O prefeito de Gravataí Luiz Zaffalon (PSDB) e o vice Dr. Levi Melo (Podemos) almoçaram com Jair Bolsonaro (PL) em Porto Alegre, nesta sexta-feira, em ato pluripartidário com pré-candidatos a prefeituras gaúchas apoiados pelo ex-presidente.
Bolsonaro tinha frustrado gravataienses ao cortar a cidade de agenda na quarta-feira; leia em ‘Idolatria das arábias’: políticos comemoram “passada” de Bolsonaro por Gravataí e Cachoeirinha e Não foi preciso aguardar 72h: Bolsonaro não deu “passada” e deixou até vice-prefeito esperando em Gravataí.
Em conversa com o ‘mito’, Zaffa entregou uma boina da escola municipal cívico-militar rural Murialdo e sinalizou com a abertura de outras no mesmo modelo caso seja reeleito.
O prefeito fez post. Abaixo sigo.
Zaffa chegou ao restaurante Parilla Del Sur acompanhado de Levi, que saiu logo após o almoço para trabalhar em uma cirurgia, e foi acomodado na primeira fila.
O secretário de Governança, Comunicação e Cultura, José Capaverde, que é presidente da juventude estadual do PL, também estava presente, assim como o ex-vereador Evandro Soares, que foi chefe de gabinete do ministro Onyx Lorenzoni no governo Bolsonaro e hoje comanda o gabinete do filho, Rodrigo Lorenzoni, líder da bancada do PL na Assembleia Legislativa e também presente no almoço.
Já operando na campanha de Zaffa, Evandro Soares tenta atrair os Lorenzoni a apoiar a reeleição, usando como pretexto Marco Alba (MDB) – que conta com os dois por ter aberto dissidência no partido em 2022 para apoiar Onyx a governador – ter anunciado como vice Thiago De Leon, vereador que fez ataques a Onyx na campanha estadual e preside o PDT, partido que ingressou no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com a ação que condenou Bolsonaro a uma inelegibilidade de 8 anos.
Vereador mais votado de Gravataí, Bombeiro Batista (Republicanos) não conseguiu acessar o andar superior do restaurante, reservado aos convidados do ex-presidente.
O vereador bolsonarista-raiz Evandro Coruja (PP), que é policial federal, participou como parte da equipe que faz a segurança da turnê do ex-presidente pelo Rio Grande do Sul.
Bolsonaro chegou acompanhado do filho 04, Jair Renan, do deputado federal Luciano Zucco, presidente do PL de Porto Alegre, onde também nesta sexta-feira confirma apoio à reeleição do prefeito Sebastião Melo (MDB) indicando a militar da ativa Betina Worm como vice, e do deputado federal Giovani Cherini, presidente estadual do PL.
Cerca de 50 apoiadores aguardavam em frente ao restaurante, aos gritos de “mito” e “Bolsonaro, cadê você, eu vim aqui só pra te ver”.
Ao entrar, o ex-presidente foi recebido por políticos como o deputado federal Bibo Nunes (PL) e o deputado estadual Gustavo Vitorino (Republicanos), além de seu ex-ministro da Saúde Osmar Terra (MDB).
Insistindo na candidatura à Presidência da República em 2026, mesmo restando condenado à inelegibilidade até 2030, Bolsonaro direcionou o discurso para necessidade de fortalecer as bases bolsonaristas nos municípios, com a eleição de vereadores, prefeitos e vices.
Em momento polêmico, Cherini lançou Zucco ao Palácio Piratini em 2026, provocando constrangimento em Rodrigo Lorenzoni, cujo pai, hoje em Portugal, planeja concorrer novamente a governador. Bolsonaro manifestou predileção pelo deputado mais votado do RS em 2022 concorrer “ao Senado”, em seu plano de controlar a casa legislativa que pode tentar anistia-lo e a outros golpistas, além de votar impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Um dia antes, o prefeito de Farroupilha, Fabiano Feltrin (PL), abraçado a Bolsonaro, disse que o ministro do Supremo Alexandre de Moraes deveria ser “colocado na guilhotina”.
Zucco desviou a polêmica dizendo ainda ser cedo para o debate e reforçou a diatribe de Bolsonaro ser candidato a presidente em 2026, ao dizer que o inelegível precisa acrescentar um “i” à medalha “Imbrochável, Incomível e Imorrível” com a qual já condecorou extremistas como Viktor Orbán, da Hungria, e Javier Milei, da Argentina.
