RAFAEL MARTINELLI

TBT no palanque do bolsonarismo-raiz não é por acaso: a ‘bolsonarização’ de Zaffa

Zaffa postou 3tbt nesta quinta-feira

O prefeito Luiz Zaffalon (PSDB) postou #tbt nesta quinta-feira lembrando sua presença no palanque do bolsonarismo-raiz de Gravataí na eleição de 2022. Neste artigo, também posto o meu, sobre aquele dia que guardou algo mais que constrangedor, nojento.

Antes, vamos ao #tbt do prefeito.

Nada na política é por acaso. Nem Zaffa comparar-se a Loureiro da Silva ao receber troféu com o nome do ex-prefeito, dedicado ontem a ele pelo comunicador Chico Pereira.

Zaffa disse, na entrega durante a reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (Codes), que Loureiro saiu do PTB por obra de Leonel Brizola, “o dono do partido”.

Apresentou uma obvia narrativa sobre seu rompimento com Marco Alba (MDB), que seu ‘Grande Eleitor’ de 2020 contrapõe considerando “traição”.

Mas voltemos ao #tbt.

Segunda, o PL, partido de Jair Bolsonaro, não teve a confirmação de Alba de que indicaria o vice e lançou José Capaverde candidato à Prefeitura; leia em Partido de Bolsonaro vai ter candidato à Prefeitura de Gravataí; A esquerda agradece.

Ao noticiar o lançamento, a coluna de Rosane Oliveira, em GZH, confirmou que o ex-prefeito negocia com o PP, partido que hoje integra a base de Zaffa.

No palanque do #tbt, ao vice-prefeito Dr. Levi Melo (Podemos), restava também o vereador Policial Evandro Coruja, do PP, bolsonarista-raiz e fiel a Zaffa principalmente após a instalação em Gravataí da escola cívico-militar rural.

Fato é que, com sua postagem, o prefeito, mesmo filiado ao partido do governador Eduardo Leite (PSDB), que delirantes extremistas consideram de “esquerda”, abana para o bolsonarismo e afaga Coruja e sua seita, com quem espera contar caso perca o PP.

O Seguinte: ainda não tem pesquisas registradas em 2024, o que me impede de analisar publicamente números deste ano, conforme a legislação eleitoral.

Mas reposto uma análise que fiz sobre os potenciais efeitos de uma bolsonarização de Marco Alba, porque pode valer agora para Zaffa. Escrevi em III Guerra Política de Gravataí: Marco Alba e a foto com o candidato bolsonarista; ‘Mito’ pode não ser mais um bom cabo eleitoral:

(…) Reputo o inelegível pode não restar mais um bom cabo eleitoral; nem na Gravataí que em 2018 deu 70% e, em 2022, 60% dos votos para o ‘mito’.

Pesquisa a qual tive acesso, relativa a última quinzena de agosto de 2022, mostra que, ao responder sobre uma eventual candidatura apoiada por Bolsonaro 44% dos eleitores entrevistados responderam que a chance de votar “diminui”; 29,1%% “aumenta”; 23,5% não muda e 3% “não sabe/não opinou”.

No agrupamento do potencial de voto, Leite tem 36% de “aumenta”, 44% de “não muda” e 16% de “diminui”. Lula tem 35% de “aumenta”, 25% de “não muda” e 37% de “diminui” .

Gravataí é inquestionavelmente uma cidade conservadora em sua ‘elite’. Entre os pobres e remediados, que decidem eleições, nunca é uma certeza(…).

Zaffa e Chico Pereira, na entrega do troféu em reunião do Codes, no Teatro do Sesc


Ao fim, qual meu #tbt?

Reproduzo abaixo o que escrevi naquele dia, porque também entendo que é preciso relembrar acontecimentos daquele palanque, para não esquecer com o que estamos lidando.

Siga o texto de Sobre Zaffa e Dr. Levi no palanque do Bolsonaro em Gravataí, artigo cuja conclusão foi respondida, ao menos naquele ano: parafraseando Mussolini, o bolsonarismo não estava dentro da maioria dos brasileiros.

(…) O prefeito Luiz Zaffalon (MDB) e o vice Dr. Levi (Republicanos) participaram de ato a favor de Bolsonaro, no 7 de setembro, o que reportei em Zaffa e Levi apoiam ato pró-Bolsonaro em Gravataí; ‘Gente que não tem lado nem o inferno quer’.

Reputo há pouca, ou nenhuma surpresa, ao menos para quem acompanha a política de Gravataí.

