Thiago De Leon confirma a pré-candidatura à Prefeitura de Gravataí. Restavam dúvidas no meio político, mesmo que o vereador em primeiro mandato e presidente o PDT municipal tenha anunciado que concorreria ainda no ano passado; leia em O empoderamento de De Leon, candidato a prefeito de Gravataí; O copo Stanley e o alambrado das próximas eleições.
Grande surpresa da eleição de 2022, como tratei em #DasUrnas | Thiago De Leon foi a grande surpresa da eleição em Gravataí, o sociólogo sinaliza uma campanha sem ataques aos adversários, apostando em, com seus 28 anos, e influência no que chama ‘social media’, se apresentar como a cara nova em uma eleição onde deve ter adversários veteranos, como o prefeito Luiz Zaffalon (PSDB) e os ex-prefeitos Marco Alba (MDB) e Daniel Bordignon (PT), além de poder entrar no vácuo que pode ser deixado por Dimas Costa (PSD), caso o secretário-adjunto dos Esportes do Estado, Dimas Costa (PSD), não concorra e apoie a reeleição de Zaffa.
De Leon, para usar uma expressão comum na política, parece se colocar como o ‘bom moço’ na eleição de 2024.
Siga a entrevista ao Seguinte:, que De Leon pediu para responder por e-mail.
Seguinte: – És candidato a prefeito?
De Leon – A cidade e os gravataienses precisam de uma alternativa inovadora, que esteja disposta a fazer e romper com aquilo que gestões anteriores não fizeram. As pessoas me pedem, o partido me pede. A nossa candidatura à prefeitura é uma consequência do trabalho que desempenhamos. Em 2020, 1.683 pessoas confiaram em mim. Menos de dois anos depois, em 2022, 16.773 pessoas acreditaram no nosso projeto. 2024 é o ano de apresentar uma alternativa viável para toda cidade.
Seguinte: – PDT e PSB formam, ou formavam o bloco na Câmara? Como fica com Diego da Veiga Lima lançado candidato a prefeito pelos socialistas e conversando com Bordignon, como possibilidades de ser vice?
De Leon – Embora nossos partidos tenham muitas afinidades programáticas, temos questões políticas, que ao longo do percurso vão sendo ajustadas. PDT e PSB na Câmara, constituem um grupo de oposição à atual gestão. A candidatura de Diego da Veiga Lima é bem-vinda, sobretudo com potencial para uma composição de chapa majoritária junto ao PDT. O fato é que precisamos formar possibilidades e ter dentro do mesmo campo de convergência alternativas e possibilidades para tirar o governo que aí está.
Seguinte: – Bordignon tenta atrair também o PDT para uma ‘união das esquerdas’. Tem possibilidade?
De Leon – O PDT assim como no final do ano passado, permanece aberto ao diálogo. Entendemos que Daniel teve méritos em sua gestão, mas já fazem 20 anos desde seu último governo, o tempo passou, a cidade se desenvolveu e as pessoas mudaram e querem um projeto que represente seus atuais anseios. O PDT em nível municipal e estadual defende que nosso nome esteja à frente da chapa. O PDT possui candidaturas com potencial de vitória em Alvorada, Viamão, Porto Alegre, Guaíba entre tantos outros municípios. Dentro dessa perspectiva, Gravataí não poderia ficar alheio a este movimento.
Seguinte: – Circula no meio político a especulação de que podes ser vice de Marco Alba. O ex-prefeito inclusive curtiu postagem sua (veja print abaixo). Há conversas?
De Leon – A gestão de Marco foi importante para o desenvolvimento da cidade. Assim como há diálogo aberto com outros partidos, sempre que fomos procurados, buscamos o melhor para a cidade, respeitando os anseios da população bem as diretrizes estatutárias do PDT. Sendo assim, é necessário levar em consideração o cenário descrito anteriormente, do papel de destaque do PDT à frente nas candidaturas em dezenas de municípios do Rio Grande do Sul.
Seguinte: – E com o prefeito Luiz Zaffalon, há chance de aproximação, como acontece com Dimas Costa?
