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Tudo sobre o debate das acusações

A troca de acusações entre os candidatos presentes deixou em segundo plano a ausência do prefeito e as críticas ao governo de Marco Alba (PMDB), no encontro entre os candidatos à Prefeitura de Gravataí, promovido pelo SPMG Sindicato na noite desta quarta-feira.

A senha de que a política estava no wi-fi do ambiente, lotado de professores, funcionários e apoiadores das candidaturas, já foi dada no ligar dos microfones pela presidente recém eleita ao apresentar a nova diretoria do sindicato que representa os trabalhadores em educação pública.

– Num período difícil para a democracia no país, de um golpe não apenas em um grupo político ou partido, mas em cima da classe trabalhadora, não podemos deixar de fazer nossa parte – convocou Vitalina Gonçalves, aplaudidíssima ao chamar a categoria a “ocupar as ruas” e aderir à “greve geral” do dia 22 “para dizer não” à reforma da previdência e à PEC 241 “que congela investimentos em saúde e educação por 20 anos”.

– Porque respeitar a democracia é respeitar mandatos e respeitar entidades de classe – insistiu Vita, após explicar a ausência do prefeito, “que disse que não viria, depois quis vir, mas as candidaturas não aprovaram a alteração das regras”, e chamar os integrantes da diretoria para entregar um documento com reivindicações da categoria a, em ordem alfabética, Anabel Lorenzi (PSB), Daniel Bordignon (PDT), Dr. Levi Melo (PSD), Rafael Linck (PSOL), Sadao Makino (PSTU) e Valter Amaral (PT).

– Esperamos que em 1º de maio de 2017, quando sentarmos para negociar o dissídio, o próximo prefeito ou prefeita não diga que não conhece nossa plataforma, ou que ela é absurda – provocou, sob mais aplausos, a combativa dirigente que é diretora da Central Única dos Trabalhadores (CUT) no Rio Grande do Sul, uma das líderes gaúchas do movimento Frente Brasil Popular e preside o sindicato pela terceira vez.

Para tentar colocar o leitor lá no caldeirão político que ferveu em solo santo no salão paroquial da Igreja Matriz, o Seguinte: conta detalhes de como o que era para ser uma explanação de propostas para a educação virou, como disse uma das testemunhas presentes, um UFC Gravataí.

A seguir, em numeradas, grandes lances, piores momentos, e grandes lances dos piores momentos.

 

 

1.

Quando Anabel Lorenzi (PSB) começou sua apresentação, a sensação era de que o encontro dos prefeituráveis seria calmo como foi o de segunda-feira, organizado pelo Conselho de Cultura.

Algo ao estilo “homens e mulheres que só dizem sim”, onde todos prometem isso e aquilo, e se alguém parar para somar, só com um orçamento do tamanho de São Paulo para fazer tudo.

(nesta observação, nada a ver com os gastos em diárias da Câmara, a maior que o legislativo paulistano).

Mas, se houve também muitos “sins” aos professores, de mornidão a noite de quarta não teve nada.

 

 

2.

Chamando “colegas”, Anabel procurou dar um tom informal e de proximidade com a platéia. Lembrou que pisou em uma sala de aula pela primeira vez em 1987, e é concursada na rede municipal desde 1990, como professora de Português e Literatura para o ensino médio.

– Sou sócia do sindicato, participei de muitas das lutas e sei que tudo não se resume à questão salarial – disse, garantindo “diálogo” e dizendo o primeiro “sim” da noite, ao assumir compromisso com as pautas apresentadas no documento do sindicato.

– Queremos uma gestão democrática, fazendo dos conselhos escolares os órgãos máximos nas escolas – prometeu, arrancando aplausos ao dizer que “a rede municipal não terá projetos pedagógicos importados, comprados, fora da realidade de cada escola”.

– Não teremos o Positivo na rede municipal. Vamos construir os planos pedagógicos junto com a comunidade escolar – concluiu seus 10 minutos, apenas a primeira a agradar professores presentes pintando o Positivo como um dos vilões do governo Marco.

 

 

3.

Ao classificar como “brilhante” a carta de reivindicações do sindicato ligado à CUT, por alertar para a influência da conjuntura estadual e nacional nas questões municipais, Valter Amaral (PT) repetiu o que tem feito em todas suas manifestações públicas, pedindo um ‘segundo de silêncio’:

– Antes de tudo, Fora Temer! – disse, entre palmas.

