“Vocês não sabem o quanto de Brasil existe em nós” (mensagem dos jogadores da Alemanha na internet – em português – antes da Copa de 2014).
“Foi uma derrota catastrófica, feia, horrível, a pior do mundo” (Luiz Felipe Scolari, técnico do Brasil, depois do 7×1 para a Alemanha).
“O futebol deve muito ao Brasil – o Brasil é e sempre será o país do futebol” (Lucas Podolski, jogador alemão).
“Depois de 5×0 no primeiro tempo, continuamos jogando sério, sem querer fazer mágicas: era a nossa forma de respeito para não humilhar o Brasil” (Mats Hummels, jogador alemão).
“A Alemanha joga uma coisa que é o que existe de mais parecido com futebol – e geralmente dá certo” (Galvão Bueno, narrador).
“O futebol é um jogo simples: 22 caras disputam a bola durante 90 minutos – e no final os alemães vencem” (Gary Lineker, jogador inglês).
“Em futebol podemos perder um jogo ou um campeonato, mas não o orgulho, a identidade, as características – e isso, com todo o respeito, o Brasil perdeu” (Cesar Luis Menotti, técnico argentino).
“Alguns jogadores de futebol ficam bloqueados quando o técnico grita com eles, mas os piores são aqueles sem temperamento e os que desistem por qualquer pequena machucadura” (Américo Gallego, jogador e técnico argentino).
“A natureza do jogador de futebol brasileiro é imodificável” (Menotti).
“Jovens: tragam ela de volta para casa” (Lothar Matthäus, capitão da Alemanha campeã da Copa de 1990, em mensagem à seleção alemã em 2014).
Durante longos 64 anos o Brasil sofreu com a derrota de 2×1 para o Uruguai na decisão da Copa do Mundo de 1950, no Maracanã. No mesmo cenário, em seu segundo mundial em casa, em 2014, o país deveria ter a chance da redenção. Não teve: nem chegou à final, novamente no Maracanã – perdeu nas semifinais, e de goleada, 7×1 para a Alemanha. O pesadelo antigo foi trocado por outro maior!
Dá para escolher o fato ou personagem da Copa de 2014, há muitas opções: o massacre na goleada alemã no Mineirão, a incrível Costa Rica que eliminou Itália e Inglaterra, a revelação colombiana e goleador do mundial James Rodriguez, a brutalidade do lateral Zuñiga que tirou Neymar do mundial, o medo de cobrar pênalti contra o Chile e o choro do capitão Thiago Silva, o gol do 1×0 do alemão Götze na final contra a Argentina, a chanceler alemã Angela Merkel com seus jogadores saídos do banho no vestiário do Maracanã…
A Alemanha fez tudo certo. Construiu a sua própria concentração e o centro de treinamentos na Bahia (e poderia ter sido no Rio Grande do Sul!), gravou uma mensagem de saudação ao Brasil, veio à Copa inclusive com uma camiseta semelhante à do Flamengo. Um trecho do seu hino menciona um país “fraternal com coração e mão” – “brüderlich mit herz und hand” –, referindo amizade, respeito, paixão, trabalho. Mas foi especificamente em Porto Alegre, os alemães de branco contra a Argélia de verde, dia 30 de junho de 2014 no Beira-Rio, que aconteceu o momento maravilhoso de um menino de nove anos com um grande jogador alemão.
Getúlio Felipe Fernandes da Silva, de Alvorada, nasceu com paralisia cerebral. Até os três anos nem conseguia caminhar, em 2014 era jogador de futebol, aos nove, goleiro, no Colégio Pastor Dohms. Após seis anos de exaustivos esforços e duros exercícios, que o levaram a uma recuperação pouco provável, lá estava ele, agora, entrando em campo com as próprias pernas, sorriso claro e enorme, mão dada com o melhor goleiro do mundo, o alemão Manoel Neuer.
O Brasil também fez coisas certas, apesar de escolhas estranhas da Fifa, como o alto número jogos no nordeste e norte, e o fato de que a seleção só jogaria no Maracanã se chegasse à final, o que não aconteceu. Houve as festas nas ruas, 98,4% de ocupação e 3,4 milhões de torcedores nos estádios, confraternização entre povos, segurança (temporária), craques…
Em campo é que não funcionou, apesar do retorno do técnico Luiz Felipe Scolari, campeão de 2002. Depois de uma classificação discreta na primeira fase, contra Croácia, México e Camarões, o primeiro aviso veio nas oitavas-de-final: 1×1 com o Chile, bola no travessão do atacante Pinilla no último minuto da prorrogação, 3×2 só nos pênaltis. Nas quartas o 2×1 sobre a Colômbia chegou com um gosto amargo: a joelhada de Zuñiga nas costas que tirou Neymar do resto da Copa.
Contra os alemães Felipão escalou Bernard, definindo o inexperiente meia revelado pelo Atlético Mineiro como “um jogador com alegria nas pernas”. Levou 7×1, sendo 5×0 só no primeiro tempo, e com uma saraivada de quatro gols em apenas seis minutos, de Klose aos 23, Kroos aos 24 e 26, Khedira aos 29. No intervalo, o técnico Joachim Löw lembrou ao seu time um jogo das eliminatórias em que a Alemanha vencia a Suécia por 4×0 e levou o 4×4, e deu só uma ordem: “Seriedade”. A conta acabou em sete, e para fechar o vexame o Brasil ainda levou 3×0 da Holanda no jogo do terceiro lugar.
Dos oito campeões, o Brasil ainda é o maior ganhador na história da Copa do Mundo, com cinco nas 20, contra quatro cada de Itália e Alemanha, duas de Uruguai e Argentina, e uma de Inglaterra, França e Espanha.
Agora é na Rússia!
Agenda histórica do futebol gaúcho na semana
22.4, domingo
1958 – Jogador do Inter de 1952 a 1957, lateral Lindoberto morre de ataque cardíaco durante treino do São José
23.4, segunda-feira
1994 – Inter goleia por 4×0 seleção da Nigéria e ganha Torneio 25 anos do Beira-Rio
24.4, terça-feira
1953 – Início das obras do Estádio Olímpico, por Toigo & Cia.
25.4, quarta-feira
1961 – Grêmio 5×1 CSKA em Sofia, motorista de táxi búlgaro batiza filha como “Gremina”
26.4, quinta-feira
1992 – Inter em Gravataí, 3×1 sobre Cerâmica
27.4, sexta-feira
1910 – Fundação da Liga de Foot Ball Porto Alegrense, LFBPA, visando a organização do campeonato da cidade, com sete clubes na primeira vez: Grêmio, Fuss-Ball, Inter, 7 de Setembro, Frisch Auf, S.C. Nacional e Militar – o primeiro campeão
28.4, sábado
1970 – Inter 2×0 seleção do Peru (classificada para a Copa do Mundo), em Lima, gols de Valdomiro e Claudiomiro; no Beira-Rio, primeiro jogo da Libertadores em Porto Alegre (desempate): Universidad de Chile 2×1 Nacional de Montevidéu