Se para os pais católicos da família Santos, que conviviam com objetos se movendo pela casa e outras manifestações paranormais, foi difícil compreender que o filho Marlon era um ser singular, é natural a curiosidade e desconfiança de quem ouve falar do médium que, se já foi até investigado pelo Ministério Público e preso pela Polícia Civil por exercício ilegal da medicina, arrasta cada vez mais multidões a Cachoeira do Sul e neste ano assumiu a presidência da Assembleia Legislativa e seu orçamento de mais de R$ 600 milhões e 2,5 mil funcionários – uma Gravataí, para se ter idéia.
Com esse sentimento fui para ser o perguntador, ao lado de Roberto Gomes de Gomes e Guilherme Klamt, a entrevista agendada pelo Seguinte: com o deputado que em um único sábado atrai até 6 mil pacientes, desenganados ou não, em busca de curas, da catarata ao câncer, atendidos em operações, sem anestesia ou sutura, pelo doutor Richard Stan, médico alemão da II Guerra incorporado em um pavilhão na região conhecida como Volta da Charqueada, cujas cercanias viram um grande estacionamento de carros e ônibus com placas de toda América do Sul.
Depois de quase uma hora de perguntas e respostas, parece impossível não sair com a impressão de que se trata de uma pessoa autêntica, diferente, despida de convenções, tanto no jeito de falar, quanto na maneira de tratar convidados e assessores, à meia luz do suntuoso gabinete da presidência. Sentou em um sofá sob a foto de Getúlio Vargas, microfone na lapela e não fez menção de encerrar a entrevista – esperou eu fazê-lo – apesar do meio dia já ter passado a uns bons minutos.
Apesar de um currículo público extenso, de vereador, prefeito e deputado reeleito em 2014 com 91 mil votos (terceira maior votação da Assembleia Legislativa), em um período relativamente curto entre os 22 e 42 anos, Marlon Santos (PDT) não responde nunca como um político tradicional.
Transcrever aqui toda a entrevista, ou extrair trechos, seria fazer spoiler ou privar você de ouvir as opiniões, tanto as mais simples quanto mais complexas, as compreensíveis ou não, nas próprias palavras, voz e expressões desse personagem da política gaúcha. Não do deputado eleito para ser médium, mas do médium eleito para ser deputado.
– Não tenho um dom, mas uma missão espiritual – é a senha de Marlon Arator Santos da Rosa, que você pode conhecer melhor assistindo ao vídeo abaixo, clicando na imagem: