RAFAEL MARTINELLI

Uma análise da defesa apaixonada de Bolsonaro por Marco Alba

Para alguns, política é briga de torcidas. Recebi inúmeras ‘flautas’ após Marco Alba fazer uma defesa tão apaixonada do governo Bolsonaro quanto Osmar Terra plana, o que reportei em #DasUrnas | ‘Nossos governos e de Bolsonaro são parecidos. Salvaram Gravataí e o Brasil’, diz Marco Alba, ao confirmar apoio a Onyx em Gravataí

Como o perigoso ‘guarda da esquina’ de Pedro Aleixo, muitos já profetizaram que, talvez por eu ter coragem de elogiar os governos Marco e Zaffa, e a Prefeitura ser um grande anunciante, o Seguinte: se alinhará ao bolsonarismo.

Não.

Primeiro, conto a vocês como são Marco e Zaffa. Nunca me pediram nada. Nunca condicionaram a liberação de verbas publicitárias à defesa de pautas que reputo impopulares, mas necessárias, como as reformas no Ipag, na Previdência e o subsídio ao transporte coletivo – a ‘pauta-bomba da Sogil’.

Segundo, acredito a Prefeitura anuncia porque o Seguinte: faz um bom jornalismo. Seu diretor, Roberto Gomes de Gomes, fundou em 83 o Correio de Gravataí, depois o Diário de Cachoeirinha e o Diário de Viamão, três dos jornais mais premiados do país; o CG é o único jornal do interior do Brasil a ter ganho o Prêmio Esso, o ‘Oscar’ do jornalismo brasileiro.

Enfim, não deve ser por conveniência, ou medo, e sim por reconhecimento ao profissionalismo de uma empresa que por 40 anos se dedica a Gravataí.

Briga de torcidas à parte, vamos agora à análise do apoio a Bolsonaro e Onyx pelo grupo político que governa – e bem – Gravataí por uma década.

Não me surpreendeu o apoio. Por serem ‘de direita’, ou pelo antagonismo local com o PT e seus simpatizantes, naquele que sempre descrevo como, apesar dos dois serem colorados, ‘GreNal da Aldeia’, entre Marco e Daniel Bordignon – mesmo esteja hoje o ex-prefeito petista na Segundona.

Chocou-me sim a defesa apaixonada feita por Marco Alba, que quando governou entendo ter furado bolhas dos dois lados da ferradura ideológica, tanto que saiu da Prefeitura com 80% de aprovação.

‘Pelé da Política’ é ele, como até adversário reconhecem. Mas achei exagerada a entrevista ao Seguinte:, no artigo que referi acima. E com erros fáticos. Que o próprio discurso de Marco desmente, na entrevista que deu na véspera da eleição em SEGUINTE TV | 1h com Marco Alba: “Não é votar em mim, é votar na Gravataí que deu certo”; Candidato a deputado federal fala sobre tudo.

Ao anunciar o apoio a Bolsonaro e Onyx, Marco disse que os resultados do atual governo são “inquestionavelmente” melhores que os do governo Lula.

Fatos, aqueles chatos que atrapalham argumentos, no início do seu governo, em 2003, Lula recebeu inflação em 14,7% e quando saiu deixou em 6,5%. Bolsonaro assumiu com 3,4% e hoje está em 10,2%.

A taxa média de crescimento do PIB do Brasil sob os governos Lula foi de 4,1%. Sob Bolsonaro, está em 0,6%.

O salário mínimo foi herdado por Lula em R$ 613,10 e elevado para R$ 940,50. Sob Bolsonaro, estava em R$ 1087,00 em sua posse e está neste 2022 em R$ 1.100,00.

Para efeitos de comparação, no início governo Lula era possível comprar 1,3 cestas básicas, passando para 1,9 cestas ao final. Sob Bolsonaro, caiu de 2 para 1,6 cestas.

Mais: o percentual da população brasileira que passava por alguma forma de insegurança alimentar, no começo do governo Lula, era de 35,2% e caiu para em torno de 30% ao final. Sob Bolsonaro, o país passou de aproximadamente 40% de pessoas nesta situação para 58,7%.

É a considerada ‘fome extrema’.

Antes que me acusem de ter buscado dados nas redes sociais do PT, essas informações estão em estudo do Dieese, que você acessa na íntegra clicando aqui.

Trazendo para o debate aldeano, Marco Alba disse na entrevista à SEGUINTE TV que os governos do PT em Gravataí (Daniel Bordignon e Sérgio Stasinski) tiveram um crescimento chinês. E ele, em seu governo, enfrentou uma crise de ‘tempestade perfeita’ – econômica e política, com recessão e golpeachment (expressão minha).

Então, o próprio Marco admite a verdade de que o Brasil cresceu com Lula, goste-se ou não. Dilma? O ex-prefeito não citou, então não comento a tragédia – econômica, nunca moral.

Marco Alba também repete o bordão da corrupção. Acho uma generalização injusta. O governo do PT teve escândalos de corrupção, e isso não é negado nem pelos réus confessos, seja petistas como Palocci, emedebistas como Geddel, ou o presidente do PL de Bolsonaro, Waldemar da Costa Neto. Mas o governo bolsonarista, com o ‘orçamento secreto’, comete aquele que é o maior esquema de corrupção da História do Brasil; e dito por Simone Tebet, que foi a candidata a presidente apoiada por Marco e que teve como ‘madrinha’ no Rio Grande do Sul a deputada reeleita Patricia Alba.

Nunca esperava ver Marco usar a corrupção como arma política, por ter vivido ele por quase 10 anos sob ataques pelo processo que respondia, e foi inocentado – assim como Lula, e explico o ‘inocente’ em Lula é inocente, goste ou não o senhor Ernani Piccoli.

E também por saber Marco, como político decano, e que sempre defende a necessidade da política, que a corrupção, em qualquer governo, é uma chaga, mas representa zero, vírgula zero após a vírgula nos orçamentos públicos.

Acima de tudo, posso estar eu exagerando, ou ser o louco da aldeia, mas reputo um perigo Marco, hoje o maior líder político de Gravataí, não achar a democracia em perigo, como me disse na entrevista à SEGUINTE TV.

Também não concordo quando Marco diz que a “posição pessoal” negacionista e antivacina de Bolsonaro não foram responsáveis por mortes; palavras matam, e ditas pelo líder maior da nação, tem força, tanto quanto o atraso nas vacinas que, conforme estudo, poderia ter evitado 200 mil mortes.

Marco admitiu que o presidente diz “impropérios”, mas considera uma estratégia política, no confronto com os adversários.

A isso, contesto com o vídeo de crianças repetindo frases de Bolsonaro. Assista (e já peço desculpas porque depois não é possível desver) e, abaixo, concluo.

Ao fim, leitores cobram de mim ‘isenção’. Não terão neste momento. Podem seguir xingando nas redes sociais, como fazem desde 2018, quando foi eleito o deprimente da república.

Nunca vou falsear a verdade (e, acredito por fatores que analiso em um artigo próximo, Bolsonaro vencerá a eleição), mas prezo meu lugar na História, por mais insignificante eu seja, e, como reporto em #DasUrnas | Gravataí é Bolsonaro, por mais bolsonarista seja essa cidade a qual me dedico já há 25 anos.

Para concluir, reputo Marco Alba diminui seus governos, e o de Zaffa, ao dizer que são “parecidos”. Um foi, e o outro é, ao menos até hoje, estadista; governam para todos, ricos e pobres.

Se me permite, meu amigo Marco Alba: és muito mais que Bolsonaro!

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