O jornalista Eduardo Torres, marido da Kelly e pai do Miguel e da Júlia, morador de Cachoeirinha, é torcedor fanático do Zeca, ou Zequinha… É como os íntimos chamam o São José de Porto Alegre, ou do Passo D’Areia, que é onde tem sua sede e seu estádio.
A pedido do Seguinte: e porque o Zequinha conquistou de forma inédita, domingo passado, o Mundialito Sub-15, na Bolívia – tendo no time Guilherme Leonardo Lee da Silva de Oliveira, de Gravataí – Eduardo escreveu o texto a seguir.
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“Não se trata de uma conquista, ou só de uma conquista. Ou ainda, de mais uma conquista.
A vitória destes meninos que completam 15 anos em 2017 vestindo a camisa do São José tem um significado extraordinário para quem conhece a trajetória deste clube.
É que a cada vitória em solo boliviano eles beijavam a camiseta ao final dos jogos.
E faziam questão de bater no peito com a frase na ponta da língua:
— Grandes somos nós!
É isso. O São José nos últimos anos especializou-se em crescer.
Em ser um clube da Capital que não se contenta com a sombra imensa da dupla grenal. Nos últimos anos, esse espírito que iniciou nas arquibancadas do Passo d’Areia – hoje é raro ver uma mísera camiseta da dupla grenal em jogos no nosso estádio – contagiou definitivamente os dirigentes.
E virou meta de trabalho.
O Zeca sempre teve uma certa tradição nas categorias de base, mas invariavelmente ficava no limbo deixado pela dupla grenal. Um menino vestia esta camiseta pensando no dia em que vestiria a dos dois “grandes” da cidade.
Pois a cena está em plena mudança.
Tudo começou com uma decisão.
O São José poderia muito bem ter enviado os meninos do Sub-15 para algum dos torneios no Interior, onde os organizadores, o público e até os outros clubes parecem só se preocupar em ver as “jóias” da dupla.
O Zeca mudou a trajetória.
Graças à perseverança de pessoas como o professor Rodrigo Santos da Silva – técnico multicampeão na base e, acima disso, torcedor do São José -, os meninos foram para Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia.
Chegaram como o desconhecido São José. Os organizadores sequer sabiam de qual “província” brasileira era o Zeca.
E os meninos encararam o desafio.
Beijaram a camiseta.
Honraram uma história da qual agora eles também são protagonistas. Foi o primeiro título internacional das nossas categorias de base.
Se depender do caminho que já vem sendo trilhado há pelo menos cinco anos, os frutos ainda serão bem melhores.
No Gauchão de 2017, por exemplo, o Zeca praticamente não foi ao mercado. Mais de 70% da equipe é formada em casa.
Justamente a base que, em 2016, derrubou o Grêmio na Arena, apavorou o Internacional nas semifinais do campeonato, e conquistou o também inédito título do Interior no final do campeonato.
Um diferencial deste grupo de profissionais: todos conhecem este clube, o respeitam e, o melhor, ignoram a dupla grenal.”