– Não podemos olhar só para nosso umbigo. Há questões que não se resolvem apenas nos municípios.

Também professor e ex-presidente do sindicato nos anos 90, Valter criticou o governo Marco por “ferir mortalmente” a autonomia das escolas.

– A relação foi muito ruim. Exigir 10 minutos a mais de aula teve intenção apenas de vergar o sindicato – exemplificou.

E também foi para o “sim”:

– Vamos retomar o pagamento da quinzena e acabar com o atual modelo pedagógico.

– O prefeito diz que o Positivo é a cartilha usada nas melhores escolas particulares, no Gensa, no Dom Feliciano, mas queremos é estrutura de escola particular, porque pedagogicamente nossa rede tem capacidade para criar seus próprios planos pedagógicos – completou, lembrando ter sido secretário da Educação “e garantido a autonomia das escolas”.

– Em 96 promovemos o seminário ‘Do caos à nova ordem’, que regeu nosso projeto de 1997 a 2011, de uma escola sem mordaça que o neoliberalismo reacionário quer nos tirar hoje – lembrou, defendendo os quatro governos petistas em Gravataí para um público mais identificado ideologicamente com a esquerda.

– Me orgulha ser o candidato do PT, um partido oriundo do movimento sindical, de causas nobres e que representa os jogados na senzala pela elite – citou Casa-Grande e Senzala, de Gilberto Freyre, e fez a seguir duas provocações subliminares.

Primeiro, recomendou ao público “analisar os candidatos, suas vidas e a quem seus partidos se associam”, deixando no ar ligações de adversários com os governos Temer e Sartori.

Depois, apresentou sua vice, Adelaide Klein:

– Vices tem papel fundamental não é? – disse, numa fina ironia ao vice de Bordignon, Cláudio Ávila, mentor do impeachment da prefeita Rita Sanco, que em 2011 acabou com a dinastia petista em Gravataí.

 

 

4.

Rafael Linck, candidato do PSOL, não usou da subliminariedade do psicanalista Valter. Como no debate Acigra-Seguinte:, para além parecer uma Luciana Genro dos debate presidenciais de 2014, foi um Black Bloc.

Só poupou o Sadao.

– ‘Fora Cunha!’, ‘Fora Temer!’, ‘Fora PMDB!’, que é o maior inimigo da classe trabalhadora, mas também ‘Fora Sartori’. Essa mesa é de aliados do Sartori. Vocês querem uma cidade governada pelo mesmo projeto de Sartori que parcela salários? – questionou o também professor, apontando para Anabel e Bordignon, que tem secretários indicados por PDT e PSB no Governo do Estado, e para o Dr. Levi, que é do PSD do vice-governador José Cairoli.

– Não existe essa de votar em pessoas. Quando votamos, é um projeto que governa – alertou, lembrando que o vice de Anabel, o vereador Beto Pereira, “do PSDB de Francisco Pinho, atual vice-prefeito de Marco Alba”, votou na Câmara “pelo fim da quinzena”, que minutos antes a candidata tinha defendido retomar.

– E esse PSB da Anabel é o mesmo que em Cachoeirinha está parcelando salários, igualzinho ao Sartori – lembrou, mirando a seguir no PT:

– Não esqueçam quem prometeu e não cumpriu a Lei do Piso Nacional do magistério. Foi o PT e o senhor Tarso Genro, não é?

Rafael não esqueceu do ausente Marco Alba:

– Há seis anos, desde golpe em Rita, o PMDB vem atacando direitos dos trabalhadores em educação.

– No debate ninguém apontou os podres dele, só eu falei: o prefeito parece governar Nárnia – concluiu o jovem de 33 anos, citando o mundo fantástico criado pelo escritor C.S Lewis.

Entre seus “sins”, Rafael prometeu autonomia às escolas, devolver a quinzena e não renovar com o Positivo.

– E nosso secretário da Educação quem vai decidir será a rede, sem negociata política. É governo com paredes de vidro e portas abertas.

 

 

5.

Daniel Bordignon veio a seguir e, após dizer que sua proposta em educação seria a carta compromisso firmada com o sindicato, “o que fizemos de 97 a 2004, e o que vocês acharem que deve ser feito”, incendiou o debate ao apresentar seu olhar sobre o que representam a sua candidatura e a dos adversários no atual momento histórico.

