismo, e não teria mais a ameaça dos simpáticos a ter Dimas como candidato da Federação Brasil Esperança, que reúne PT, PV e PCdoB; leia em também em Os efeitos da candidatura de Dimas na federação partidária de Bordignon; É dia de DR no lulismo de Gravataí.
Consequentemente, só parece ruim para Marco Alba (MDB), que em pesquisas que vi em 2023 liderava a disputa pela Prefeitura e, aparentemente, ganhava com a divisão de candidaturas.
Ao fim, o dilema de Dimas – e a ‘fofoca interminável’ – lembram-me uma do Millôr.
“Pessoas se perguntam – ocasionalmente me perguntam – em quem confiar no momento em que não se confia na própria sombra, nem na luz que faz sombra? Mas convém ser assim pessimista?, pergunto eu. Tem sempre um lado bom. Ontem mesmo eu vi um cara (não via há muito tempo mas é até meu amigo, não digo o nome porque pode ocasionalmente ler este quadrado e achar que estou dedurando ele, embora essa deduragem seja para apontá-lo pelo que é, um raro e extraordinário homem de bem) que serve. Pude examiná-lo durante algum tempo, simpático como sempre, saudável, esse homem culto, claro de ideias, experiente, generoso, olha – pensei – esse é capaz de salvar o Brasil. Mas por que estava correndo desse jeito àquela hora da noite?”.
