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Trevo na 103 e acesso ao distrito: por que obras não andam

Entroncamento onde deveria ser construída uma rotatória, na RS-030, de acesso à estrada Artur José Soares, continua só com parte das obras que foram começadas e abandonadas em seguida por falta de pagamento pelo estado.

A temperatura era de 16 graus, ventava bastante e a chuva era iminente, quando o prefeito Marco Alba (MDB) apostou sua assinatura em papel cheio de letras e cláusulas, firmando convênio com o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) e autorizando a empreiteira RGS Engenharia a dar início aos trabalhos.

Isso foi exatamente há um ano. Ou melhor: os 367 dias se completaram há 10 dias, no dia 2 de julho. Naquela ocasião, em 2018, o prazo era de 180 dias (para quem tem problemas com a matemática: exatos seis meses) para que a construção de uma rotatória no encontro da estrada Artur José Soares com a RS-030, altura da parada 103, ficasse pronta.

Seis meses a contar de 2 de julho, vejamos!

2 de agosto, um mês.

2 de setembro, dois meses.

2 de outubro, três meses.

2 de novembro, quatro meses.

2 de dezembro, cinco meses.

2 de janeiro deste ano, seis meses.

E o que aconteceu? A obra parou. Foi lá por meados de dezembro.

Por quê?

Porque o governo do estado deixou de repassar o dinheiro para pagamento da empreiteira que, sentindo-se prejudicada, literalmente levantou acampamento. A alegação era de que estava faltando dinheiro no caixa do tesouro estadual.

Na verdade, o pessoal do Piratini “tirou o pé do acelerador” na reta final do ano passado – e do governo do José Ivo ‘gringo’ Sartori (PMDB) – preparando a posse dos novos mandatários, comandados pelo então eleito Eduardo Leite (PSDB).

Obra iniciada e parada é dinheiro jogado fora. Porque o que não se estraga por causa da chuva, do sol, do trânsito de veículos, é quebrado por ação de vândalos ou levado para obras em casa por quem se julga no direito de tomar posso do que não é dele.

 

Entrou em campo

 

Foi aí que o prefeito de Gravataí vestiu as chuteiras, entrou em campo e foi aos seus conhecidos e amigos do Daer e da secretaria estadual de Logística e Transportes, chefiada por Juvir Costella, um ex-deputado até então bem chegado aos caciques emedebistas da aldeia.

O que Marco Alba propôs lá no começo de abril deste ano, quatro meses depois do prazo em que a inauguração da obra deveria ter acontecido – depois de ouvir que a rotatória tardaria ainda por causa da falta de dinheiro – foi adiantar os recursos necessários para que a empreiteira retomasse os trabalhos.

O prefeito Marco Alba se propôs adiantar para a RGS Engenharia cerca de R$ 1,5 milhão devidos pelo estado, dos pouco mais de R$ 2 milhões orçados para realização da obra completa. Depois, o governo do estado (claro, tudo com papel assinado e firma reconhecida!) devolveria o dinheiro aos cofres da prefeitura da aldeia. Um negócio simples, uma transação normal.

Seria simples, e normal, se uma senhora chamada ‘burrocracia’ não jogasse contra o progresso e o desenvolvimento e não tivesse entrado solando, meio de carrinho, atingindo as canelas do prefeito Alba e seus companheiros de time. Jogo parado, aliás, nem foi reiniciado. E o juiz nem dá falta e sequer mostra cartão amarelo para quem não deixa a construção ser retomada lá na parada 103 da RS-030.

— Esta é uma obra que já deveria estar pronta mas, infelizmente, desde outubro a empresa não recebe do estado, embora a contrapartida que é de responsabilidade do município já tenha sido cumprida. A nossa parte está rigorosamente em dia — disse o secretário de Mobilidade Urbana, Alison Silva.

 

PARA SABER

 

A participação financeira do governo do estado na construção da rotatória na RS-030, acesso à estrada Artur José Soares, é uma contrapartida ao investimento federal na construção do maior conjunto residencial popular do Sul do Brasil, com 2013 moradias, o loteamento Breno Jardim Garcia.

