Luiz Zaffalon (PSDB) não ter ido ao último debate das eleições 2024 sob a justificativa de organizar a Prefeitura de Gravataí para um alerta de evento climático não é mais que uma desculpa ruim.
“(…) Devido o alerta de condições climáticas no município, o Prefeito Zaffa está reunido com as equipes de trabalho. Neste momento, optou por não deixar a cidade e não comparecerá ao debate desta noite na Masper TV (…)”, justificou a campanha para os organizadores, em comunicado lido após o primeiro intervalo do debate do qual participaram Daniel Bordignon (PT) e Marco Alba (MDB), na noite desta terça-feira.
– Lamentamos – resignou-se Cláudio Andrade, jornalista mediador do debate (produzido pelo jornalista com atuação em Gravataí Giovani de Oliveira), que nas considerações finais teve até a única citação a Bolsonaro nos três encontros realizados na eleição de 2024, e você assiste no vídeo abaixo; logo a seguir, continuo no texto.
No décimo mês do quarto ano de governo, e após dois eventos extremos e um catastrófico em menos de um ano, a capacidade de Zaffa, que gosta da alcunha de ‘gerentão’, já o fez formar uma equipe pronta para crises climáticas, hoje uma realidade até cotidiana no Rio Grande do Sul.
O vice e sucessor natural, Dr. Levi Melo (Podemos), poderia ter comandando a reunião do gabinete de crise.
Não, não vou dizer que Zaffa “arregou”, expressão que usei para descrever o comportamento do prefeito de Cachoeirinha Cristian Wasem. O prefeito de Gravataí foi a dois debates e cinco sabatinas, diferentemente do colega candidato à reeleição, que não compareceu a nenhum debate e selecionou sabatinas na mídia simpática.
À época questionado pela assessoria de Cristian pelo tom pejorativo da crítica, respondi que a defesa da democracia exige reações à altura.
O caso de Gravataí não é para tanto, mas “a democracia tem seus ritos”, como escrevi em É feio o prefeito Cristian arregar para o debate em Cachoeirinha.
Os debates são momentos importantes em uma eleição.
Não dá para esquecer de lembrar que, em 2020, em uma pandemia com 700 mil vítimas fatais, mais de mil vidas gravataienses perdidas, a campanha eleitoral não parou.
A escolha de um prefeito influencia na gestão dos eventos climáticos pelos próximos quatro anos.
Fato é que um fato político resta criado. Se bom ou ruim para a campanha de Zaffa, ou dos adversários, ainda não tenho a medida científica de pesquisas para compartilhar com o leitor.
Em São Paulo, o prefeito Ricardo Nunes foi ao debate do UOL/Folha, mas recebeu críticas e teve uma participação avaliada como ruim em pesquisas, por não responder questões que lhe foram feitas. Qual o peso, então, de uma ausência?
Ao menos nas redes antissociais, mesmo que obviamente contaminadas pela briga de torcidas às vésperas da eleição, não pegou bem. Críticas apareceram até na explicação dada por Zaffa em vídeo que postou em seus stories e foi compartilhado pelo “Amo Gravataí”, mídia que tem rivalizado com o comunicador Chico Pereira na divulgação de furos positivos do governo.
Mais ainda após o “Gravataí Da Região”, que exerce um tom crítico ao governo, postar vídeo com a presença de Zaffa no evento “Revele-se”, da Liga Feminina de Combate ao Câncer”, promovido no Gravataí Shopping Center a partir das 19h de ontem.
O debate começou às 20h30.
Solicitei à assessoria do prefeito-candidato a agenda completa da terça-feira, dia em que ainda pela tarde o governo estadual divulgou alerta de chuva forte com descargas elétricas, rajadas de vento e eventual queda de granizo na Serra e parte da RMPOA” com “vigência até às 19h”, mas até o fechamento deste artigo não tive retorno.
Reputo bastava Zaffa ter cancelado a participação no debate explicando ser uma estratégia da reta final de campanha, já que é notório que seria atacado em imensurável medida pelos dois ex-prefeitos adversários.
Ao fim, mesmo admitindo que Zaffa tenha se assustado com o alerta climático divulgado pelo governo Eduardo Leite (PSDB), desde ontem encontro dificuldade em identificar quem realmente acredite ter sido este o motivo fundamental para a ausência.
Inegável é que resta criado um fato político. Que, insisto, ainda não tenho medida científica de pesquisas para apontar como bom ou ruim para a campanha. É uma polêmica colocada a cinco dias da eleição. Polêmica que considero desnecessária, principalmente pelo preparo demonstrado pelo prefeito nos debates anteriores.
Zaffa trocou o ‘mais do mesmo’ por uma incógnita, ao permitir aos adversários chamá-lo de “fujão” e “ausente”, como já mostram recortes nas redes e o vídeo dos bastidores produzido pela SEGUINTE TV.