O Seguinte: abre espaço para os prefeitos da região listarem as principais ações feitas em 2017. O primeiro é Darci Lima da Rosa, de Glorinha. Abaixo você confere a reportagem em vídeo, áudio ou texto
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Se a vida não anda fácil para o povo, também não foi fácil para os prefeitos.
Em Gravataí, com a eleição fora de época, Marco Alba (PMDB) assumiu só em abril. E o 2017 que teve a melhor notícia dos últimos tempos com o anúncio de mais um show do bilhão da GM, foi manchado pela guerra do tráfico que fez o Facebook inscrever a cidade como zona de atentado, após tiroteio com duas mortes e três feridos na comunidade da Morada do Vale.
Em Cachoeirinha, Miki Breier (PSB) viveu o caos nas contas públicas, ao herdar uma crise que foi da marolinha ao tsunami, tendo no leme antecessores de seu mesmo barco político. Ainda abalado pela maior greve da história da cidade, governa olhando mais para as tabelas de receita e despesa do que outra coisa.
Em Glorinha, Darci Lima da Rosa (PRB), em tempos de gente sem trabalho, voltou 12 anos depois à Prefeitura com a mesma obsessão dos dois primeiros governos, onde foi o pai da industrialização da cidade:
– Meu negócio é gerar empregos.
Mas em 2017 só se falou da polêmica da Estre, gigante do lixo na América Latina que negocia instalação na cidade.
Como os políticos sempre reclamam que só notícia ruim dá manchete, o Seguinte: abre espaço para os prefeitos mostrarem, em 10 itens, o que fizeram em 2017, e as perspectivas para 2018, numa série que publicaremos nesta e nas próximas semanas.
Para começar, com os compromissos de campanha na mão, Darci e Glorinha, o paraíso entre a Capital, a Serra e o Mar.
1.
GOVERNO
Glorinha é mesmo um paraíso, natural e contábil. Um oásis em meio ao deserto pelo qual atravessam os municípios brasileiros.
Com fantasmas do passado já enterrados, como o parcelamento do INSS, o município hoje é dívida zero. Não tem nem precatórios em atraso e salários e 13º foram pagos com antecipação.
Um enxugamento via plano de demissão voluntária, aberto em 2017, também ajudou a aliviar a folha em quase R$ 2 milhões.
A capacidade de endividamento faz com que Glorinha esteja apenas esperando um ok do Ministério das Cidades para liberação de R$ 5 milhões para obras de infraestrutura.
É investimento de cinco anos em um.
– Estamos conseguindo investir em todas as áreas – comemora Darci.
2.
INFRAESTRUTURA
Parte do dinheiro de Brasília irá para construção de uma rótula na Avenida Pompílio Gomes Sobrinho com Avelino Maciel Neto, a estrada da Fibraplac, por onde passam 200 carretas por dia, indo com pinos, vindo com MDF.
A avenida principal já estará revitalizada em março, com financiamento de R$ 2 milhões do BRDE. Só não ficou pronta antes porque o prefeito viu problemas no projeto e pediu drenagem em todo quilômetro, o que elevou os custos em mais R$ 600 mil.
– É um financiamento de quatro anos, mas que vai dar uma cara melhor para o Centro de Glorinha. Era uma obra que o comércio queria e precisava – explica o prefeito.
Darci também conseguiu recuperar 100, dos 500 quilômetros em acessos rurais, num investimento de mais de R$ 1 milhão no que ele chama de estradas padrão Glorinha no Capão Grande, Vila Nova, Maracanã, Passo das Moças, Passo Grande, Passo do Pinto e São João.
3.
DESENVOLVIMENTO E EMPREGO
Mas Darci gosta de ser lembrado como o prefeito do emprego.
– Costumo dizer que o emprego é o início de tudo. E sem emprego uma família não consegue viver. Desde meu primeiro governo, em 97, corremos atrás de grandes investimentos. Perdemos a Goodyear, com a saída da Ford do Estado. Mas ganhamos outros investimentos como a Fibraplac, Digimec, Panatlântica…
Foi ele quem atraiu as principais grandes empresas para o município de 7 mil habitantes, que fica a menos de uma hora de Porto Alegre. A Fibraplac, por exemplo, é uma GM ao quadrado para Glorinha. A cada R$ 10 que entram em impostos, R$ 8 vem da fábrica de Abraham Isdra.
Mesmo com faturamento de meio bilhão, o reflexo da crise de 2016 na Fibraplac, que reduzirá o retorno do ICMS em R$ 3 milhões para Glorinha em 2018, faz Darci buscar outros investidores para evitar a falta de perspectivas de crescer.
– Estamos negociando com cerca de 30 novas empresas, pequenas, médias e grandes.
Ajudar a gerar emprego não é apenas um cacoete de Darci. É uma necessidade de quem conhece seu povo: hoje, de cada dez moradores de Glorinha, dois estão desempregados.
Foi a esperança de crescimento e mil novos empregos que fez Darci comprar briga com pelo menos meia Glorinha ao abrir negociações com a Estre, que por mexer com lixo, assusta.
