Faço minha a tuitada do jornalista Gabriel Siota Ganzer, do Giro de Gravataí, sobre um dos Grandes Lances dos Piores Momentos da campanha eleitoral em Gravataí.
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Acabo de ver uma foto da candidata à Prefeitura de Gravataí pelo PDT, @anabellorenzi, ao lado de advogados e procuradores, um deles candidato no partido. O que me chamou a atenção foi presença de um outro procurador, que em agosto foi preso em flagrante após agredir a esposa. Agrediu a companheira, que pediu medida protetiva e representou contra ele. Sei que a Anabel não tem como saber a vida pregressa de cada um, mas ele é notório no meio, e é incoerente para uma candidatura que representa as mulheres, que luta contra uma sociedade machista.
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Reproduzo o artigo O que Angela Davis diria sobre Anabel, que publiquei em 4 de novembro do ano passado, onde alertei sobre o que tem tudo para ser uma força na campanha da prefeiturável, mas pode se tornar uma fraqueza.
Siga e, abaixo, concluo.
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Lá vem o chato analisando tudo… Mas jornalismo editorial é isso. Contexto, opinião e atenção para a força das palavras de quem merece atenção na vida pública, e principalmente é ‘prefeiturável’ em 2020.
Vamos lá.
Em vez de lives no Facebook, Anabel Lorenzi tem apostado em vídeos produzidos para suas redes sociais. O último postado pela candidata a prefeita pelo PDT fala sobre empoderamento feminino e a luta contra o machismo. Luta feminista que é uma força, mas também, caso não convença, pode se tornar uma fraqueza da professora.
Explico.
Em trecho do vídeo, que você assiste na íntegra clicando aqui, Anabel fala sobre protagonismo das mulheres e cita entre referências Angela Davis.
Assisti à palestra que a icônica negra ativista do feminismo deu em São Paulo, neste outubro. Nos últimos 15 minutos arrasadores de sua fala de 1h30, ela instiga:
– Basta para mulher acessar espaços de poder e mantê-los sob a mesma lógica do domínio do patriarcado?
Angela cita norte-americanas, brancas e negras, com representação política entre democratas e republicanos, e também em postos militares de comando, que mais se adéquam ao sistema do que influenciam em uma mudança.
Aí que me refiro à força e à fraqueza.
Se é uma força sua compor chapa com outra mulher, Rosane Bordignon, em uma cidade onde há mais eleitoras que eleitores (apesar dos sete em cada dez votos dados em 2018 para o homem da casa 58 indicarem mais proximidade ao ‘feminino’ que ao ‘feminismo’), inevitavelmente Anabel será confrontada na campanha com um episódio de seu passado em que a sororidade perdeu para a política: como vereadora, votou a favor da cassação da prefeita Rita Sanco – mulher, feminista, ‘petralha’.
Não teria Anabel, em 2011, aderido a um golpeachment articulado por machos sedentos pelo poder?
O que diria Angela Davis?
São perguntas que adversários farão a ela, ou talvez já faça a si mesma.
Ah, e por que você não escreve que a primeira-dama Patrícia Alba fez campanha para Jair Bolsonaro e que outro prefeiturável, Dimas Costa, de feminismo pouco, ou nada, fala?
Porque Anabel É feminista.
É inquestionável sua luta pelos direitos das mulheres (foi, por exemplo, artífice da atração da Delegacia da Mulher para Gravataí) e ela e Rosane simbolizarão isso na campanha, já que, pelo menos hoje, são as únicas na disputa pela Prefeitura.
Se há machismo em meu comentário, ou se ‘ocupo lugar de fala’, apelo por alertas. Feio é não aprender com os erros. Disso não sofro.
(…)”.
Ao fim, para completar esse que reputo um dos Grandes Lances dos Piores Momentos da campanha, Anabel comenta na postagem de seu apoiador: “Excelente agenda! Vamos em frente”. É impossível aceitar que soubesse do histórico do ‘convidado’. Que fria colocaram-na! Possivelmente, fosse ela uma candidata com identificação com o bolsonarismo, já restaria ‘cancelada’ pela esquerda.