O vereador de Gravataí Fernando Pacheco (DEM), alcunha ‘Fernando Deadpool’, foi levado há pouco em uma viatura da Guarda Municipal para registro de ocorrência policial na Delegacia de Pronto Atendimento (DPPA), após incidente envolvendo médica da Unidade de Saúde da Família (USF) do Barro Vermelho.
A profissional do quadro de concursados da Prefeitura, de 55 anos, que atua há 15 anos naquele distrito da parada 103 de Gravataí, também foi acompanhada por guardas municipais para registrar o B.O. na Polícia Civil.
Conforme o secretário de Segurança de Gravataí, coronel Flávio Lopes, o incidente aconteceu durante fiscalização feita pelo parlamentar no posto de saúde, por volta das 16h desta sexta-feira.
– É papel constitucional fiscalizar, mas servidores da saúde e da educação tem reclamado de, para usar uma expressão comedida, excesso de entusiasmo nas ações do vereador – argumenta, confirmando que o parlamentar foi levado à DPPA, voluntariamente, em uma viatura da Guarda Municipal.
– Agora é objeto de investigação policial e direito administrativo. Mas parece óbvia a confusão do político entre o que é espaço de acesso público ou restrito. Além do necessário respeito a regras sanitárias, um consultório médico é local sagrado para a relação médico-paciente – completa.
Conforme o vereador, ele foi fiscalizar a falta de atendimento pediátrico denunciada por mãe.
– Vi pessoas rindo e mexendo no celular em um um consultório. Perguntei se não era horário de expediente e me disseram que já tinha encerrado. Quando comentei que já tirei médico dormindo em Mercedez para atender, essa médica se exaltou, disse quem eu deveria trocar as fraldas e me empurrou. Eu pedi para chamar policiais. As câmeras vão mostrar tudo – relata.
O Seguinte: ainda não conseguiu contato com a médica.
A ocorrência policial está sendo registrada neste momento.
Em outubro do ano passado, em Fernando Deadpool age como um Boca Aberta de Gravataí; Um vereador a cliques da perda do mandato, alertei para os riscos do modo de atuação do vereador.
Escrevi:
“…
Fernando Deadpool (DEM) está se saindo um Boca Aberta em sua estreia como vereador de Gravataí. Arrisca, como o deputado federal, ganhar cliques, mas ser cassado. Na última semana recebeu advertência verbal da presidência da Câmara de Gravataí – medida que conforme o artigo 239 do Regimento Interno antecede penas de suspensão e até perda do mandato – mas ‘reincidiu’.
Boca Aberta perdeu o mandato em agosto após transitar em julgado processo que lhe suspendeu os direitos políticos por 8 anos por condenação na Câmara Municipal de Londrina (PR) por quebra de decoro parlamentar. Os colegas entenderam que ele disseminou fake news em ataques contra colegas, além de ter invadido uma Unidade de Pronto-Atendimento (UPA).
– Nem a oposição aguenta mais. Passou de todos os limites. Há elementos de sobra para cassá-lo. Há BOs contra ele de médicos e funcionários públicos – conta um vereador.
As ocorrências seriam relativas a ações – e ‘denúncias’ em postagens – do vereador em visitas a UPAs e outros serviços públicos.
…”
E conclui:
“… Mesmo que em alguma crítica tenha razão, cuidado vereador Deadpool, para não entregar um importante mandato em troca do imediatismo de coraçõezinhos no Face e no Insta, que, o senhor bem sabe, mudam bem rápido para grrrrs e travestem o herói do dia em vilão da noite.
…”
Ao fim, a atuação do parlamentar virou caso de polícia.
Se Deadpool tem ou não razão, será ou não enquadrado como vilão ou vítima, o inquérito policial dirá. Mas prevê o artigo 331 do Código Penal que é crime “desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela”. A pena é de detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. Por isso, politicamente, o vereador também precisa se preocupar: 14 votos entre 21 vereadores podem cassá-lo, caso considerado culpado por uma comissão de ética. Se ligar para colegas, Deadpool não vai sextar tranquilo.
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