tragédia da chape

Turistas do avião da frente passaram por sufoco

Maysa Ramos e Hanna Pfeffer, turistas brasileiras em ferias na Colômbia | Foto ACERVO PESSOAL

Um voo comercial da empresa VivaColombia fez um pouso não programado no aeroporto José Maria Córdova, de Medellín, no mesmo horário em que o avião da LaMia, que levava a equipe da Chapecoense – com o zagueiro gravataiense Filipe Machado – se aproximava no local, no fim da noite da segunda-feira (28/11).

O avião da VivaColombia tinha saído de Bogotá rumo à ilha de San Andrés, mas não chegou ao destino por causa de uma emergência e precisou pousar no aeroporto mais próximo, justamente o de Medellín. A pane foi o vazamento de combustível, segundo informaram as autoridades.

Já a aeronave com a Chape não conseguiu pousar e caiu minutos depois, perto do aeroporto. Ainda não está claro se a emergência no voo comercial afetou de alguma forma o acidente que matou 71 pessoas, entre jogadores e funcionários do time brasileiro, além de jornalistas, convidados e tripulantes.

Havia pelo menos três brasileiros no avião da VivaColômbia. Para os passageiros foi só um susto e, depois disso, eles conseguiram chegar a seu destino.

— Nosso voo foi confuso e teve muita turbulência — disse a assistente de compras Maysa Ramos, 27 anos, ao jornalista Adriano Wilkson, do site Uol. Ela está de férias na Colômbia com a advogada Hanna Pfeffer, de 26 anos, e admite:

— Em alguns momentos eu tive medo.

 

Vazamento de gasolina

 

As brasileiras contam que no meio do voo o piloto entrou o contato com os passageiros informando sobre um "vazamento de gasolina" e dizendo que seria necessário fazer um pouso de emergência em Medellín.  Já no chão, os passageiros tiveram que esperar no avião por cerca de 45 minutos e depois foram levados a uma sala de espera no aeroporto.Descrição: http://t.dynad.net/pc/?dc=5550001892;ord=1480512315274

Buscando por informações, as brasileiras ouviram de uma funcionária do aeroporto que o voo delas tinha recebido prioridade de pouso em relação ao avião que transportava a Chapecoense, que havia caído.

— A mensagem que ela passava era: a culpa foi do voo de vocês — conta Maysa, que nasceu no Maranhão, mas vive em Uberlândia, Minas Gerais.

— Fiquei muito perplexa. Ela precisou me contar umas três vezes porque eu não estava acreditando. A gente sabia que o avião tinha caído, mas não conseguimos acreditar que tinha sido por culpa do nosso avião.

— A policial informou que infelizmente eles não conseguiram pousar pois já estávamos na prioridade de emergência — escreveu Maysa, a seus amigos.

— Eles tinham que esperar o meu avião chegar ao solo… Nessa espera, perderam o contato com a torre e o avião caiu. E se eles tivessem pousado primeiro? Talvez seria o nosso avião rodando no ar, também sem gasolina! Foi um caos, ninguém sabe ao certo o que aconteceu, todo mundo com medo de pegar outro avião, criança chorando, pessoas gritando…

 

Sem confirmação

 

As autoridades colombianas, porém, não confirmaram uma relação direta entre os dois casos.

— É certo que houve uma emergência com o avião da VivaColombia, mas essa ocorrência foi atendida antes do primeiro reporte da aeronave que trazia o time de futebol — declarou à BBC o coronel Fredy Bonilla, secretário de segurança da Aeronáutica Civil da Colômbia.

Em nota, a VivaColombia confirmou a ocorrência, mas negou que o avião tenha "declarado emergência" à torre de controle do aeroporto.

— Foram feitos os procedimentos autorizados, aprovados e indicados pela torre de controle —  afirmou a empresa.

 

Sentimento de pânico

 

Na terça-feira pela manhã advogada Hanna Pfeffer fez um relato da tragédia, sob seu ponto de vista, no seu perfil na rede social Facebook. Confira a íntegra do depoimento de Hanna.

 

“Tem certas coisas nessa vida que, simplesmente e realmente, não têm explicação. De férias na Colômbia, ontem era o meu voo de Bogotá para San Andrés. Depois de aproximadamente 1 hora e 20 minutos de duração do voo, a cabine de comando informou um escapamento de gasolina na aeronave.

O sentimento foi de pânico.

Passou um pouco e informou que iríamos fazer um pouso de emergência em Rio Negro, cidade perto de Medellin. Naquela hora só rezava, todos em uma corrente de oração com muito medo do que poderia acontecer.

Aterrizamos e, depois de 1 hora, saímos do avião no aeroporto de José Maria Cordova. Era para termos chegado em San Andrés às 22h e, aquela altura, às 23h, não sabíamos de nada.

Todos revoltados, protestando, filmando e até ameaçando a companhia aérea. Fiquei extremamente chateada, estressada, desapontada. Afinal tudo que queria era chegar logo na ilha, quando informaram que deveríamos retornar a Bogotá e partir somente pela manhã.

E então veio a trágica notícia do voo que trazia os brasileiros da Bolívia.

A polícia informou que o avião caiu próximo do aeroporto em que estávamos depois que pousamos de emergência. O que indica que tivemos prioridade na emergência de nosso pouso.

Que sentimento horrível.

Porque eu deveria fazer parte disso?

Na rádio, hoje, a notícia informou que um "outro voo pousou de emergência pouco antes (no caso o meu) naquele aeroporto. Como o voo que trazia os brasileiros não conseguiu contato com a torre, sendo que, o que eu estava, sim?

Ninguém por aqui sabe responder nada disso. Mas, na minha opinião, como disse no início, não tem explicação. Pela bênção de Deus o voo em que eu estava conseguiu fazer o pouso de emergência…

Mas meu coração dispara quando paro e penso que o voo que caiu, estava ali, também tentando pousar. Mas não conseguiu, e o porquê disso talvez nunca virá.

Presto meus mais sinceros sentimentos a todos familiares, amigos e pessoas queridas daqueles que estavam naquele avião. Tem coisa nessa vida que…

Que Deus sabe!

Tudo bem comigo, e agora estamos indo de novo ao aero para irmos a San Andres. Com muita fé e Deus sempre nos guiando.

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