— Quem se manteve em uma linha horizontal, sem cair, sem susto, pode considerar que o ano de 2016 foi um ano bom.
A opinião é do presidente do Sindilojas de Gravataí, José Nivaldo da Rosa, 63 anos, comerciante do ramo de confecções com três lojas na cidade, e na presidência da entidade patronal há 11 anos.
José Rosa, como é mais conhecido, avalia que pelo menos 5% dos associados com os quais manteve contato dizem que o ano que está terminando neste 31 de dezembro foi bom, com crescimento no faturamento.
Mas garante que a maioria manteve o mesmo patamar de 2015, que foi quando se agudizou a crise econômica nacional. Estes, segundo o entendimento do presidente que vai tentar seu quarto mandato em dezembro de 2017, são vitoriosos.
Os que morreram
Sem citar números ou índices percentuais, nem nomes, José Rosa afirma que sabe de empresários, do micro ao grande porte, que acabaram tendo que fechar as portas de seus estabelecimentos e até gente que teve que vender o patrimônio, em 2016.
— Os que morreram, na grande maioria, era gente que não se preparou para enfrentar os momentos mais difíceis, não se planejou para isso — raciocina.
E vai mais longe:
— Alguns chegaram ao limite de nem mesmo ter como demitir os funcionários por falta de dinheiro para pagar as indenizações. Estes quebraram literalmente, e ocorreram diversos casos durante o ano. Mas diante do número de empresas, são minoria — relativiza o presidente.
: José Rosa acha que 2017 vai ser melhor por causa das medidas anunciadas pelo presidente Temer
Portas fechadas
Um fenômeno que não se percebia, na cidade, até algum tempo atrás, é o grande número de instalações próprias para o comércio que estão com as portas fechadas. É que a crise depurou o meio.
Ou seja, pessoas demitidas de outras áreas da economia, como a indústria, investiram suas indenizações em algum tipo de mercado sem ter a estrutura ou a preparação necessária, e acabaram se descapitalizando e encerrando as atividades logo adiante.
— As pessoas acham que é fácil, mas não resistem e duram pouco tempo. Aliás, muito pouco tempo. Ao contrário de uma indústria, que exige muito mais capital financeiro. É só ver quanto custa um maquinário, é diferente!
Indicadores
O Sindilojas de Gravataí não tem indicadores sobre o comportamento do mercado a partir dos seus 3.500 associados – ativos. Se baseia nos indicadores mensais da Fecomércio, que faz a análise da situação na Região Metropolitana, como um todo.
Mas a partir deste ano, através de uma parceria que está sendo fechada com uma instituição de ensino que é mantida – ainda – em sigilo, a entidade deverá pesquisar o mercado para fazer uma avaliação da realidade local, de modo mais preciso.
Na base do “achômetro”, entretanto, José Rosa considera que 2016, considerando a inflação desde o ano anterior, teve empate em zero a zero entre os que se deram mal e os que foram vitoriosos.
— Ficou no empate! Com uma leve vantagem para quem não caiu porque, na minha opinião, não ter resultado negativo, num quadro como o que vivemos, é crescer, é vitória! — afirma.
E reforça a opinião:
— É que 2015 foi um ano muito pior. Foi um ano muito ruim. E seria terrível, agora, ficar abaixo de um ano como 2015.
E 2017?
— Vamos ter um ano muito bom — resume José Rosa sobre o ano que está começando.
Ele se apoia nas medidas anunciadas no âmbito federal pelo presidente Michel Temer, principalmente a liberação do desconto por parte dos lojistas e a flexibilização nas relações entre patrão e empregado.
Para o presidente do Sindilojas, são “pílulas de esperança” que devem ajudar bastante o empresário que estiver preparado para enfrentar o mercado. E pontua:
— A economia precisa ser fortalecida, e isso que o presidente disse que vai fazer vai ajudar. Não é que vai aparecer dinheiro já, no mercado, mas outra coisa importante é a possibilidade de as pessoas resgatarem o Fundo (de Garantia por Tempo de Serviço – FGTS) das contas inativas. Isso vai injetar um bom dinheiro no comércio, vai movimentar a economia favorecendo a todos.