Para que os empregos fiquem na cidade, mil vagas em 48 cursos profissionalizantes foram abertas junto ao Pronatec, Sebrae e Senac.
– Para 2018 teremos mais de mil vagas em cursos, como já tivemos em 2017 – informa o prefeito.
Para evitar a quebradeira de empresas locais, Prefeitura e Câmara também estão juntando recursos para criar uma espécie de distrito para pequenas empresas fugirem do aluguel.
4.
CULTURA, TURISMO E LAZER
Para atrair os olhos de investidores e abrir mercado, Darci projeta para maio a ExpoGlorinha, criação dele nos primeiros governos, que chegou a reunir 20 mil pessoas na maior festa da história do município. O dobro do Natal Luz, que promoveu em dezembro último, por exemplo.
A feira está em fase de captação de recursos, mas as inscrições para o concurso das soberanas já estão abertas.
5.
SAÚDE
Na saúde, a realização mais visível inaugura até o mês que vem. É a Unidade de Estratégia da Família, investimento de meio milhão de reais. Mas a principal ação, apesar de impalpável, salva vidas: Glorinha reorganizou a saúde para ter hoje atendimento de urgência e emergência por 12 horas, sem fechar mais nos fins de semana e feriados, além de cobertura telefônica com ambulância e médicos nas outras 12 horas.
A assistência farmacêutica é a mais completa da região. Não falta nenhum medicamento. E a fila de 3 mil exames laboratoriais reduziu o tempo de espera de 90 para 10 dias.
Além disso, a Glorinha que não recebia nada foi habilitada a repasses de até R$ 1 milhão, como outros municípios de mesmo porte. Em 2017, R$ 250 mil já começaram a pingar na conta da Prefeitura.
– Glorinha é hoje um dos únicos municípios gaúchos a ter 100% de cobertura da estratégia de saúde da família, visitando casa por casa, focados na prevenção. Antes o modelo de posto de saúde porta aberta não conseguia criar o vínculo entre as equipes e a comunidade. Com A ESF é possível acompanhar melhor as famílias e ter melhores indicadores – aponta o secretário da Saúde, Régis Fonseca.
6.
SEGURANÇA
Preocupação até nas cidades pequenas, a Segurança teve investimento de R$ 130 mil em cinco câmeras para a Brigada Militar monitorar as entradas de Glorinha.
7.
MEIO AMBIENTE
Em 120 dias, estará pronto galpão para coleta seletiva, que cobrirá toda a cidade, com dois caminhões.
O investimento é de R$ 2 milhões.
O antigo lixão também será recuperado com técnicas de arborização.
8.
AGRICULTURA
Darci é sempre associado à industrialização, mas sabe que o setor primário ainda ajuda a mover Glorinha. De cada 10 reais da riqueza gerada na cidade, três vem do campo. Para ajudar 500 pequenos produtores, ele terceirizou a disponibilização de horas máquinas para atender plantio e colheita.
E sementes, insumos e fertilizantes foram ofertadas para 300 famílias gratuitamente, ou a preço de custo com seis meses para pagar, num investimento de R$ 300 mil.
9.
EDUCAÇÃO
Vaidoso com sua cidade, Darci desafia a lhe mostrarem escolas com melhores condições que as de Glorinha, principalmente as infantis, que mantém abertas o ano todo para facilitar a vida dos pais que trabalham em janeiro e fevereiro.
– As crianças de todas as escolas serão atendidas das 7h às 19h, para atender a demanda dos pais que trabalham – explica a diretora Sheila Rosa.
E se a fila de espera por vagas em creches é de 3 mil em Gravataí, em Glorinha é de seis. Seis crianças.
Darci também comemora, além de bancar todo transporte escolar e garantir o café antes da entrada na sala de aula, a entrega em fevereiro de um kit de uniforme escolar, com tênis incluso, para os 1200 alunos, num investimento de R$ 300 mil.
10.
DINHEIRO NOVO
A perspectiva é boa para 2018. Estão inscritos em Brasília R$ 60 milhões em emendas, o que corresponde a dois orçamentos de Glorinha. O campeão em liberação de recursos é o deputado Carlos Gomes, do PRB do prefeito, seguido de Jones Martins, do PMDB de Gravataí.
– Quero aproveitar a oportunidade para convidar os vereadores de todos os partidos a fazer uma força tarefa e buscar emendas. Quem ganha é a comunidade – apela o prefeito.
A expectativa é de que pelo menos R$ 12 milhões entrem nos cofres da Prefeitura neste ano. Previsão que Darci ouviu no dia da entrevista, ao atender ligação do secretário de Governo Renato Bonadinan, que dia 28 garantia mais de um milhão e meio de reais para abastecimento de água na zona rural e construção de banheiros para comunidades carentes, ao ainda bater nas portas dos ministérios e gabinetes de uma deserta Brasília.
Como Darci Lima da Rosa vai desfilar pela avenida para comemorar caso todo esse dinheiro seja mesmo liberado, é melhor perguntar para ele. Até porque foram tantas ligações recebidas durante o dia da entrevista que parece que cada morador tem o celular de seu prefeito.
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