coluna do moraes

Viola enluarada

Arte sobre Viola enluara, tela de Flamarion Trevisan

Esta mulher é testemunha

que numa tarde áspera de junho

o meu braço cobriu um campo. 

O fogo dizia extraordinário 

com as brasas rebeldes da garganta em labaredas.

Ela estava enroscada nas cordas da minha vida

sentindo meus dedos 

correrem no brilho das suas estrelas

como armas amigas.

E eu cantava apoiado no meu violão

sufocado por essas águas de saudades e lembranças

que correm nos sentimentos,

de quanto tempo leva da criança até a idade, 

até o homem tornar-se tropeiro das distâncias

de estância em estância 

tocando gado de lá pra cá e daqui pra lá. 

É uma existência 

com um único alento nas noites de estrelas e lua:

no chão a lenha a bruma e o fogo,

a viola enluarada e o meu canto,

e no meu costado, 

a dona dos meus pensamentos 

enfeitando a sorte do meu destino. 

 

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