 

Parado no tempo

 

A solicitação feita pelo prefeito Marco Alba para que o município pudesse legalmente adiantar as parcelas devidas pelo estado para ser ressarcido depois ainda está tramitando no Daer, confirmou o secretário Alison para o Seguinte:, nesta semana.

— Tranquilamente a 70 ou 80 dias que a gente (governo do município) se colocou a disposição, passamos por diversos setores, e hoje estamos aguardando o “ok” da junta financeira, necessário porque se trata de um contrato com valores acima de R$ 1 milhão — revelou.

Segundo Alison, a obra é de fundamental importância porque circulam naquele entroncamento, hoje, cerca de 10 mil veículos a mais do que os 15 mil anotados há mais de um ano e quando as primeiras moradias do Loteamento Breno Jardim Garcia ainda não haviam sido entregues aos novos moradores.

 

IMPORTANTE

 

1

Na conversa com a reportagem do Seguinte: na tarde de quarta-feira, cerca das 15h, o secretário Alison disse que a empresa RGS Engenharia continuava no canteiro de obras, realizando trabalhos, mas com poucos operários.

 

2

Tão logo a reportagem deixou a sala do secretário no quinto andar do Centro Administrativo do Parque dos Anjos (o popular Carandiru) se deslocou ao local da obra. Não foi encontrado nenhum operário ou máquina realizando qualquer trabalho.

 

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O DAER

 

Na manhã desta quinta foi encaminhado e-mail com pedido de informações pertinentes ao tema, à assessoria de comunicação do Daer.

A (não) resposta:

— Infelizmente não poderemos responder tua demanda neste prazo porque os engenheiros responsáveis por esta questão estão fazendo uma vistoria em obras.

 

Outra novela

 

Também tende a ter vários capítulos a nova novela que envolve Gravataí e que tem como protagonista (até então, no texto acima e referente à parada 103, era jogador!) o prefeito Marco Alba. O enredo se baseia na pressão que Alba tem exercido junto aos amigos e companheiros – ou ex-companheiros e nem tão amigos – de partido que estão no governo de Eduardo Leite, do estado.

O chefe do Executivo de Gravataí, depois que o município encampou o trecho da RS-030 desde a RS-118 e até a quase ex-fábrica da Pirelli e fez a duplicação da via que passou a se chamar oficialmente avenida Centenário, até as pontes do Parque, quer agora que as autoridades estaduais tirem seus traseiros das estofadas cadeiras e autorizem a construção de um entroncamento decente no ‘trevo da morte’.

O local – assim chamado por muitos pela sequência e frequência de graves acidentes ocorridos – é o entroncamento da RS-118 com a avenida Centenário ou com o acesso ao Distrito Industrial pela avenida Plínio Gilberto Kroeff, tudo isso a cerca de 100 metros, por aí, do trevo com a BR-290, a Freeway, que leva tanto para a região Norte do país quanto para Porto Alegre e o Centro-Sul do Rio Grande do Sul.

— Aquilo ali é uma verdadeira ‘roleta russa’ — chega a dizer o secretário de Mobilidade Urbana, Alison Silva, referindo-se à falta de planejamento viário no trecho e o risco que representa para os motoristas que diariamente necessitam cruzar aquele ponto, especialmente nos horários de pico.

 

Os projetos

 

O governo do estado diz que tem um projeto para equacionar todos os problemas naquele entroncamento, mas é obra cara sob o ponto de vista financeiro já que envolve a construção de viadutos e novas alças de acesso a eles. Projeto, aliás, complexo porque tem que contemplar a Centenário, a Plínio Kroeff, a Freeway e a nova avenida que está surgindo aos poucos, da rua das Andorinhas e bem diante do complexo de hotel-posto-restaurante Radar.

Alison não acredita que o projeto que está no Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem, o Daer, tenha recursos programados para seu custeio dentro da verba de R$ 131 milhões obtidas na forma de financiamento junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDS) para acabar de vez com a duplicação da RS-118 até o final do ano que vem. Assim sendo, até que haja dinheiro suficiente e disponível, vai demorar um bom tempo.

