RAFAEL MARTINELLI

O ‘sequestro’ de carretas de donativos de Camboriú para Gravataí: Prefeitura e vereador explicam; Entre a fake e a real news

Vereador Bombeiro, à esquerda, recebe carreta de mantimentos enviada pela Prefeitura de Camboriú

Na noite de domingo, as prefeituras de Gravataí e Camboriú compartilharam vídeo de agradecimento do prefeito Luiz Zaffalon ao colega catarinense Fabrício Oliveira pelo envio de donativos após a maior catástrofe da história do Brasil. Por WhatsApps, viralizou que Gravataí teria ‘sequestrado’ (assim, entre áspas) donativos. Para piorar a desinformação, a interceptação das carretas na Freeway por dois vereadores causou polêmica e dúvidas, desde a chegada dos dois bitrens na manhã da terça-feira. Há, inclusive, informação sobre denúncia ao Ministério Público, enquanto um secretário municipal balança.

Vamos ao que o Seguinte: apurou.

A Prefeitura de Gravataí divulgou nota à coluna informando que “enviou equipe de trânsito para acompanhar a chegada da carreta com as doações oriundas de Balneário Camboriú, conforme acordado inicialmente. Quando as carretas chegaram à Gravataí, foi informado à equipe municipal de trânsito, pelo intermediário da doação, que seria entregue em outro local, privado. Dessa forma, a equipe de trânsito da Prefeitura acompanhou a entrega final das doações, descarga e lacrou o local, tendo após transferido os bens para o Banco de Alimentos”.

O local privado é a paróquia Santo Hilário, na Neópolis, bairro sem inundação, mas que recebe flagelados, e onde mora o vereador Bombeiro Batista, que ao lado do líder do governo Clebes Mendes, postou vídeo, ainda na Freeway, recebendo e depois descarregando a carreta.

No vídeo, o padre Batista Nunes, responsável pela paróquia, agradece a chegada dos alimentos e colchões.

O intermediário referido na nota da Prefeitura é o empresário Eduardo Frutuoso, que fez a conexão entre o prefeito de Camboriú, o vereador Bombeiro e o prefeito Zaffa.

Por intermédio de sua assessoria, Bombeiro explicou que os caminhões não teriam como seguir pela Freeway, o Banco de Alimentos não teria estrutura de pessoal para a descarga e o centro de distribuição do CTG Aldeia dos Anjos estava fechado às 7h. Então e foi necessário direcionar os donativos até a Neópolis, para depois encaminhar à gestão da Prefeitura.

Conforme a assessoria, o vereador não distribuiu comida ou colchões e apenas ajudou outros voluntários a descarregar.

Ainda conforme a assessoria, com o apoio da NDF Transportes, com sede no bairro, donativos privados tem sido depositados na paróquia, mas o vereador, sabedor das restrições da lei eleitoral, não participou e nem vai participar da entrega de doações, que estão sob responsabilidade da pastoral da paróquia.

A assessoria do vereador lembra que o próprio prefeito, e o vice, Dr. Levi Melo, acompanharam a descarga na paróquia.

Vídeos sobre todos os eventos relatados acima estão nas redes sociais dos citados.

O vereador Clebes e o padre não retornaram o contato do Seguinte: até o fechamento deste artigo.



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Ao fim, tudo que reporto acima é real news. Fake news foi a que circulou nas redes sociais sobre o prefeito ter ‘sequestrado’ para Gravataí um caminhão de doações que Camboriú enviava para cidades mais atingidas pela inundação.

A verdade é que o município está atendendo quase duas mil pessoas de outros municípios nos 31 abrigos públicos e voluntários instados em diferentes bairros da cidade; leia mais em Gravataí é uma ilha em meio ao Grande Rio da Região Metropolitana. Uma ‘ilha do bem’; entenda o cenário.

Sobre a polêmica envolvendo os políticos, reputo houve, no mínimo, uma má gestão do recebimento da carreta, o que inegavelmente cria dúvidas em quem quer fazer doações, mas repudia a contaminação política do voluntariado – e é isso, e não questões da política aldeana, que me faz escrever sobre.

Fato é que resta o governo constrangido, tendo que dar explicações pelo envolvimento de vereadores da base na decisão sobre o destino da carreta. Uma coisa boa ficou sob suspeita.

Pelo que apurei, balança o secretário de Assistência Social Artêmio Airoldi, indicação de Bombeiro.

Vereadores da base de governo entendem que era responsabilidade dele, como secretário, ter tomado a frente da operação, para evitar desconfianças sobre a politização da solidariedade.

Se me permite o secretário, fosse eu já teria pedido demissão, já que, na catástrofe, Artêmio não aparece na “linha de comando”, em lista enviada pelo prefeito Zaffa no grupo de WhatsApp dos vereadores, que reproduzo:


Explicações dadas, que deixemos o Ministério Público investigar, caso chegue a denúncia que seria feita hoje por fonte que pede anonimato, ou mesmo a promotoria aja por ofício após receber esta reportagem.

Impactado pela catástrofe, ainda não consegui, e nem acho seja hora, ativar o ‘modo cobrança’ em relação aos políticos.

Entendo ajuda a sanidade mental garantir um grande habeas corpus preventivo, uma irrestrita presunção de inocência para ações feitas aos atropelos, mas com boas intenções. Fosse diferente o intuito, estaríamos diante de tremendos canalhas, com ou sem mandato.

Para além do governo, o caso é explosivo na Câmara de Vereadores. Cláudio Ávila fez um discurso que, para concluir, subscrevo, por impecável.

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