– Nossa missão é derrotar o atual prefeito, não uma aventura, ou discurso fácil – disse, sem dar o sobrenome “aventura” a Valter ou “discurso fácil” a Rafael.

– Montamos uma frente política onde dois dos três partidos defenderam a presidenta Dilma – apontou, citando o PCdoB, sua “história de martírio e assassinatos de dirigentes”, e “desde 1922 na luta dos trabalhadores”, além de seu PDT, de Brizola, “que tem como principal bandeira a educação”, herdeiro do velho PTB, “da revolução de 30”, “lá do começo da luta pelos direitos trabalhadores, da luta das mulheres, da criação da Petrobrás, da limitação da remessa de lucros para o exterior”.

– Fizemos um enorme esforço para os três partidos com história de esquerda se unirem para enfrentar a força do poderio econômico do prefeito, do governador, do presidente e os esquemas que criaram por todos esses anos – disse, nesta e em outras oportunidades procurando se afastar da ligação do PDT com o governo Sartori.

– O PT poderia estar na chapa – lamentou, viajando até o governo Rita, e debitando a cassação aos erros políticos cometidos pelo partido:

– Sabemos que não basta ganhar a eleição. Em 2008 vencemos num esforço supremo, perseguidos pelo Ministério Público por um convênio ridículo de R$ 6 mil. E aquele governo deixou de existir não porque houve conspiração, mas porque faltou capacidade de governar com a maioria na Câmara, ou então não ter 10 contrários, e apenas quatro a favor – defendeu, falando em “política arrogante e isolacionista” do PT, e que “não leva em conta as diferentes forças da sociedade”.

– Assim só se chega a tragédias como o impeachment da presidente Dilma – resumiu o, há quatro meses, ex-petista, fundador do partido onde ficou por 32 anos.

Especializado na Revolução Russa, Bordignon citou “Esquerdismo, doença infantil do comunismo”, obra de Lenin, “o maior revolucionário que já houve”:

– Essa esquerda que ataca os companheiros de luta é a esquerda que a direita gosta, a esquerda que faz o serviço para a burguesia.

– O PT, cujos seus dirigentes destruíram as estatais e fizeram tantos mal feitos, deveria pedir desculpas ao povo, mas não faz autocrítica – fuzilou, botando o PT no paredão também pelo comportamento do partido na reeleição da presidente Dilma.

– Em 2014 prometeram de tudo, e o tudo não durou cinco dias. O governo logo assumiu o projeto do adversário. Não se faz política mentindo. É preciso coragem para falar a verdade, mesmo que perca votos – argumentou, como que fazendo uma expiação pública sobre sua saída do PT frente a simpatizantes, fãs e ex-fãs.

Ao tempo em que bateu a porta de ferro do salão, com o vendaval da noite, Bordignon atacou Valter lembrou as relações com o ex-prefeito Sérgio Stasinski:

– Aquele prefeito no qual depositamos nossa confiança, traiu o projeto. Agora vem seu chefe de gabinete à época dizer que vai fazer tudo.

– Nos partidos há gente de todos os tipos. Há muitos que vão para a Prefeitura para enriquecer.

Dr. Levi também foi apontado por Bordignon:

– Precisamos de muita força para vencer os milhões dessa elite, do PMDB do presidente, do governador, e do vice-governador que tem aqui seu candidato.

– A direita sempre se une contra o trabalhador. Assim acontecem catástrofes históricas! – concluiu.

 

 

6.

Depois do ciclone extratropical político, as atenções desviaram de Sadao Makino, que fazia sua apresentação:

– Todos estão mentindo, no governo traem trabalhadores. Na eleição de 2012 ouvia a mesma ladainha de promessas, hospital, UPAs… – dizia o candidato do PSTU, acusando os governo de “privatizarem as prefeituras”, entregando serviços à empresas terceirizadas e empreiteiras, enquanto a fofoca e as conversas rolavam salão afora e no cigarrinho da rua.

– Todos esses partidos tradicionais que estão aqui já passaram pela Prefeitura e nada mudaram. Estão com os empresários, estão com a Sogil – acusou, também em sua cota de “sim” prometendo “devolver a quinzena” e “acabar com o Positivo”.

