política

20 milhões custa para Gravataí aumento para professores anunciado por Bolsonaro; É ’costelão na UPA’

Zaffa terá que arcar com custo do aumento do piso nacional do magistério | Foto GUILHERME KLAMT

É de mais de R$ 20 milhões o impacto para a Prefeitura de Gravataí do aumento de 33,24% no piso nacional do magistério, anunciado nesta quinta-feira por Jair Bolsonaro. É ‘costelão na UPA’.

Explico.

Procurada pelo Seguinte: a Secretaria da Fazenda de Gravataí informou que, a partir do anúncio feito pelo presidente nas redes sociais de que o mínimo para os professores da Educação Básica passará de R$ 2.886 para R$ 3.845, começa a fazer os cálculos.

Analisando os dados do Portal Transparência chegou eu a, pelo menos, R$ 23 milhões a mais em 2022. Isso calculando sobre nove meses, já que o reajuste começaria a valer a partir de maio.

Corresponderia a 6% sobre a folha anual de R$ 370 milhões.

Tomei o cuidado de fazer o cálculo dos 33,24% já descontando os 10,96% de reposição da inflação pagos pelo governo Luiz Zaffalon (MDB) a partir de janeiro, como reportei em artigos como Madrugadão da Câmara: aprovado reajuste para funcionalismo e políticos de Gravataí; Acertos e erros da ’pauta boa, pauta bomba’.

Assim, a Prefeitura precisa complementar cerca de 20%. E não apenas para os professores em início de carreira. Lei aprovada pelo ex-prefeito Marco Alba – que ideologicamente alguns professores odeiam, mas, pelo que fez por suas carreiras, deveriam amar – obriga a Prefeitura a observar uma distância de 10% entre as faixas salariais.

Significa que, ao aumentar o piso para professores em início de carreira, é preciso reajustar também aqueles com salários maiores, para que não se chegue a um momento em que todos recebem o piso.

O piso estava congelado desde 2020.

– Eu vou seguir a lei. Os governadores não querem os 33%. Eu vou dar o máximo que a lei permite, que é próximo disso – disse Bolsonaro.

Segundo a Secretária de Educação Básica (SEB), vinculada ao Ministério da Educação, mais de 1,7 milhão de docentes serão beneficiados pelo reajuste em todo o país. Em Gravataí, mais de 2 mil.

À colunista de GZH Rosane de Oliveira, o presidente da Confederação Nacional dos Município (CNM), Paulo Ziulkoski, afirmou que grande parte dos municípios brasileiros não tem como arcar um piso reajustado em mais de 30%.

A entidade sugere o governo aplique a variação da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor, que foi de 10,16% em 2021, e mantenha esse indexador para a correção nos próximos anos.

Inegável a importância dos professores e a necessidade de ganharem melhor. Mas incontestável é o anúncio eleitoreiro de Bolsonaro.

– Fodam-se os governadores e prefeitos – certamente, penso eu, disse o deprimente da república para Carluxo e seus próximos, antes de anunciar a medida ‘popular’.

Corretos meus cálculos, Gravataí tem como pagar o reajuste sem extrapolar o limite de gasto com pessoal previsto pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Mas isso vai obrigar o prefeito Luiz Zaffalon a refazer as contas; e obras.

Novamente, se acerto nos cálculos, o custo do reajuste anunciado por Bolsonaro consome metade da economia feita com a reforma da previdência em Gravataí, no espaço de tempo projetado pela mesma ao ser aprovada pela Câmara de Vereadores.

Aguardo os números oficiais da Prefeitura. Ouviremos, na ‘ilha de investimentos’, um alerta de tsunami?

Ao fim, chego ao ‘costelão na UPA’, que referi na abertura do artigo.

Em Gravataí temos políticos que doam salários, outros que distribuem sanduiche para gari e aqueles que levam água mineral para quem espera na superlotação da UPA.

Tudo muito nobre.

Assim como o reajuste anunciado por Bolsonaro; exceto o impacto inesperado nas contas públicas.

Brasília é aqui.

Para dobrar a aposta só falta algum político bancar um costelão, com chope e cantor sertanejo universitário para quem espera atendimento na UPA.

Pior é que o ‘costelão’ de Bolsonaro será pago com dinheiro dos outros; de estados e municípios. 

Seu.

 

LEIA TAMBÉM

Um ano de governo, 1h com Zaffa: balanço e perspectivas; Covid, Rio, investimentos, Zaffari, pauta-bomba da Sogil e outras polêmicas

Participe de nossos canais e assine nossa NewsLetter

Facebook
WhatsApp
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Conteúdo relacionado

Receba nossa News

Publicidade