Quinze coisas que planejo fazer depois de tomar a vacina, venha ela de onde vier.
1) Uma selfie do braço. Quem sabe uma tatuagem logo abaixo, letrinhas vermelhas e estrelinhas azuis ao redor da expressão Eba! ou Ufa!
2) Frequentar reuniões de alcool-gelólatras anônimos.
3) Escrever um livro sobre as maravilhosas da longuíssima quarentena. Teria o título, pequeno prefácio e 80 páginas em branco. No lançamento, apenas para convidados vacinados, faria questão de apertar a mão e abraçar efusivamente cada um.
4) Qualquer que seja o mês, fazer uma festa junina com uma fogueira de máscaras.
5) Correr ao encontro dos amigos queridos e retomar o convívio e o costume da troca de perdigotos, sem medo nem repulsa.
6) Só entrar em elevadores lotados.
7) Passar algumas semanas assistindo sessões contínuas de quaisquer filmes.
E experimentar um novo grau de paciência com baldes de pipoca ao lado e celulares tocando ao redor. Agora se sabe o quanto dói a saudade de uma sala escura e tela gigante.
8) Nunca mais aniversariar sozinho.
9) Fazer compras pessoalmente, pelo simples prazer de voltar a entrar em livrarias, mercadinhos, lojas, farmácias e super.
10) Fora de casa, forçar o hábito de apertar botões, se encostar em colunas e paredes, alisar corrimões em lugares públicos. Tudo por um possível descondicionamento mental.
11) Nunca mais responder à questão do que levaria para uma ilha deserta.
12) Vez em quando, entrar em ônibus e lotações numa parada e descer na outra, só pra me sentir pedestre de novo. E de tempos em tempos, pelo mesmo motivo, uma corrida de táxi a esmo.
13) Evitar reclamar do pedido errado em restaurante, da comida que veio fria, do talher sujo, de demoras, do mau atendimento, do valor a mais na conta. Sabe lá se não virá outro vírus pra me afastar anos das mesas.
14) Nunca mais faltar a velórios de ninguém importante pra mim.
15) Em meio a negacionistas, me preparar estoicamente para a 3ª e 4ª onda da covid.
d.