O que é que qualquer morador de Gravataí ou dos arredores tem a ver com a perda de uma célebre arquiteta internacional? Nada que abale nosso dia a dia a circular entre prédios convencionais: nenhuma das monumentais criações de Zaha Hadid foi erguida por essas paragens. O projeto mais próximo do olhar brasileiro é o Residencial Casa Atlântica, no Rio, que ainda não existe concretamente. Repare nas imagens a seguir, todas do escritório: é preciso muita ousadia conceitual para que uma construção espremida no paredão de Copacabana deslumbre a todos.
Nenhuma surpresa na futura atração carioca: a mais famosa arquiteta do mundo nunca parou de ousar. Jovem iraquiana, elegeu Londres para ampliar seus horizontes. Acabou, pelo talento excepcional, conquistando espaços ao redor do mundo, com obras-primas em dezenas de países. Em 2004, foi a primeira mulher laureada com o prêmio Pritzker, o Nobel da arquitetura. Um reconhecimento ao seu arrojado domínio da curva, volúpia orgânica presente também no primeiro projeto dela no Brasil (e agora, único).
Esse belíssimo edifício com 11 andares se erguerá no espaço da Casa das Pedras, a última da Avenida Copacabana, demolida em 2013. Difere dos demais prédios da orla por ocupar o centro do terreno, sem estar colado às construções laterais. Só isso já define a originalidade da concepção. Zaha Hadid faleceu em 31/4, de enfarto, em Miami. Nunca mais teremos sua arte a inspirar e surpreender o mundo. É isso que abala admiradores desde Londres até Gravataí. O vazio só não é maior porque ela preencheu áreas urbanas com um arrebatamento que só a sua geometria e seu traço orgânico podiam provocar. Clap, clap, clap.
Para conhecer toda importância da arquitetura de Zaha Hadid, acesse seu escritório, o site archdaily e, claro, a wikipédia.
