crise do coronavírus

Uma máscara para 30 dias na UPA; vereador denuncia empresa terceirizada

Dimas Costa fez live na noite desta segunda

Dimas Costa marcou pelo Facebook toda a imprensa profissional de Gravataí – e a não, também – em post convidando para live na noite desta segunda. Pareceu-me um alerta importante.

A isca do vereador de Gravataí foi esta, em post às 10h: “neste período de pandemia, o papel de fiscalização do vereador ganha ainda mais importância. E a forma como os profissionais da linha de frente no combate ao coronavírus são protegidos é prioridade. Será que todos estão realmente bem protegidos? Há empresa terceirizada negligenciando gravemente esta questão”.

Ao vivo, e para assistir você clica aqui, a denúncia do vereador é que recepcionistas da UPA de Gravataí não recebem da CAB os equipamentos de proteção individual (EPIs) necessários conforme protocolos do Ministério da Saúde. Uma delas está entre os cinco profissionais da saúde testados positivo para a COVID-19, o que tratei pela última vez em 5 profissionais da UPA de Gravataí tem COVID; é o ’novo normal’.

A CAB é uma das empresas ‘terceirizadas’, ou seja, contratada pela Prefeitura para diferentes serviços, entre eles a recepção da UPA e de postos de saúde.

O Seguinte: teve acesso a relatório produzido por colaboradores do parlamentar para subsidiar representação ao Ministério Público.

Siga trechos e, depois, analiso.

“(…)

A empresa CAB é responsável pelo serviço de recepcionistas nas unidades de saúde de Gravataí, e entre as suas obrigações, no contrato milionário, é garantir o fornecimento de EPIs adequados ao período de pandemia aos seus funcionários. Mas não é o que acontece.

Contrariando portaria da Anvisa, a empresa entregou a cada uma das funcionárias, no dia 29 de abril, duas máscaras de TNT completamente inadequadas ao ambiente de uma unidade de saúde. Ainda assim, no ato da entrega das máscaras, a empresa repassou instruções de que aquele material não era descartável. As recepcionistas, que têm contato com todos os pacientes — inclusive os suspeitos de Covid-19 —, deveriam usá-las por 60 dias, lavando até 30 vezes cada uma das máscaras.

Conforme a Anvisa, deve-se destinar material profissional — máscara cirúrgica descartável, com uso máximo de 3 horas, ou do tipo N95 — não apenas aos profissionais de saúde, mas a todos que estão na linha de frente. É vedado o uso de máscaras de TNT em ambiente de saúde. Desde o começo do ano, a CAB já recebeu R$ 7,6 milhões em repasses da prefeitura, referentes a três contratos diferentes para prestação de serviços. Recurso suficiente para garantirem a proteção dos seus funcionários.

Ainda em março, é bem verdade que a CAB teria fornecido máscaras profissionais às funcionárias, que, no caso da UPA — onde já há pelo menos 5 casos de Covid-19 confirmados —, sequer foram usadas. Arbitrariamente, a coordenação da unidade, que é da Secretaria Municipal da Saúde, ordenou, pelo menos até 18 de março, que as recepcionistas não deveriam usar máscaras "para não causar pânico na comunidade". Eram as únicas naquele ambiente a não terem máscaras no momento em que os primeiros casos da doença eram registrados em Gravataí.

Se você for até a UPA, provavelmente encontrará recepcionistas usando máscaras com a viseira em acrílico. Não, não foi uma medida de correção da empresa terceirizada, mas resultado de uma doação feita ao município.

A consequência da imprudência não poderia ser outra. Entre os casos confirmados de Covid-19 na UPA, está uma recepcionista. Após o afastamento da colega, a CAB, "preocupada" com a situação, entregou mais um kit com duas máscaras de TNT (na ficha que acompanha as máscaras, referem como uma "máscara de tecido") para que as funcionárias as reutilizem.

(…)”

Analiso.

Acionei, e ainda aguardo uma posição dos técnicos da Prefeitura. Parece-me que a CAB deve explicações. É uma vergonha para a empresa a ‘denúncia’ do vereador de que, sendo um dos maiores contratos de Gravataí, manda funcionários de unidades de saúde lavarem máscaras – e, pelo que qualquer um que toca nelas percebe, nem podem ser lavadas!

Desta vez, não identifico sensacionalismo na live de Dimas. Ao menos, o político desta vez não provoca o pânico que já deu curso em post sobre ‘surto’ da COVID-19 na UPA – e tratei em artigos como O ’surto’ da COVID 19 na UPA de Gravataí e o ’medo que mata’.

Traduzindo do ‘politiquês’, o que o parlamentar sustenta é que uma empresa que tem um contrato milionário com a Prefeitura fornece apenas uma máscara a cada 30 dias para seus funcionários da área da saúde; e uma funcionária está infectada.

Ao fim, se as informações prestadas pelo vereador estão corretas, a Prefeitura não tem que tratar a CAB como faz um ‘colete verde’ ao orientar um comerciante de que não está cumprindo os decretos do ‘distanciamento controlado’. Tem que resolver para ontem. Até porque Gravataí é a avalista de eventuais mesquinharias da CAB.

 

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