— Enquanto isso, ou seja, enquanto a obra não for executada e terminada, os acidentes vão continuar acontecendo — sustenta o secretário.

Justamente para evitar que aquele trecho da 118-Centenário-Plínio Kroeff-Freeway se torne uma pista de carro-choque de um parque (neste caso não é de diversões) dos horrores, a Prefeitura também tem um projeto. Foi elaborado pela paulista Tranzum, que há alguns anos assessora o município e da soluções aos imbróglios do trânsito.

É um projeto imediatista.

É um projeto paliativo.

Mas é bem mais barato e fácil de implantar.

 

Semaforizado

 

O que o município tem planejado envolve o alargamento da RS-118 com criação de mais uma pista em ambos os sentidos da via, além da implantação de um conjunto de semáforos capaz de regular o trânsito conforme o fluxo de veículos. Se está mais intenso em uma direção, a central semafórica dá mais vazão nesta direção. Se o volume é maior para o lado oposto, a central ajeita de novo.

Sem contar a criação de espaços que servirão como recuos para que os motoristas, ao volante de seus carros, esperem o momento certo de cruzar esta ou aquela pista para chegarem aos seus destinos.

— A nossa proposta é alternativa e envolve um complexo todo semaforizado, com restrição a alguns acessos sem que isso implique em qualquer prejuízo à entrada e saída de veículos do município — diz o secretário.

 

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EM VÍDEO

 

Confira a entrevista (clicando na imagem abaixo) do secretário Alison Silva sobre os entroncamentos da RS030 na parada 103 e da RS-118 no acesso ao Distrito e avenida Centenário.

 

No gabinete

 

O próprio prefeito Alba e seu staff foram à Superintendência de Estudos e Projetos do Daer no começo do mês passado e entregaram proposta de solução emergencial e regramento do fluxo de veículos naquele entroncamento. Foi uma iniciativa que se deu por conta da constante insatisfação e medo da comunidade de Gravataí, principalmente dos motoristas, em ter que trafegar pelo local, justificou o governo, na ocasião.

De notícia publicada pelo Seguinte: na época:

— É uma solução de curto prazo, onde a Prefeitura instala semáforos, o que reduzirá consideravelmente o número de acidentes registrados no local. Não há semana em que não tenhamos algum registro de acidente ali, inclusive com mortes. Precisamos fazer algo para proteger a nossa comunidade e os motoristas que por ali passam — apelou Marco Alba.

Neste projeto apresentado pela Prefeitura ao órgão estadual há, inclusive, o tempo que os semáforos terão de ter para que o trânsito tenha fluidez tanto na RS-118 quanto na Avenida Centenário.

— Neste caso, o Daer precisaria intervir minimamente, fazendo mais uma pista de rolagem, sinalização e outras poucas ações que resolveriam emergencialmente o nosso problema de segurança ali — apontou o prefeito.

 

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Estrada Artur Soares

 

Essa é de agora à tarde. E já que o assunto é estrada, entroncamentos e afins…

A assessoria de comunicação da Prefeitura distribuiu nota agora à tarde informando do fechamento de trecho da estrada Artur José Soares ao trânsito de veículos, temporariamente.

Confira a informação e veja abaixo os gráficos da Secretaria de Mobilidade sobre o local que ficará fechado ao trânsito e a rota alternativa.

 

— A Prefeitura de Gravataí informa que a Avenida José Arthur Soares, nas proximidades da interseção com a ERS-030, ficará fechada a partir da próxima segunda-feira, 15, para obras na ponte sobre o Arroio Passo da Caveira.

 

Os técnicos de trânsito da Prefeitura recomendam que os motoristas façam um desvio pelas ruas Dona Cledi, Chico Xavier e Neiva da Costa. Segundo o secretário de Obras Públicas Paulo Martins, será feita a substituição da ponte, que tem problemas estruturais, por uma galeria de concreto.

 

A previsão é que o trecho fique fechado por cerca de 20 dias.

 

O local:

 

A opção:

 

 

 

 

 

 

 

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