Manobra: pelo dicionário, é ato, modo de regular, de dirigir o funcionamento de uma máquina, de um aparelho, de um veículo: manobra de uma locomotiva. Arte de comandar tropas em campanha. Na política, digo que manobra é acomodar e conduzir interesses.
Não importa se para o bem ou para o mal.
O esforço técnico para demonstrar legalidade nos ato que definiram o novo prefeito de Viamão teve de tudo. Parecia pregão da bolsa. Antes da sessão ordinária desta quinta-feira (23), conforme o Diário/Seguinte: antecipou, Xandão Gomes (Republicanos) avisou seus pares que não assumiria a Prefeitura. Iniciou-se aí a cotação de nomes.
Sugiram ideias e estratégias de tudo quanto é lado. A que foi para frente foi esta:
Os vereadores Francinei Bonatto (PSDB), Guto Lopes (PDT) e Adão Pretto Filho (PT) encabeçaram requerimento para a convocação de uma sessão extraordinária (após a ordinária) em que a pauta seria destituir a atual mesa diretora da Câmara e eleger nova diretoria. O novo presidente assumiria antes, o compromisso de ir para a Prefeitura. A proposta teve a adesão de André Gutierres (PP), Armando Azambuja (PSDB), DIeguinho (PSD), Eraldo Roggia (PTB), Fabrício Ollermann (MDB), Joãozinho da Saúde (MDB), Maninho Fauri (PSD), Nadim Harfouche (PP), Rodrigo Pox (PDT) e Victor Braga (PTB).
Guto estava disposto a assumir a Prefeitura, pois já é pré-candidato e não teria impedimento para concorrer a prefeito para a próxima gestão. Mas ele não era o único, e como na Bolsa de Valores, a cada hora um ganhava ou perdia valor conforme as ofertas recebidas. Eraldo foi costurando por fora.
Tudo ainda nos bastidores.
A sessão ordinária, que já começou com atraso, foi o palco da articulação. Assessores nos gabinetes, alguns vereadores no plenário. Vai e vem e sessão interrompida por longos momentos. Houve impasse sobre a convocação de posse do vereador Lucianinho (PSB), suplente de Dilamar de Jesus, até então presidente em licença médica.
Por volta das 19h, tentaram desenhar o tal acordo para a destituição da mesa. Ninguém se entendeu, a ponto de o vereador Xandão abandonar a sessão. Tentaram apagar as luzes do Plenário Tapir Rocha e a equipe que transmitia ao vivo o encontro foi embora.
Eraldo Roggia, secretário, assumiu o comando e proporcionou uma situação no mínimo inusitada: lançou mão de um megafone para tentar dar continuidade ao trabalho. E logo foi novamente interrompido.
Não houve acordo e nem sessão extraordinária. Às 19h30min, Viamão tinha prefeito. Nesse horário, Evandro Rodrigues saiu do plenário para assinar o termo de posse como Prefeito. Estava visivelmente abatido pela perda de Russinho.
Enquanto isso, Eraldo Roggia recontava os vereadores presentes. Precisava de 14 votos para destituir a mesa diretora da Câmara. Conseguiu 11. Chamou inscrição de chapas, e com 12 votos e uma abstenção, Nadim Harfouche foi eleito o novo presidente por volta das 20h.
Ele, de acordo com o Legislativo, Nadim será o prefeito de Viamão. Eraldo Roggia, o vice na chapa, assume a Câmara.
Mas, o município, que não tinha prefeito nem vice, agora tem dois prefeitos.
Evandro Rodrigues garante que é o novo titular da prefeitura. Pelo menos até o fim do prazo do afastamento de André Pacheco.
– Eu sou o prefeito de Viamão. A sessão não tinha o número de votos necessários para destituir a mesa, que era 14. Hoje ainda, vamos entrar com mandado de segurança no Judiciário para anular esta papelada que foi feita aqui hoje – disse Evandro.
– De maneira triste, assumo desta forma, na perda de um grande homem que era o Russinho. Prometo trabalhar por ele. Pretendo instalar um hospital de campanha na cidade nos próximos dias – anunciou.
A coluna ainda não conseguiu contato com Nadim.
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