O Seguinte: pediu e jornalistas, colunistas e articulistas gremistas que tem ou já tiveram alguma relação com a região estão mandando artigos sobre o tri. Esse é do Carlos Dickow
Quem me conhece, sabe que eu gosto de cerveja, e muito. Os amigos do Seguinte:, que foram meus camaradas de tantos anos, nos tempos de Grupo CG, sabem bem desse detalhe, e teriam ficados surpresos se tivessem acompanhado a conquista do tricampeonato da América comigo, na noite de quarta-feira.
A tensão pela proximidade de um título que não era conquistado há 22 anos me consumiu ao ponto de os primeiros goles praticamente ficarem entalados na garganta – talvez por conta do grito de “é campeão!” que, eu sabia, seria liberado logo após o jogo contra o Lanús.
Também precisei dividir a atenção com a minha filha Lívia, de um ano e três meses, que começou a caminhar e já está dando trabalho, indo para todos os lados e se acostumando a puxar tudo que vê pela frente para o chão.
Como estávamos na casa de amigos, em Venâncio Aires, onde moro e trabalho atualmente, não dava para facilitar, senão teria prejuízo.
Pai, uma coisa que eu nem imaginava ser quando o Grêmio viveu os grandes momentos da década de 90. Eu, na juventude, tinha liberdade para fazer o que quiser. Nos anos 2000, já por Gravataí e Cachoeirinha, as coisas não foram muito fáceis para o Tricolor. Mais acompanhava os colorados, que gozavam momentos de glórias, do que propriamente o Grêmio. Pois a gangorra parece ter virado justamente em uma fase diferente da minha vida.
Casado com a Cassiane, pai da Lívia, adaptado a Venâncio Aires e prestes a ocupar pela primeira vez a minha própria casa. Apesar da estabilidade do momento, foi magnífico reviver os momentos de aflição de outros tempos, foi tri massa ser tricampeão. Teria sido legal também estar com o Roberto Gomes, Rafael Martinelli, Silvestre Silva Santos, Roque Lopes e outros tantos colorados que devem ter comido todas as unhas na noite de quarta, coisa que talvez a gente possa combinar para o fim do ano, agora, quando estivermos no Mundial. Seria um excelente motivo para voltarmos a nos reunir. A carreata por aqui foi gigantesca e até por volta das 5h. Mesmo com 125 quilinhos, atualmente, consegui pular, correr, filmar a festa e agitar a Lívia, na tentativa de que ela se apegue ao Grêmio. Foi demais, pois todos sabem o quanto é difícil chegar – e vencer – uma final de Libertadores.
Valeu, galera! Vou ali tomar uma porque a garganta tá seca de novo. Hoje eu tiro o atraso.
Carlos Dickow é jornalista e gremistão.