opinião

Zaffalon volta ao governo de Gravataí; é nome para prefeito em 2020

Luiz Zaffalon e a esposa Marlene

Se for resumir este artigo no Twitter – como está na moda entre os políticos – a tuitada é assim:

 

 

Explico.

Zaffa – é assim o tratamento – goza da confiança do prefeito numa amizade e relação política construída nos últimos 40 anos. Parceiro desde campanhas nos anos 80, 90 e 2000, foi o braço direito e indicado presidente estadual da Corsan por Marco, quando o gravataiense ocupou a Secretaria de Habitação, Saneamento e Desenvolvimento Urbano da governadora Yeda Crusius. Não assume a Fundação Municipal de Meio Ambiente (FMMA) apenas com o cartaz de admirador de José Lutzenberger, desde que nos anos 70 conheceu o ambientalista em Porto Alegre, tentando impedir o corte de uma árvore, em meio aos medos da ditadura militar.

‘Gerentão’ das prefeituras interinas de Nadir Rocha – em 2011 e 2017 havia até decreto oficial colocando tinta de prefeito na sua caneta bic – e de Acimar da Silva, além de quatro anos recebendo de Marco as principais delegações do governo, do qual foi secretário de Projetos Especiais, o sociólogo de 65 anos, bem aposentado após uma carreira na CRT, Telefonica de Espanha, Brasil Telecom, Grupo Ericsson e governos, além da tradicional Zaffa Motos, certamente não troca por salário de cargo público (congelado em R$ 10 mil desde 2012) o ano de férias que curtiu viajando pela Europa, ou pela América do Sul em sua moto BMW GS 1200.

 

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Zaffa com tinta de prefeito na caneta

 

– O que me motiva é ajudar e defender o legado daquele que se não é o maior, está entre os melhores prefeitos que Gravataí já teve. Os tempos são diferentes da época do Dorival (de Oliveira) e do Abílio (dos Santos), onde as atribuições eram outras e a cidade era outra. O Marco soube conduzir Gravataí pela maior crise econômica e política que o Brasil já enfrentou e, hoje, além da recuperação das finanças, temos índices melhores na educação e saúde, e estão aparecendo os investimentos em obras que as pessoas enxergam mais – entusiamou-se Zaffalon, em entrevista por telefone ao Seguinte:, nesta tarde, exemplificando o 'jeito Marco Alba de ser' com causos que testemunhou e participou nos últimos oito anos de governo do MDB, partido do qual já foi presidente.

– Nunca esqueço o dia em que conversávamos após o Marco apresentar o projeto de gestão para os secretários. As metas e resultados eram o que eu sonhava, mas o provoquei dizendo que ele perderia a próxima eleição, porque não haveria tempo para explicar, e nem paciência da população para esperar pelos resultados. Ele disse: “então vamos perder, mas fazer nossa parte corretamente”. E perdeu mesmo, em 2016, mas brinco que a Divina Providência olhou por Gravataí e Marco teve uma segunda chance. Hoje os resultados estão aí. É disso que quero participar, do tornar conhecido e reconhecido esse legado que coloca Gravataí entre as cidades com maior potencial no país, mesmo com todo passivo e dívidas herdadas, e agora pagas religiosamente – disse, dividindo as últimas duas décadas em antes e depois do atual governo.

– Que obra estruturante foi feita nos últimos 40 anos, além do viaduto da Dorival sobre a RS-118, que foi uma engenharia do governo estadual, e as obras dos governos do Marco?

Polido, e como todo o mundo político de Gravataí sabedor que tem como pré-candidatos, pelo menos dentro do partido, Jones Martins, Nadir Rocha, Clebes Mendes, Alison Silva e Jean Torman, Zaffalon não quer falar sobre as eleições para a Prefeitura em 2020.

– Nunca concorri a nada e nem gosto dessa coisa de antecipação de nomes. O que sei é que não podemos entregar a eleição de graça, porque as futuras gerações não merecem que Gravataí seja administrada como um grande estado e suas tetas. O governo tem que ser representado por alguém que defenda nosso legado com a mesma coragem com que o Marco administra.

Esse legado, conforme Zaffa, carrega além da atenção à área social, com a maior nota da história do Ideb e uma mortalidade infantil de primeiro mundo, duas ferramentas para medir a educação e saúde, o cuidado com a cidade em suas obras estruturantes – “olha aí as pontes do Parque dos Anjos em andamento”, exemplifica – e serenidade e boa convivência com os munícipes.

Pragmatismo implacável, traduzo, usando uma expressão da política norte-americana, que com instituições fortes, mesmo entre gritos não briga com os números, nem com os fatos, aqueles chatos que atrapalham argumentos.

– Governar é contrariar interesses pontuais e corporativos, é pensar no interesse público, administrar para toda a cidade – argumenta, citando como exemplo a entrega de casas no loteamento Breno Garcia, da qual já participou, e representa uma cidade de 10 mil pessoas em Gravataí:

– O Marco começou negociando com a Dilma e o Tarso, depois com Temer e Sartori, e agora mais de duas mil famílias pobres terão casa própria. É como no caso dos médicos cubanos, que o prefeito aceitou assim que o governo federal ofereceu, já que tínhamos dificuldade em contratar profissionais para trabalhar na periferia. É obvio, e até saudável, que cada um tenha sua ideologia, o que é diferente de ranço e atraso. Quando você governa, tem que ser para todos, pensando no melhor para as pessoas, principalmente quem mais precisa.

– Ideologia, à direita ou à esquerda, não enche barriga. A cidade é de todos – diz Zaffalon, que foi eleitor de Jair Bolsonaro no segundo turno das eleições de 2018.

 

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Gerentão sai do governo Marco Alba

 

Marco Alba reservou-se a confirmar ao Seguinte: que Zaffalon está de volta ao governo já nesta sexta, mas manteve a posição de entrevista anterior de só falar na sucessão a partir do segundo semestre:

– O governo, que já tinha resultados em áreas como educação e saúde, cujos reflexos se sentem ao longo do tempo, agora começa a aparecer com obras estruturantes na cidade. Não é momento de falar em sucessão, e sim em governar bem em um país que ainda não saiu da crise. O Zaffa é um grande reforço, que descansou e agora volta para participar do núcleo do governo. Sempre foi parceiro e tem participação no que já fizemos e ainda faremos.

Se os dois, por experientes políticos, um das urnas, outro ainda não, não falam sobre a sucessão por ainda faltar dois anos para as eleições, eu, por dever de ofício, preciso fazê-lo aos leitores do Seguinte: Zaffalon é mais do que um nome forte para 2020.

 

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