Enfim posso dimensionar o tamanho do estrago no braço. A foto acima é do raio-x que tirei logo após a ciurgia… meia dúzia de parafusos e uma senhora placa. O braço ainda está um tanto rígido e a mão caída, meio “boba”. Vou ficar mais um mês na tipoia, para só então médico poder avaliar o estado do nervo e encaminhar para fisioterapia. Na melhor das hipóteses, o doutor estimou 6 meses para recuperação.
Mas não me queixo, porque já recuperei um tanto da autonomia. A gente vai aprendendo a se virar com uma mão só. Mas digitar assim cansa mais do que parece. Por isso ainda vou seguir preenchendo a coluna com poesia por algum tempo.
A saudade de costurar e fazer meus artesanatos está grande! Mas ainda bem que antes do tombo consegui fazer uma peça linda que usei para enviar ao II Festival de Arte Têxtil – Fibra de Artista. A exposição começa no próximo dia 24 e vai até 23 de outubro, na página www.facebook.com/festivaldeartetextilfibradeartista e Instagram @festivalfibradeartista.
Estou muito feliz de fazer parte desse festival!
E sigamos com duas poesias um tanto filosóficas, escritas no Rio de Janeiro.
TEMPO PARA POESIA
Eles não têm tempo
para a poesia
porque precisam aumentar
os dígitos da conta
e precisam comprar
cada vez mais
e precisam ostentar
que estão por cima
e precisam mostrar
que venceram na vida…
Vão perder tempo
com poesia?
Mal dá tempo
de ler as notícias
(tem que ao menos
passar os olhos)
e algum livro útil
que traga algo realmente
relevante para a vida
(como ganhar mais dinheiro,
por exemplo).
Eles não têm tempo
para a poesia.
Sempre de cabeça baixa,
em seus celulares,
não olham para o céu,
não notam que floriu o jardim,
não ouvem o riso
das crianças na praça,
não percebem a borboleta
que pousou na janela…
Eles acham que a poesia
está apenas nos livros!
Eles não têm tempo
e nem coração
para a poesia.
UTILIDADES
Sinto-me inútil…
E por que preciso ser útil?
Até as canetas estão deixando de ser
úteis nesses tempos eletrônicos…
E se faltar um copo
(meio vazio ou meio cheio?)
pode-se usar a concha da mão…
Vê? Até a utilidade das coisas
é questionável!
E elas nem sentem que existem.
Nós sim
sentimos o peso
de carregar o corpo pelos dias
em busca de algo
que nem sabemos ao certo
em busca de um alvo
de chegar em algum lugar
mas qual é o lugar
que realmente queremos?
Dúvidas às vezes são úteis
para encontrar respostas,
mas em outras vezes
apenas pesam
(como aquela bola de ferro
acorrentada na perna).
E a poesia, talvez não tenha
utilidade alguma!
Talvez seja apenas uma conversa
(um monólogo chato)
de um pobre poeta
de derrama seus ais
na folha em branco.