pacotaço de Miki

Vereadora Jack Ritter tem seu dia de fúria no Legislativo

Vereadora Jack Ritter (PSB) está batendo de frente com prefeito Miki Breier na defesa do funcionalismo municipal

Ela está longe de ser uma Bárbara Hershey, a Beth, ex-mulher de William Foster – papel de Michael Douglas em ‘Um dia de fúria’ (drama-policial de 1993) – por sua atividade profissional, por defender bandeiras ideológicas-partidárias e porque está muito distante de Hollywood. Se estivesse por lá, quem sabe.

Mas a vereadora Jacqueline Camargo dos Santos Ritter, 1.452 votos nas eleições de outubro para a Câmara de Cachoeirinha, teve seu dia de rebeldia nesta terça-feira, no Legislativo. Jack Ritter – como se apresenta e é conhecida entre o eleitorado, amigos e familiares – é da base de governo e do mesmo partido do prefeito Miki Breier, o PSB.

Esse vínculo partidário, entretanto, não impediu que ela se "armasse" e enfrentasse a cúpula governista, dia 24 de fevereiro passado, quando votou contra o ‘pacotaço’ de medidas do prefeito Miki que enxuga vantagens agregadas aos salários dos servidores, proposto para recompor as finanças da municipalidade.

Mais do que votar contra, Jack tem mantido um discurso em defesa do funcionalismo, especialmente a favor do magistério municipal. E no seu ‘dia de fúria’ arregaçou as mangas e bateu forte nos seus próprios pares, propondo que a Mesa Diretora da Câmara estude uma forma de reduzir os salários dos vereadores. Já! E do prefeito, vice-prefeito e secretários, também.

 

10 sim e seis não

 

— Estamos vivendo uma situação de calamidade financeira total e, se tiram direitos conquistados pelos servidores, que foram propostos pela Prefeitura e aprovados pela Câmara, nada mais justo que a gente dar o exemplo e cortar o nosso próprio salário, que está alto — justificou a vereadora agora à tarde em conversa com o Seguinte:.

O requerimento apresentado pela vereadora Jack teve as assinaturas de mais três vereadores: Cristian Wassen (PMDB), Paulinho da Farmácia (PDT) e Eduardo Keller (PRB). Teria mais uma, do pedetista Fernando Medeiros, impedido de formalizar o apoio por ser integrante da Mesa. E foi aprovado com votos contrários de seis de seus 16 colegas.

A proposta de Jack é que os integrantes da Mesa presidida pelo vereador Marco Barbosa (PSB) realizem um estudo sob os aspectos jurídico e técnico para que os seus vencimentos, atualmente em R$ 12.323,61, bem como dos integrantes do Executivo, sejam reduzidos. A vereadora não sugeriu um percentual, e nem quis falar sobre qual índice, na sua opinião pessoal, é o ideal.

— Não sou eu quem está dizendo que o salário dos vereadores e dos agentes políticos da cidade está alto. É a população que está propondo uma redução, exigindo uma postura da classe política — diz Jack.

Ela garante que seu requerimento “não é uma afronta” aos demais vereadores, nem ao prefeito ou vice, mas reitera seu entendimento de que um estudo neste sentido é necessário para dar uma satisfação à comunidade.

 

Pomba voadora

 

No início do seu segundo mandato como parlamentar, aos 32 anos de serviço público – deve se aposentar no final deste ano – com graduação universitária e três pós-graduações, a professora Jack diz que seu requerimento não é uma proposta demagógica, como chegou a ser acusada durante a sessão de ontem.

— Não há porquê eu fazer demagogia. Tenho profissão e fui chamada pelo meu partido para concorrer de novo defendendo minhas bandeiras, entre elas a defesa do funcionalismo. Eu ajudei a eleger o Miki deputado e agora prefeito, e ajudei a eleger o deputado (federal, José) Stédile. Sou uma pomba que alça voo — falou brincando, em tom de verdade.

 

: Requerimento da vereadora Jack foi apresentado ontem na Câmara

 

CCs demitidos

 

O enfrentamento de Jack ao governo já lhe rendeu dissabores, embora ela não admita. Quatro nomes indicados por ela para ocupar funções como Cargos em Comissão (CCs) já foram mandados para casa pelo prefeito Miki. Mesmo assim a vereadora contemporiza e diz que não acredita em retaliação. E jura que, em uma festa, não teria problema em sentar à mesma mesa com o chefe do Executivo.

— Sem problemas, ele é do meu partido — diz, segura, negando a possibilidade de trocar de sigla por causa das divergências e do ‘climão’ criado com a demissão dos CCs.

 

Ouvir as bases

 

Sobre o ‘pacotaço’ de Miki, originalmente com 11 medidas que impactavam vantagens e benefícios agregados aos salários dos servidores, das quais nove foram aprovadas no final de fevereiro e duas modificadas para nova apreciação no Legislativo, Jack garante que não é radicalmente contra.

A vereadora entende a necessidade de promover mudanças para recuperar o depauperado quadro econômico municipal mas destaca que o ônus tem que ser distribuído entre todos, inclusive pelo Executivo, referindo-se aos tão questionados e criticados salários do prefeito, vice, secretários e CCs da Prefeitura.

— Não acho corretas, porém, a forma e rapidez como foi feito e os índices aplicados. O governo teria até abril do ano que vem para adequar a folha ao limite de 54% da receita, que é o que determina a Lei de Responsabilidade Fiscal. Tinha tempo suficiente para sentar, negociar, buscar alternativas. (O governo) teria que ter ouvido as bases e buscar sugestões — explica.

 

Expectativa

 

Os quatro vereadores da Mesa Diretora da Câmara não têm prazo estabelecido para se posicionarem quanto ao requerimento da vereadora Jack Ritter. Mesmo tendo só um aliado na Mesa (Fernando Medeiros – PDT), ela acha que o pedido para que seja estudada a possibilidade de reduzir o salário dos vereadores vai ser acadatado.

 

Super-salário

 

Jack Ritter "riu amarelo" quando foi perguntada pelo Seguinte: se acha que o prefeito Miki Breier, de fato, ganha um salário muito alto. Primeiro ela lembrou que não foi ele quem fixou o valor, mas os vereadores que estavam em final de mandato lá em 2012. E depois exerceu o bom jogo de cintura da política:

— Se ele já determinou e o jurídico já está analisando o assunto, é porque há um entendimento de que o salário dos membros do Executivo é muito alto.

 

Incoerências

 

A ex-secretária municipal de Educação por duas vezes, e ex-secretária de Administração, aponta o que seriam outras incoerências salariais para defender o que chama de “direitos adquiridos” dos servidores. Segundo Jack, tem mais gente com salários elevados e que poderiam ganhar bem menos.

— Tem gente que nem completou o Ensino Médio e já entra ganhando mais do que um professor, coisa na faixa dos R$ 8 mil, o que é demais — citou.

 

A frase:

 

“A minha luta foi, é e sempre será, pela responsabilidade e a dignidade das pessoas, independente de sigla partidária”

 

 

Participe de nossos canais e assine nossa NewsLetter

Facebook
WhatsApp
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Conteúdo relacionado

Receba nossa News

Publicidade