 

 

7.

Quando Dr. Levi pegou o microfone, e era preparada a projeção de suas metas no telão, a única dúvida era saber o tamanho do contrataque.

– Sou médico há 25 anos em Gravataí, filho de professora estadual e funcionário público federal. Sei a importância dos servidores. Não tinha vindo aqui para atacar, mas o candidato que posa de bom moço me atacou.

– Por que não explica o Solidariedade, partido de sua base, e que convenientemente esqueceu de citar, ter votado contra a cassação do Eduardo Cunha?

– E como o sempre candidato, com um patrimônio declarado ínfimo, se não soube administrar suas contas, quer administrar R$ 1 bilhão da Prefeitura?

– Não vou ganhar a Prefeitura e ir lavar carro de grande empresário – disse Levi que, também sem citá-la, atacou Anabel, pelos votos do vice Beto Pereira quando estava na base do governo Marco Alba, e chegou a se movimentar para ser o vice da chapa da reeleição:

– Os três vereadores que me apoiam votaram contra a perda dos direitos do funcionalismo, diferente de outros partidos que aqui se apresentam – disse, se referindo ao vice Alemão da Kipão, e a Dilamar Soares e Dimas Costa.

Após sua cota de “sins”, como para a quinzena, a hora atividade, a escola de turno integral e uma revisão do Positivo (“ouvi críticas, mas também elogios entre as 64 escolas que visitei), Levi também criticou o governo Marco, do PMDB de onde saiu após as eleições de 2014:

– Vamos terminar as escolas infantis que o atual governo não fez e deixou deteriorar. E vamos criar um grupo de trabalho já após as eleições para tratar da educação. Não ficaremos sumidos como o atual prefeito.

No encerramento, Levi provocou Bordignon, que teve a candidatura liberada pela Justiça Eleitoral de Gravataí, mas será julgado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TER) após recurso do Ministério Público:

– Só peço que vocês votem seguro, com a certeza de que aquele que colorarem na cadeira de prefeito, realmente será o prefeito pelos próximos quatro anos – disse o médico, fazendo referência ao parecer da Procuradoria Regional Eleitoral que alerta que, caso seja confirmada condenação à qual Bordignon recorre no Superior Tribunal de Justiça (STJ), ele pode, mesmo depois de eleito, perder o mandato e dar lugar ao vice.

 

Pergunta, que pergunta? 

 

8.

Quando entrou o bloco das perguntas aos candidatos, quase todo mundo sabia que o que menos se ouviriam seriam respostas aos temas sorteados.

Era a hora da desforra.

Rafael Linck (PSOL) foi o primeiro sorteado e continuou as provocações ao corrigir o colega professor de História Daniel Bordignon, que ao citar Lênin, trocou Comunismo por Socialismo no nome do livro.

– Não me constrange nem fala mansa, nem autoritarismo. Posso ser o mais jovem, pode faltar experiência, mas essa experiência que eles têm, da negociata e do jogo político, não me serve – disse, de frente para o público e de costas para a mesa.

À pergunta sobre assédio moral ao funcionalismo, Rafael atacou os governos Marco e Acimar da Silva:

– O atual governo e o governo tampão de depois do golpe fazem assédio diário aos servidores.

 

9.

Valter Amaral respondeu rapidamente à sua pergunta, confirmando a retomada do pagamento da quinzena, e voltou à ‘lavanderia dos ex-companheiros’, encarando Bordignon:

– Não vim aqui para acusar ou ser acusado, mas tem gente que não se dá o respeito. Muitos saíram do partido, alguns dirigentes do próprio sindicato, quando o senhor nos empurrou goela abaixo, como candidato a prefeito, Sérgio Stasinski, o SS.

– Sabem o que é SS? Seu Sombra – disparou, lembrando o apelido que Sérgio Stasinski carregava nos bastidores da política, por andar sempre próximo ao então prefeito Bordignon, antes e durante a construção de seu nome para a sucessão.

– E perguntem se ele tirou alguém dele do secretariado quando brigou com o Stasinski?

Valter disse ainda preferir “a esquerda do esquerdismo, do que a esquerda senil e esclerosada”. E também falou na situação jurídica da candidatura de Bordignon, que classificou como “aventura jurídica”.

