Diante do colapso iminente no sistema hospitalar de Gravataí, o prefeito Luiz Zaffalon iniciou uma campanha para viabilizar a construção de um novo hospital público no município. Com quase 300 mil habitantes e apenas 190 leitos disponíveis no Hospital Dom João Becker — o único hospital com atendimento pelo SUS na cidade —, Gravataí enfrenta um déficit grave na oferta de internações.
Pelos parâmetros da Organização Mundial da Saúde (OMS), a cidade deveria ter mais de 800 leitos hospitalares.
– Gravataí é uma das cidades que mais cresce no Rio Grande do Sul, e isso exige planejamento. Já entregamos dez novas unidades de saúde e estamos construindo um complexo no centro, mas precisamos de mais capacidade hospitalar – diz o prefeito.
Leito por leito, uma campanha por R$ 300 milhões
A estratégia adotada pela gestão municipal passa pela lei estadual do Pró-Hospitais, que permite que empresas destinem até 5% do ICMS devido para financiar obras em hospitais públicos e filantrópicos. O objetivo é atrair empresários locais e da Região Metropolitana para apoiar a construção do Hospital Bárbara Maix, projeto da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, que desde 2017 administra o Dom João Becker.
Com investimento estimado em R$ 300 milhões, o hospital terá nove andares e 114 leitos de internação e 10 leitos de UTI, com foco em internações pediátricas, obstetrícia, UTI neonatal e atendimento de convênios e SUS. A nova estrutura será ligada fisicamente ao HDJB, na Rua Dr. Luiz Bastos do Prado, em terreno doado pelas Irmãs da Congregação Imaculado Coração de Maria.
O embaixador da causa
Zaffa já iniciou os contatos com empresários e, ao podcast do Giro de Gravataí, revelou que o empresário Mathias Kisslinger Rodrigues, da Phorbis Empreendimentos Imobiliários, será um dos principais articuladores da iniciativa. Rodrigues administra shoppings em parceria com o Grupo AD, entre eles o Gravataí Shopping Center, e já presidiu a Fundação Iberê Camargo.
O prefeito apresentou o projeto a Mathias e vai colocá-lo em contato com o provedor da Santa Casa, Alfredo Englert, e o diretor Julio de Matos, com o objetivo de firmar o compromisso de que os recursos captados sejam usados exclusivamente na construção do novo hospital em Gravataí.
– Considerando o PIB e o tamanho da economia de Gravataí, se conseguirmos engajar os empresários e mostrar a importância desta iniciativa, não será tão difícil chegar a esse valor. Esperamos entregar um novo hospital para a comunidade em até cinco anos – projeta Zaffa.
Emergência SUS reforçada e demanda crescente
Enquanto o novo hospital não sai do papel, o Dom João Becker segue absorvendo a crescente demanda. Em 2024, atendeu mais de 142 mil consultas ambulatoriais, quase 9 mil internações e 11 mil cirurgias, mesmo com as restrições causadas pela enchente de maio. Foram quase 1 milhão de exames realizados — um aumento de 5,4% em relação ao ano anterior.
A nova Emergência SUS já realizou mais de 35 mil atendimentos desde a inauguração dos 20 leitos da Fase 1, em dezembro de 2023. A Fase 2, com 20 novos leitos e 920 metros quadrados, tem orçamento de R$ 10 milhões e a garantia do governador Eduardo Leite de liberação de R$ 6,5 milhões neste ano.
Ainda assim, os números mostram que o esforço é insuficiente: criado para atender 50 mil pessoas, o HDJB opera hoje para uma cidade seis vezes maior, e ainda atende pacientes de outros municípios da Região Metropolitana — cerca de 2 em cada 10 atendimentos.
Atendimentos superam a população
A mobilização liderada por Zaffa ocorre em um contexto nacional preocupante. Nos últimos 10 anos, o Brasil perdeu 40 mil leitos hospitalares, sendo mil apenas no Rio Grande do Sul, segundo o Ministério da Saúde. Atualmente, o estado conta com 22 mil leitos para 8,5 milhões de habitantes.
Em Gravataí, o volume de atendimentos pelo SUS supera a população registrada no Censo de 2022: 265 mil procedimentos anuais apenas no HDJB e nas UPAs.
O prefeito, que espera contar com a articulação empresarial e o apoio da sociedade civil para ampliar sua estrutura hospitalar em até cinco anos, afirma que esta é uma causa prioritária de sua gestão:
– Mesmo pequeno, com estrutura da década de 60, o Becker nunca fechou, nem na pandemia, nem na enchente, nem na crise dos hospitais da região. É hora de darmos a Gravataí o hospital que ela merece – diz.
Uma resposta
Estou aguardando pelo SUS 3 anos pra operar o meu joelho tenho muita dificuldade pra caminhar
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