Gravataí e Cachoeirinha assinaram virtualmente nesta segunda o Termo de Operação para a compra de vacinas contra a COVID-19, junto a outros 398 municípios associados ao Consórcio dos Municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre (Granpal), a Federação das Associações de Municípios do Estado (Famurs) e a Associação Gaúcha de Consórcios Públicos (Agconp).
Quer dizer que teremos mais vacinas amanhã? Não. Dificilmente as teremos antes de 6 meses. A nossa realidade é a vacinação com doses que chegam a conta gotas distribuídas pelo governo federal.
Explico.
A redação do termo assinado hoje estabelece apenas um “processo de cooperação operacional, técnica e financeira, entre as entidades e os municípios, para a compra centralizada de vacinas”.
– Feito isso, vamos ao mercado analisar a disponibilidade de doses, o valor e os prazos de entrega. Com essas informações, cada prefeito tomará a decisão mais adequada diante da realidade da sua comunidade – confirma o próprio presidente da Granpal, Rodrigo Battistella.
Aí resta o problema: o mercado.
O Butantan recebeu manifestação de interesse de compra de 3 milhões de doses da CoronaVac pelos municípios consorciados e informou que só conseguiria entregar as vacinas em setembro.
Até lá, a produção do instituto está comprometida com o Plano Nacional de Imunização do Ministério da Saúde.
Conforme o diretor do Butantan, Dimas Covas, os primeiros lotes do imunizante estão destinados ao governo federal, que comprou 100 milhões de doses.
O instituto só tem capacidade de entregar doses antes de seis meses caso o Ministério da Saúde negocie com outros fornecedores de vacinas.
Na realidade do dia de Gravataí e Cachoeirinha, o balanço da vacinação é de adoecer.
Não por incompetência dos municípios, que tem aplicado em prazos razoáveis as poucas doses que recebem; e sim pela especialização na logística da incompetência com a qual o governo federal tem (des)tratado a negociação com fabricantes e laboratórios.
Gravataí, com 71%, tem o melhor desempenho da região e está vacinando idosos com 77. Recebeu 19.632 até a última sexta e vacinou 9.196 com a primeira dose e 4.688 com a segunda, totalizando 13.889 imunizações.
Cachoeirinha usou 58% das 9.384 vacinas recebidas. Foram 5.435 imunizações, sendo 4.591 com a primeira dose e 844 com a segunda. Está vacinando idosos com 78.
Acontece que essas pouco mais de 20 mil doses aplicadas da CoronaVac e AstraZeneca não cobrem metade das 50 mil pessoas do grupo inicial de vacinação que inclui profissionais de saúde e idosos.
A continuar o ritmo dos primeiros 56 dias, as cerca de 300 mil pessoas de Gravataí e Cachoeirinha inclusas nos critérios do Plano Nacional de Imunização demorariam mais de dois anos para receber imunização.
Mais precisamente 869 dias.
Ao fim, é uma boa notícia a assinatura do termo de hoje, já que demonstra o interesse dos municípios em comprar a vacina – única salvação das vidas e da economia, como reconheceu até Jair Bolsonaro, semana passada.
Errado é ofertar aos desesperados a expectativa de conseguir logo ‘doses municipais’.
O prazo do Butantan é de 6 meses.
Acertam nossos prefeitos Luiz Zaffalon e Miki Breier ao tratar o tema com muito cuidado, sem vender falsas esperanças.
Até porque, além da falta de vacinas no mercado, são alguns os zeros após a vírgula necessários para comprar doses, como já tratei em Vacinas custariam 6 Pontes do Parque para Gravataí e Cachoeirinha; Parabéns, Bolsonaro!.
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