A velha direita está fazendo na Argentina o mesmo movimento feito no Brasil em 2018, quando tucanos, a elite empresarial e o conservadorismo sem pai nem mãe, com a perda de força do PSDB, jogaram-se nos braços de Bolsonaro.
O ex-presidente Mauricio Macri e Patricia Bullrich, a candidata do Juntos pela Mudança, derrotada no primeiro turno, decidiram apoiar formalmente Javier Milei, o fascista que empacou com 30% do eleitorado desde as prévias de agosto.
Repete-se, como tango, o que aconteceu no Brasil como moda sertaneja. João Doria, Aécio Neves, Eduardo Leite e Romeu Zema, entre outros, transformaram-se em cabos do bolsonarismo, ao lado de grileiros, militares, milicianos, banqueiros, desmatadores da Amazônia e assassinos de indígenas.
Depois, quando viram que poderiam perder politicamente, alguns deles saltaram fora. Mas ficaram marcados na testa como apoiadores de uma figura que cometeu quase todos os crimes previstos no Código Penal.
Macri e Patricia correm esse risco, com um detalhe: é possível que lá a decisão de apoiar Milei não funcione como aqui, porque o eleitorado pode não fazer o mesmo movimento das lideranças.
As primeiras pesquisas têm resultados discrepantes. Levantamento do instituto Proyección mostra Massa com 44% dos votos, contra 34% de Milei.
A mesma pesquisa revela que 15% dos eleitores de Patrícia Bullrich apoiam Massa; um pouco mais (24%) apoiam Milei, mas mais da metade diz que não sabe (22%), que votará em branco (19%) ou que não irá (22%).
Outra pesquisa, da CB Consultoria, informa em direção contrária: Milei tem 50,7% dos votos válidos e Massa tem 49,3%.
Um dado importante é que a União Cívica Radical, partido de centro, mas que vinha se alinhando à direita macrista e que apoiou Patricia no primeiro turno, decidiu não apoiar ninguém no segundo.
Mas seus dirigentes tornaram pública a insatisfação com o fato de Macri e Patricia terem aberto o voto para Milei. Vamos ver o que acontecerá depois do primeiro debate na TV, que ainda não foi marcado.
Torcida
Não é por ignorância, é só por torcer contra o peronismo e tudo que eles chamam de esquerda.
‘Analistas’ de economia dos jornalões temem a eleição de Sergio Massa porque ele é do partido de Cristina Kirchner.
Mas Massa é do centro do peronismo e considerado até de direita pelo kirchnerismo mais à esquerda. Mas os ‘analistas’ não querem saber.
Eles acham que, com Massa, a Argentina vai manter o peronismo no poder, e isso seria ruim para o liberalismo.
Dizer que Massa é de esquerda é mais ou menos como afirmar que Geraldo Alckmin é socialista.
Eles queriam Patricia Bullrich, torcendo pela volta do macrismo. Mas o macrismo saiu esfacelado da eleição.