De Leon – Cada um é senhor de sua própria história. Dimas escolheu seu caminho e respeito sua trajetória. O PDT é oposição ao governo municipal, neste momento, há mais divergências do que convergências com a atual administração. Visto o histórico de enfrentamento diário que travamos junto à minha principal luta que é a educação. Cabe ressaltar que a gestão de Zaffalon teve importantes contribuições para o município, assim como as outras administrações. Entretanto, deixa a desejar em áreas que consideramos cruciais, sendo desta forma, um caminho dificultoso para uma eventual composição.
Seguinte: – Não temes que, não concorrendo a vereador, o PDT possa não eleger bancada na Câmara?
De Leon – O PDT já possui uma nominata completa desde janeiro de 2024. Sendo os nomes atuais detentores de muita história e trabalho pela cidade. Estes, já totalizam uma votação para eleger pelo menos duas cadeiras na próxima legislatura, permitindo disputar a sobra e colocar a terceira vaga. Nossa atual nominata se aproxima da votação total desempenhada em 2020, que permitiu atingirmos as três cadeiras para Vereador, sendo a terceira, a da sobra.
Seguinte: – Doas metade do salário para escolas. Fará o mesmo como prefeito? O que responde às críticas (leia em Vereador de Gravataí doar salário é bom para escolas e ruim para política) de que essa ação é elitista, antipolítica, já que, como tens condições financeiras, podes fazer, mas pobres que querem participar da política, não?
De Leon – A doação de metade do meu salário é uma demonstração do porquê estou na política. Não é para enriquecimento ou qualquer outro objetivo que não seja o do desenvolvimento social e apoio à educação. Com isso, conseguimos destinar mais de 160 mil reais para realização de melhorias nas escolas. A manutenção do meu compromisso de doação é natural, pois independe do cargo eletivo que estiver ocupando. É um compromisso social. Seria antipolítica se eu desacreditasse nas políticas públicas, mas é por isso que exerço meu trabalho de legislador, para garantir direitos essenciais às escolas e também de agente fiscalizador, para exigir junto às escolas estes direitos. Antipolítica é não se importar. Eu me importo e estou nas escolas batendo de porta em porta. As escolas vivem uma situação de abandono, de descaso e é preciso ter estômago para conviver com a realidade às quais as diretoras e professoras precisam suportar, sem mencionar os alunos. Essas pessoas não tem mais condições de esperar meses ou anos para que a Prefeitura tome uma atitude, por isso minha doação se faz necessária. Mas, para que assim seja, precisamos de uma prefeitura que se importe com a educação e este será meu foco assumindo a Prefeitura.
Seguinte: – Como te colocas ideologicamente em uma cidade que deu 6 a cada 10 votos para Bolsonaro?
De Leon – Luto pela diminuição das barreiras da desigualdade social, por meio da educação e do emprego, por isso, me considero um progressista. Como professor, sei que a educação possui papel central no desenvolvimento e crescimento da sociedade como um todo. Mas sem deixar de olhar para quem produz, pois o emprego possui papel central para atingirmos esse objetivo. A valorização dos servidores é imprescindível para concretização disso tudo, com um estado eficiente e que atenda às demandas da população. Entendo que a polarização da eleição de 2022 não guiará o voto na eleição de 2024. Nas eleições municipais, o que prevalece é a satisfação de necessidades materiais cotidianas das pessoas, já nas eleições nacionais, a incidência ideológica é muito maior. Sendo assim, entendo que o impacto da polarização será diminuto e se restringirá a um percentual muito baixo na urna.
Seguinte: – Qual principal bandeira da tua campanha?
De Leon – Nossa campanha versará sobre um tripé ancorado nas seguintes temáticas: na saúde, temos o objetivo de zerar as filas de espera para cirurgias e procedimentos de menor complexidade, modernização do atendimento, bem como lutar para aquisição de recursos visando a construção de um novo hospital. Na educação, zerar a fila de espera por creches que as mães enfrentam e resolver a problemática da educação especial no município, bem como a melhoria do plano de carreira dos servidores. Por fim, na área econômica, a criação de incentivos para instalação de grandes empresas, combinado a uma ampla oferta de cursos de profissionalização para o ingresso de jovens e adultos com mão de obra especializada, assim ampliando a disponibilidade de empregos e capacitação do povo gravataiense.