em negociação

Venda do hospital está só pela fumaça branca

Só falta a chaminé para sair a fumaça branca indicando a venda do Hospital Dom João Becker para, ao que tudo indica, um grupo paulista.

Tal qual o povo de Roma se volta à chaminé da Capela Sistina a cada conclave para indicação de um novo papa para a Igreja Católica, boa parte dos gravataienses andam virando a cabeça para o alto do Hospital Dom João Becker a procura de uma chaminé e à espreita da fumaça branca que pode significar o desfecho de uma negociação que se arrasta já há meses – ou anos! – para venda da instituição que fica ali no baixio da avenida José Loureiro da Silva.

E como na capela romana, onde os cardeais são mantidos a sete chaves durante o conclave, no Dom João Becker a negociação é tratada como segredo de estado. A diretora Fabiane Dressler é inacessível via telefone e a simpática gerente de Qualidade e Comunicação, Audrey Francisco, quase não sabe e quase não viu a visita das irmãs da Congregação Imaculado Coração de Maria (IMC), ontem, quarta-feira.

Mas não foram apenas as irmãs Marlise Hendges, diretora geral da congregação, e Joana Guedini – ecônoma, ou tesoureira, que tem a chave do cofre da IMC e da Sociedade de Educação e Caridade, a SEC, instituição mantenedora do Dom João Becker – que andaram pelos corredores do nosocômio. Na conversa comigo agora à tarde, Audrey não mencionou que as religiosas estavam acompanhadas por, pelo menos, mais quatro pessoas.

— As irmãs estiveram aqui como fazem com frequência. Foi uma visita normal ao hospital e às comunidades religiosas — disse Audrey, tentando despistar.

 

De São Paulo

 

Já as quatro pessoas que acompanharam as irmãs Marlise e Joana são diretores da entidade para a qual deve ser vendido o Hospital Dom João Becker, segundo confirmou o porta-voz da SEC, Iron Augusto Muller, sempre atencioso e gentil e sempre medindo as palavras – por sílabas – para não revelar o que ainda não pode ser revelado (por eles!).

Segundo o assessor foi realizada em Gravataí uma reunião “in loco” já que a cúpula da entidade compradora queria conhecer mais do nosso HDJB. Eles andaram por algumas alas e se reuniram com a presença da direção do hospital, em busca de informações detalhadas que podem ser o clorato de potássio usado para, na Sistina, fazer a fumaça ficar branca.

Conforme Iron Muller, a negociação com a empresa paulista, cujo nome e os valores envolvidos não são contados nem sob tortura, está bem adiantada.

— Está tudo bem encaminhado mas ainda não há um prazo para anunciar a venda — disse, justificando que ainda não houve a formalização do negócio e muito menos a transferência de valores.

 

Preocupação

 

Uma das preocupações mais externadas pela comunidade nas redes sociais a cada nova notícia do Seguinte: a respeito da venda do Dom João Becker diz respeito à manutenção dos serviços prestados através do Sistema Único de Saúde (SUS), mantido pelo governo federal.

Iron Muller lembrou que atualmente a legislação determina que pelo menos  60% dos serviços prestados sejam custeados pelo SUS. O percentual de atendimentos realizados pelo único hospital público de Gravataí, entretanto, beira os 80%.

— Está certo que o hospital vai continuar sendo público e é muito provável que a entidade que vai assumir mantenha os índices atuais de atendimento SUS — afirmou.

Outra preocupação se refere ao quadro de pessoal.

— Não acredito que devem fazer muitas alterações, como demissão de funcionários. Nem há espaço para isso. O hospital é uma instituição enxuta, que trabalha com um orçamento ajustado, e reduzir pessoal significa reduzir os serviços prestados ou comprometer a qualidade do atendimento.

 

Leia também:

Venda do Dom João Becker: falta só bater o martelo

 

Sobre o comprador

 

Quando à entidade – que tudo indica tem sede em São Paulo – que é a potencial compradora do Hospital Dom João Becker, o assessor Iron Muller garantiu que é um grupo que tem know-how na prestação de serviços de saúde e, inclusive, é controlador de mais hospitais. Não disse quantos, nem onde.

— Não são picaretas. É gente séria, com experiência e que tem um histórico de bons serviços prestados nessa área — concluiu.

 

IMPORTANTE

 

1

Colocado à venda há cerca de três anos pela entidade mantenedora, a Sociedade Educação e Caridade (SEC) da Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria com sede em Porto Alegre, o HDJB é o último dos 11 hospitais que a entidade controlava.

 

2

O único hospital público de Gravataí foi colocado à venda porque a congregação quer se desvincular da administração das instituições hospitalares, ficando apenas com ações nas áreas da educação e assistência social. Atualmente mantém 16 escolas, seis obras sociais e um projeto social, além de duas províncias.        

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