– Inclua o “i” de Insubstituível – disse Zucco, que, voltando às questões da aldeia, é o padrinho do apoio do PL à reeleição de Zaffa e, para fortalecer sua campanha ao Senado ou ao Palácio Piratini, tem interesses políticos em Gravataí e já articula uma agenda do prefeito com Bolsonaro em Brasília e uma vinda do ex-presidente ao município durante a campanha.
Zucco inclusive já convidou Zaffa a se filiar ao PL; leia em Parceiro de pescaria de Bolsonaro, Zucco apoia Zaffa e sonha com o prefeito de Gravataí no PL.
Aí resta a necessidade de habilidade política para Zaffa convencer o governador Eduardo Leite (PSDB), que tem no PL a principal oposição na AL, de que está apenas recebendo apoio do partido e não ‘bolsonarizando’, mesmo tenha feito campanha para Bolsonaro em primeiro e segundo turno; leia em TBT no palanque do bolsonarismo-raiz não é por acaso: a ‘bolsonarização’ de Zaffa .
Em PL anuncia apoio à reeleição do prefeito e vai participar do governo em Gravataí; É a ‘bolsonarização’ de Zaffa? Ele responde, Zaffa respondeu ao Seguinte: sobre a parceria com o bolsonarismo:
– Respeito, mas não sou de nenhum extremo. Ando pelo caminho do meio. Meu governo é assim, converso com todos. O Levi é mais adepto ao bolsonarismo. A gente vai mesclando – disse.
Segunda-feira antecipei a polêmica em Por que esta é a semana mais quente da eleição em Gravataí: De Zaffa, Marco Alba, Bordignon, Levi, Dimas e De Leon, até visita de Bolsonaro. Escrevi: “Como na política ausências gritam tanto quanto presenças, já estão abertas as apostas sobre a participação ou não de Zaffa ao lado de Bolsonaro na visita à Grande Porto Alegre”.
Nos artigos sobre a agenda frustrada de Bolsonaro em Gravataí, escrevi: “Qual minha aposta? Não vai a um ou outro. Zaffa já tem candidato à presidência da República para apoiar em 2026: o governador Eduardo Leite (PSDB)”.
Errei.
Aguardemos para testemunhar os efeitos do apoio de Bolsonaro na campanha de Zaffa. Em uma eleição que se projeta será decidida no detalhe, o prefeito faz sua aposta e, inevitavelmente, atrai um componente ideológico para seu legado de obras e realizações.
É uma decisão tão estratégica quanto a de Marco Alba ao apresentar um vice de centro-esquerda para, conforme analisei, potencialmente buscar o voto útil desse campo político caso a eleição polarize entre ele e Zaffa; leia em De Leon vice é uma escolha estratégica de Marco Alba em Gravataí.
Em 72h após desistir de candidatura para apoiar Zaffa, Capaverde assume como secretário em Gravataí; O convite de honra de Bolsonaro, o atentado a Trump e o Pequeno Príncipe, escrevi: “Ao fim, a democracia resta alvejada – e isso independe de investigações demonstrarem que o terrorista doméstico faz parte de uma conspiração, ou é um Adélio inimputável da vida. Bolsonaro e Trump são vítimas de um mundo que ajudaram a criar. O que isso tem a ver com Zaffa? É um mundo o qual o prefeito, em sua campanha pela reeleição, arrisca adentrar. Está lá, não em O Príncipe, de Maquiavel, e sim no ‘livro das misses’, O Pequeno Príncipe, de Saint-Exupéry: tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”.
Ao menos hoje, Zaffa não saiu da parrillada com a constrangedora medalha do “imbrochável, incomível e imorrível”.
Para encerrar, sobre a promessa de novas escolas cívico-militar em Gravataí, quem me acompanha sabe que já publiquei uma série de artigos críticos. Nesta semana, Maduro defendeu na Venezuela um governo “cívico-militar”.
– Eu não disse mentiras. Apenas fiz uma reflexão. Quem se assustou que tome um chá de camomila. Na Venezuela vão triunfar a paz, o poder popular, a união cívico-militar-policial perfeita – disse o presidente, após a polêmica do “banho de sangue” conforme o resultado da eleição venezuelana.
Ao fim, vou tomar um chá de camomila, porque sempre assustam momentos históricos onde o “cívico” resta próximo ao “militar”.