Zaffa, que já tinha antecipado ao Seguinte: apoio a Bolsonaro em um eventual segundo turno, apenas promoveu a dissidência em primeiro turno (que tem peso por comandar a segunda maior prefeitura do MDB no Rio Grande do Sul), ao não seguir a deputada estadual Patrícia Alba e o ex-prefeito e seu ‘Grande Eleitor’ Marco Alba no apoio à presidenciável do partido, Simone Tebet, que eleitoralmente não confirmou como ‘terceira via’.

Está lá em Zaffa diz pela primeira vez que é candidato à reeleição em Gravataí e indica voto em Bolsonaro em segundo turno.

Dr. Levi também. Postei em Dr. Levi confirma votos publicamente: é Patrícia e Marco Alba, Mourão e Bolsonaro; ‘Faço parte de um projeto em Gravataí’, diz vice-prefeito.

Só quem não conhece Zaffa apostaria não ser ele capaz de apoiar até um “imbecil” a votar no PT; e há o pragmatismo da política, que coloca no ‘outro lado’ seus adversários na reeleição que já disse ao colunista Chico Pereira ser seu objetivo em 2024.

Já o casal Alba, por óbvio, sabe que enfrentará os pesos e contrapesos políticos de se posicionar frente à polarização; e ao menos nas redes sociais já experimenta cobrança por parte de eleitores para aderir ao bolsonarismo em um segundo turno, como o fizeram em 2018, o que também analisei há meses em ‘Madrinha gaúcha’, Patrícia Alba acompanha presidenciável Simone Tebet em reunião com empresários em Brasília; Sinuca com bola 8, 13 e 22.

“Tu te tornas eternamente responsável pelo que cativas”, está não em A Arte da Guerra, de Sun Tzu, ou em O Príncipe, de Maquiavel, e sim no ‘livro das misses’, O Pequeno Príncipe, de Saint-Exupéry. E, na campanha por Zaffa, em 2020, Marco fez live até com Vilmar Matos, da Vip Veículos, o bolsonarista raiz que diz que Bolsonaro é um enviado de Deus.

É a mesma análise que fiz sobre Dimas Costa (PSD), na campanha pela Prefeitura em 2020, quando renegou o passado lulista e ficou ‘atrás do muro’; e, dos Grandes Lances dos Piores Momentos, hoje é o político um apoiador de Tebet e tem, até em seu carro estacionado na frente do comitê, além de sua propaganda com o 55, o 15 da presidenciável.

Fato é que, quanto mais próxima a eleição, mais os eleitores se interessam por saber em qual ‘inferno’ – para usar uma referência de Zaffa – escolhem queimar seus candidatos.

Mas tudo isso é da democracia.

O que achei nojento no 7 de setembro – e é justo registrar que Zaffa e Levi não estavam mais no palco – foi o vídeo machista, que também divulguei, com a música machista apresentada pelo dj durante a festa bolsonarista no Parcão de Gravataí, e, fui me informar, estreou em uma ‘Marcha pela Família’.

Diz trecho: “…dou para CUT pão com mortadela e para as feministas ração na tigela / As minas de direita são as top mais belas, enquanto as de esquerda têm mais pelo que cadela…”.

É uma misoginia que não difere do que aconteceu na Esplanada dos Ministérios.

Aí, associo-me ao lugar de fala da própria Tebet, uma das mulheres presidenciáveis, na crítica ao machismo.

No Twitter, a candidata classificou como “vergonhosa e patética” a fala do presidente após beijar a primeira-dama Michelle Bolsonaro e puxar um coro de ‘imbrochável’.

– No Dia da Independência do Brasil, o presidente mostra desprezo pelas mulheres e sua masculinidade tóxica infantil. Como brasileira e mulher, me sinto envergonhada e desrespeitada. Além de pária internacional devido à falta de segurança e estabilidade política, agora o país também vira motivo de chacota pelas falas machistas do seu líder, que deveria dar exemplo. O Brasil não merece o governo que tem – postou.

Ao fim, é como disse o jornalista João Paulo Charleaux:

– É tudo muito Brasil. Parece um filmaço do Glauber Rocha. Tem toda essa cafonália colossal, gente despencando do céu, um psicopata no poder falando do próprio pênis, tudo no meio de uma campanha eleitoral, coração de Dom Pedro. É tudo muito mórbido e irônico.

Acrescento, apesar de naturalizado e sem perspectivas de punição, também foi criminoso, já que os crimes – neste caso, eleitorais – de Bolsonaro parecem incontestáveis no sequestro ainda golpista do 7 de setembro, se não por abuso de poder econômico, de poder político; como até The Economist mancheteou ao mundo.

Fato é que Bolsonaro, com a multidão que reuniu, mesmo que ainda não tenha subsídio fático, numérico, para ser negacionista de pesquisas eleitorais, pode parafrasear Mussolini e dizer “não inventei o bolsonarismo, já estava dentro dos brasileiros”. De quantos, as urnas eletrônicas mostrarão (…).


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