– Não foi pela história do PDT, por Brizola ou por Getúlio, que não aceitamos o vice. E sim pelo atual presidente do PDT ser Cláudio Ávila.

– Não vou chamar o atual candidato de traidor, porque cada um tem direito de escolher seu partido, mas nós também podemos escolher nossos companheiros. E já temos problemas demais com companheiros na Lava Jato para ter outros – encerrou Valter, para um público perplexo.

 

10.

Bordignon recebeu sua pergunta, sobre chamar concursados, e usou na resposta a Valter.

– Chamarei, como também chamarei contratos emergenciais, como os que ele me usou para indicar os seus, e agora aponta problemas jurídicos em minha candidatura – disse, se referindo ao embrião das condenações que recorre e sofreu na Justiça de Gravataí, no Tribunal de Justiça gaúcho e no Superior Tribunal de Justiça, por contratações emergenciais.

– Sou o político mais perseguido que há – disse Bordignon, explicando:

– Isso porque em 2007 apresentei na Assembleia a PEC do teto salarial para judiciário, executivo e legislativo.

Em seguida, o ex-prefeito provocou um óóóóóóóóóóóó do público ao chamar Valter de “o principal lacaio do Stasinski”, que “ia defendê-lo nas reuniões do partido mesmo após a traição”.

Para quem não sabe o que significa, ‘lacaio’ é aquele que “acompanha o amo”, ou “homem sem dignidade, que se humilha para obter vantagens; sabujo”.

– Os vereadores do grupo político dele votaram a favor da cassação da Rita – acusou também, antes de responder a Levi:

– Me acusa de ser pobre? Trabalho há 42 anos, desde os 15. Ao fazer o financiamento para comprar minha casa, doei minha parte à minha companheira.

– O senhor é um machista, que acha que a casa tem estar no nome do homem, não pode estar em nome da mulher.

 

11.

Poucos parecem ter prestado atenção ao que Sadao Makino falou a seguir sobre educação infantil. A expectativa era pela vez de Levi, que recebeu uma pergunta que poucos lembram qual era, e reagiu a Bordignon:

– Não vim trocar acusações, mas o candidato de sempre só faltou agredir a si mesmo.

– Não acho vergonha ser pobre, sou filho de professora estadual e funcionário público federal, sai de escola estadual para fazer medicina na universidade pública. Em 13 anos de noites sem dormir, salvando vidas, sei o suor do que ganhei. Não escondo patrimônio atrás da esposa – disse, trocando com Bordignon palavras e gestos de desaprovação fora do microfone ao voltar para a mesa.

 

12.

– Educação pública é nossa pauta – gritou uma professora, bastante aplaudida, e aparentemente incomodada com o bate-boca.

 

13.

Anabel aproveitou a deixa e ao responder sobre a gestão pedagógica, disse que apresentaria ali apenas propostas, como tem feito durante toda campanha:

– Quem ataca não tem propostas – disse.

E repetiu alguns sins.

 

14.

Nas manifestações finais, onde os candidatos reafirmaram o compromisso com as reivindicações dos trabalhadores em educação, Bordignon voltou ao ataque contra Levi:

– Queria debate em alto nível, mas adversários querem tapetão. Não querem voto, querem impedir o povo de escolher seu preferido. Levi foi condenado por litigância de má fé, e será de novo – disse, se referindo à decisão da Justiça Eleitoral de Gravataí sobre o pedido de impugnação da candidatura feito pelo PSD.

– Ele é o candidato da elite, mora na Paragem Verdes Campos, não pisa no barro. Eu e minha esposa (Rosane Massulo Bordignon) somos revolucionários, o senhor não sabe o que é isso. Mais de R$ 500 mil doei para o PT, tirava do meu salário, como pego empréstimo para pagar minhas campanhas, diferente do senhor, que as financia de outro jeito e enriqueceu na doença, atendendo pelo SUS e cobrando por fora.

 

15.

Ao fim, a presidente do sindicato Vitalina Gonçalves fez um apelo para que os partidos pressionem seus congressistas para barrar a PEC 241, que limita investimentos à arrecadação.

– É um congelamento por 20 anos nos investimentos em saúde e educação. Se passar, nem um milagre permitirá que vocês cumpram minimamente qualquer de suas promessas.

 

Em uma tuitada, dá para dizer que candidatos trocaram muitas acusações.

E verdades.

 

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