Um maltrato que deveria envergonhar o governador Eduardo Leite (PSDB), assim como seus antecessores José Ivo Sartori (MDB) e Tarso Genro (PT), é cometido contra um patrimônio de 81 anos de Gravataí, o Tuiuti. Governos passam, a pandemia piora e melhora, aulas foram suspensas e voltaram e a maior escola estadual de ensino fundamental, médio e técnico segue caindo aos pedaços.
O processo da reforma reivindicada desde 2016, ao custo de mais de meio milhão de reais, está na mesa do secretário de Obras do Estado, José Stédile, enquanto seus 1.200 alunos, aqueles que não desistem, estudam onde dá e não entra água.
Um mini-doc de denúncia foi feito em uma parceria do vereador Thiago De Leon (PDT) com a produtora gravataienses Tellart Films.
Assista ao vídeo e, abaixo, sigo.
Um pouco de contexto.
A polêmica na Tuiuti, contada em uma série de reportagens pelo Seguinte:, se arrasta desde 2016 quando a direção pediu a recuperação de instalações físicas, especialmente da rede de energia. Há época havia inclusive ameaça de fechamento da escola.
O que toda comunidade escolar sabia só foi oficializado em novembro de 2018 após vistoria do Conselho Estadual de Educação e de engenheiros da Secretaria de Obras do Estado que interditaram três dos quatro pavilhões da escola por apresentarem graves problemas estruturais, especialmente no forro e na parte elétrica.
Só restou espaço para quatro salas, com capacidade para 35 alunos. Em 2019, as aulas foram entre o refeitório, biblioteca e até o salão da Igreja.
Em janeiro de 2020, elementos técnicos da licitação foram encaminhados à Central de Licitações (Celic) com um orçamento de R$ 525.325,03. Com a tragédia da COVID-19 a partir de março, que suspendeu as aulas, e o decreto de calamidade pública que restringiu atividades, como a construção civil, no Rio Grande do Sul, o processo 20190000169995 parou até, no dia 11, chegar ao Departamento de Obras Públicas da Secretaria de Obras do Estado, sob o comando de José Stédile (PSB), ex-deputado federal e ex-prefeito de Cachoeirinha.
– Em fevereiro o secretário Stédile garantiu que assinaria assim que o processo chegasse. Dia 11 avisamos que estava lá. Já se passaram 18 dias e não tivemos nem mensagens respondidas – lamenta o vereador Thiago De Leon (PDT), que em 1º de fevereiro começou pela Tuiuti a cumprir sua promessa de doar mensalmente metade de seu salário líquido (R$ 3,6 mil) para escolas públicas de Gravataí.
Ao fim, insisto: é uma vergonha, como trato desde o ano passado em artigos como Onde é difícil tratar piolhos e tapar buracos no telhado, volta às aulas é tragédia; Obrigado Miki, socorro Marco Alba! Façam greve, alunos, onde questionava a volta às aulas sem a devida infraestrutura nas escolas. Escrevi: “Governador, os salões do Palácio Piratini são inspirados no Palácio de Versalhes, mas o Rio Grande do Sul não é a França. Não precisa ir a Pelotas. Convide seus burocratas e visite o Tuiuti e o Barbosa. O Haiti é aqui. Duvido o senhor não recue dessa política de morte”. E conclui: “Onde há dificuldade para tratar de piolhos, e tapar buracos no telhado, voltar às aulas é risco de uma tragédia. Como não é obrigação dos alunos irem às aulas, que tal uma ‘greve de presença’ para salvar os professores?”
Um ano depois, os professores estão vacinados. Mas o Haiti – depois do terremoto – resta ali, na rua Borges de Medeiros, 435, Bonsucesso, Gravataí, CEP 94130-110.
Associo-me à campanha do vereador De Leon: @EduardoLeite45