a coluna da jeane

Uns versos de braço quebrado – 6

Pela primeira vez, desde o tombo, passei na bendita esquina onde me estabaquei. E fiquei ainda mais cismada, porque a calçada até que está boa. Aparentemente não tinha motivo pra eu cair, ainda mais de um jeito tão feio.

A sensação que eu tive na hora foi de ter sido jogada contra a cerca, seja lá o que for que isso signifique. Foi muito rápido, mas eu percebi exatamente quando bati no palanque, o osso quebrando. Podia dizer que até ouvi um crec, mas não sei se ouvi ou minha mente inventou.

Tem uns arranhões na tinta do palanque bem na região que eu devo ter batido. Bem podem ser as marcas que eu deixei… Que coisa.

O braço vai bem, dentro do possível. Ainda um tanto rígido e desgovernado. A fisioterapia deve dar jeito nisso, mas só dia 13 vou saber os próximos passos. Uma coisa está bem aprendida: devagar e sempre, é assim que vamos em frente.

E agora vamos de poesia?

Hoje vou mostrar um pouco do meu livro Brado Carmesim, que lancei em 2014. Quem quiser adquirir, ainda tenho alguns exemplares, os últimos! É só me mandar um e-mail no jeanebj@hotmail.com .

 

BRADO CARMESIM

Da voz mansa

Também sai o grito

Pesado

Como pedra de granito

Cortante

Como ponta de diamante

Incisivo

Como um soco do destino

Mas suave…

Sem subir o tom.

A potência do grito

Está no que é dito

 

FAGIA

Simples sintonia

Sensível sabedoria:

Quando a essência basta

A vida não se gasta

Mas a massa

Essa casca, essa pasta

(de gente esmagada)

Só espera o pão.

De palavras anda tão farta,

Essa gente enfastiada de vazio…

Palavra não se come.

Ela é que devora.

 

SANTA SANGRE

Seja máquina –

ordena o sistema.

(Eu tenho sangue.)

Seja máquina –

sussurra o sistema.

(Eu tenho sangue.)

Seja máquina –

cantarola o sistema.

(Eu tenho sangue.)

Seja máquina! –

brada o sistema.

(Eu tenho sangue.)

Tenho sangue e lágrimas demais, senhor

Se me torno máquina, enferrujo

E me desfaço.

– Seja máquin…

– Jamais! Eu tenho sangue!

 

COLCHA VIVA

Costuro palavras e panos

Meus medos e enganos

Tudo o que um dia foram planos

E em prantos se desfez

Ponto a ponto, traço a traço

Esse monte de retalhos, faço

Parecer gente outra vez

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