Após desistência de Levi e coligação com Anabel, PSD sofre mais uma dissidência em favor de Marco Alba
Antes de entrar no PSD, Zete Bhlem fez duas perguntas ao presidente João Portella:
– O partido tem dono?
– O partido será oposição ao governo?
Com as duas respostas negativas, a empresária que tinha feito 4.445 votos como candidata a deputada estadual em 2014, e era assediada por Onyx Lorenzoni para ficar no DEM e ocupar a vice-presidência estadual do partido, apostou no projeto do PSD, assumiu a secretaria geral e começou a busca por filiados num momento em que a sigla não tinha nenhum vereador – Dilamar Soares, Alemão da Kipão e Dimas Costa chegaram depois – e nem Levi Melo, neste ano candidato a prefeito.
Hoje, dois anos depois, ao pedir a desfiliação, a diretora do Sindilojas, do Rotary e presidente do Conselho de Turismo, vendo os dois “não” imporem-se como “sim”, decretou a falência das intenções de lutar internamente contra decisões que não concorda, e às quais muitas vezes reclamou por, mesmo fazendo parte da direção partidária, ter sido informada pela imprensa.
Não bastava mais a ela a liberdade de deixar-se mandar.
A senha do adeus não foi nem a aliança com Anabel Lorenzi (PSB), a qual ela sempre foi contrária. Sua permanência no PSD se tornou insuportável com a ascensão do vereador Dilamar Soares a vice, após a renúncia de Levi 10 dias após a indicação à vaga.
– Isso não me serve – resumiu há pouco ao Seguinte:, em tom meio que jocoso, a proprietária das três lojas de confecções e calçados Di Eliz.
– Mas, até pelo espírito natalino, prefiro sair quieta, na boa. Nada contra Anabel, só não acredito no atual projeto.
Aos atentos à política da aldeia, o “isso não me serve” de Zete não soa acaso. O endereço do desabafo mira o gabinete 19 da Câmara. Foi exatamente essa a frase que Dilamar usou na tribuna da Câmara ao denunciar uma suposta infidelidade de Zete ao articular uma aproximação com o prefeito Marco Alba.
– Nunca pedi um voto que não fosse para o partido – diz, sobre o período em que, curiosamente, o próprio Dilamar, e o presidente João Portella, apesar das negativas, negociavam espaços num futuro governo de Daniel Bordignon (PDT), então prefeito eleito e ainda não impugnado.
– Todo mundo sabe o que aconteceu… Não sou mulher de afastar minhas amizades por política. Algo não pode estar bem com quem deseja uma coisa dessas – resigna-se.
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Apesar de não estar em seus planos filiar-se logo a outro partido, Zete deve fazer o mesmo que outro dissidente do PSD, o médico Alberto Rebelato, que se desfiliou na semana passada para apoiar a reeleição de Marco Alba (PMDB).
A amizade entre Zete e o prefeito é antiga. Ela tinha 10 anos quando Marco começou a frequentar sua casa. Seu pai, João, era do MDB. Em 82, concorreu a vereador, mas não teve os votos contabilizados porque “a ficha de filiação foi perdida em Brasília”.
– O Marco sempre diz que foi esse problema com o pai que acabou lhe garantindo a eleição como vereador – conta ela, uma apaixonada pela política, que fez 838 votos neste ano como candidata a vereadora, mandato que ainda sonha alcançar.
A retribuição de Marco ao episódio do pai veio com o convite para, aos 17 anos Zete assessorá-lo na Secretaria de Indústria e Comércio, durante o governo Abílio dos Santos.
– Devo apoiar Marco. Sentimentalmente, porque é uma pessoa que muitos acham marrento, durão, mas sei que tem um grande coração – confidencia.
– E, politicamente, como empresária sei bem que uma empresa em crise tem que primeiro pagar seus funcionários e arrumar suas contas, para depois investir. Sair gastando sem ter de onde tirar é o caminho para a ruína. Vejo que o pensamento do Marco ao assumir foi esse. O próximo governo certamente será melhor.
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Zete, que acredita ter filiado cerca de 80 pessoas no tempo em que esteve no PSD, e era a maior força na direção partidária abaixo do mandarinato de Portella e Dilamar, acredita que não sairá sozinha.
E nem será a última a sair.
– O partido está partido – confirma, sonhando em, num futuro próximo, retomar a parceria com Levi.
– Dr. Levi sofreu muito, não tem maldade, acabou usado – lamenta ela, amiga da família e colega de Rotary da médica Jucelei, esposa de Levi.
Deus com a 1
A sucessão de eventos parece apontar que, para defender o PSD da debandada, só colocando Deus no gol.