A Câmara de Cachoeirinha não aceitou a abertura de impeachment contra Miki Breier baseado nas operações Proximidade e Ousadia, que afastaram o prefeito do cargo por 180 dias, como analisei em O assassinato da reputação política de Miki; Prefeito de Cachoeirinha é afastado e chefe do MP fala em mesada e malas de dinheiro.. Reputo tanto o pedido, quanto a rejeição tem erros.
Antes da análise vamos às informações.
Votaram contra a abertura da comissão processantes os vereadores Cristian Wasem (MDB), Brinaldo Mesquita (MDB), Deoclécio Melo (Solidariedade), Fernando Medeiros (PDT), Francisco Major Belarmino (MDB), Gelson Braga (PSB), Gilson Stuart (PSB), Paulinho da Farmácia (PDT), Priscila Barra (PSD), Sueme Pompeo de Mattos (PDT) e Xavier Espíndola (PSD).
Votaram a favor David Almansa (PT), Edson Cordeiro (Republicanos), Mano do Parque (PSL) e Nelson Martini (PTB).
Marco Barbosa (PP), cunhado do prefeito, declarou-se impedido de votar.
A presidente Jussara Caçapava só precisaria votar em caso de empate.
A admissibilidade do processo que poderia levar à cassação começou a cair nesta manhã quando o procurador-geral do legislativo, Rodrigo Silveira, não conseguiu com o desembargador Aristides Neto, da 4ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça, acesso às supostas provas “documentadas e filmadas” que em entrevista afirmou existir o chefe do Ministério Público gaúcho, Marcelo Dornelles.
É que a peça apresentada pela ex-vereadora Jack Ritter e elaborada pelo advogado Adriano Luz tinha como pilar a solicitação do conteúdo das investigações. A ‘CPI’ nasceria morta, entenderam os 11 vereadores.
Miki não atendeu ao Seguinte:.
Pela assessoria, informou que ainda aguarda acesso aos autos da investigação do MP e nunca falou em renúncia. No Twitter, comentou o arquivamento.
– A Câmara de Vereadores rejeitou mais um pedido de impeachment, baseado em uma investigação que está em curso, ainda sem conclusão. Alguns ainda não aceitaram o resultado da eleição de 2020. Maioria da Câmara agiu com sensatez, aguardando os desdobramentos da investigação que está em andamento.
O advogado do impeachment apontou ao Seguinte: erros na condução da votação desta terça-feira.
– Gilso (Stuart) não poderia ter votado. É investigado nas operações do MP e denunciado em ação penal assim como o prefeito. Outro erro foi a leitura resumida da denúncia. Há margem para reapresentação – argumenta Adriano Luz.
A autora do pedido ainda não decidiu se busca mandado de segurança para refazer a votação.
– A base governista não quer investigar. Agora vou tomar um café, enquanto comem pizza – disse Jack Ritter ao Seguinte:, acusando o vice-prefeito Maurício Medeiros de ter orientado a base de governo a rejeitar a abertura do impeachment:
– Faz-me desconfiar do vice, que não quer investigar. Já começa errando e permitindo suspeitas de que participe do esquema – disse.
Maurício atendeu ao Seguinte: e negou ter pressionado os vereadores governistas:
– Não existe isso, nem falo com Miki. O que comento com quem me pergunta é que é preciso esperar pela justiça e as supostas provas.
– Erram pela terceira vez em impeachment e a culpa é minha? – criticou, de seu jeito peculiar sem meias palavras.
Agora vamos aos erros, que na justiça sepultam tanto boas, quanto más intenções.
Se no pedido do impeachment apontei, em Advogado sustenta impeachment de Miki, que não havia fato determinado, e qualquer avanço dependia de provas do MP que, devido ao segredo de justiça, não se sabe se existem, a falha no rito de votação foi Gilson ter votado, como bem observa o advogado Adriano Luz.
Não entro em teorias da conspiração sobre se foi proposital ou não. Fato é que um suspeito de envolvimento no esquema não poderia ter votado num processo e, mesmo que colateralmente, livrado ele mesmo de uma investigação.
Dos Grandes Lances dos Piores Momentos: como secretário da mesa-diretora da Câmara, foi o próprio Gilson a ler a denúncia em plenário.
Ao fim, fato é que, desde o último atraque na Prefeitura na última sexta, são 96 horas sem que as provas “documentadas e filmadas” da corrupção de Miki e de sua suposta orcrim tenham se tornado públicas.
Em Prefeito de Cachoeirinha alvo de cassação: apresentado golpeachment 3.0 contra Miki; 24h sem provas públicas da corrupção escrevi: “Como não sou daqueles que fazem a razia da política, permitindo aos políticos não mais do que a presunção de culpa, ainda analiso o espetáculo proporcionado pelo MP garantindo a Miki o benefício da dúvida. E sem seletividade em relação ao lado da ferradura ideológica de cada um. Também considerei fake news a prisão do ex-presidente Michel ‘golpeachment’ Temer, pela chamada Lava Jato do Rio, ‘suspeito’ de chefiar uma organização criminosa que teria movimentado R$ 2 bilhões por quatro décadas, ou desde que tinha 36 anos e era professor numa faculdade de Itu. E com depósito de R$ 40 milhões em conta bancária que nunca apareceu nos autos do processo”.
Conclui e sustento: “Minha escolha moral é clara: melhor um ladrão solto, do que um inocente preso”.
Há quase dois anos insisto em tratar da mesma forma as suspeitas sobre Miki: ou seus denunciadores fizeram denúncias de Zorra Total, ou de Fantástico, o que trato em artigos como MP faz operação em Cachoeirinha por suspeita de corrupção no lixo; Do secretário afastado à CPI do Fantástico ou Zorra Total. Inegável que é escabrosa a narrativa do chefe do MP. Mas, até aparecer prova, e sem acesso às acusações para além do disse-que-disse-que-não-disse-o-que-disse, permite-se ao ‘padre’ responder como Josef K., em O Processo, de Kafka, ao ser perguntado se é culpado ou inocente:
– Inocente de quê?
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Amigos me recomendam parar de 'defender' Miki. Para mim, não se trata de 'defender' Miki, ou Suzane von Richthofen. Trato de fatos, ações e comportamentos, não de CPFs. É meu jeito de fazer jornalismo. Quando a RBS caçou-cliques no caso do 'Bruxo Silvio', fui o único que lembro a pedir provas no artigo Ritual satânico, o maior mico da história da Polícia Civil gaúcha. Pesquise no Google como terminou a investigação.
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