A imagem e o texto são autoexplicativos. Mas desenho, para os que não acompanham as aspirações e conspirações da política de Gravataí.
Evandro Soares – o vereador da base do governo Marco Alba (MDB), que é vice-presidente do DEM gaúcho e o número 1 de Onyx Lorenzoni, o ministro-chefe da Casa Civil do governo Jair Bolsonaro – tomou uma água mineral com o deputado federal Danrlei de Deus.
Em cima da mesa, uma camiseta do Grêmio e uma caneta para assinar o autógrafo. Como Danrlei chegou onde está principalmente por ter sido um ídolo gremista, e Evandro é notório tricolor, ex-conselheiro inclusive, poderiam estar preparando alguma ação solidária para ajudar alguém rifando o manto.
Mas não. A conversa foi sobre política. O próprio Evandro postou no Grande Tribunal das Rede Sociais:
– Na pauta, a conjuntura política atual do país, Estado e da nossa Gravataí. #AForçaDaNovaPolítica – escreveu no post que você lê clicando aqui.
Deu a morta, ao que parece.
Danrlei é a estrela do PSD no Rio Grande do Sul. É o insípido inodoro e incolor partido de Dimas Costa, vereador que foi o candidato a deputado mais votado em Gravataí nas eleições de 2018, facilmente identificado como a principal oposição ao governo Marco Alba e candidatíssimo a prefeito em 2020.
Como o próprio Evandro conta que falaram sobre “a nossa Gravataí”, certamente ouviu de Danrlei que Dimas, que nos próximos dias deve assumir formalmente a presidência municipal do partido e integrar a direção estadual, é a grande aposta do partido no RS para ganhar a Prefeitura daquela que é a quarta economia gaúcha.
Vai Evandro até ouviu de Danrlei que ele seria um bom vice daquele que é seu melhor amigo dentro da Câmara de Vereadores.
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O leitor mais atento ao House of Cards Gravataí pode estar se perguntando: mas Dimas não foi eleito em 2012 pelo PT numa eleição em que apoiou Daniel Bordignon e era alvo da brincadeira de que, um barba preta, outro barba branca, era o ‘filho’ e herdeiro político do ex-prefeito que recita de cor o hino da Internacional Socialista? E, mesmo reeleito pelo PSD e tendo apoiado Levi Melo, o candidato a prefeito pelo partido em 2016, na eleição suplementar de 2017 não fez campanha para Rosane Bordignon? Enfim, Dimas não está marcado com a Estrela do Judeu como esquerdopata?
Tento explicar.
Dimas não foi para a direita, mas parou no meio do caminho, no centro, pelo menos ao vivo – e por enquanto. Na eleição presidencial que dividiu famílias, o vereador, como já provoquei em outros artigos, “não ficou em cima, mas atrás do muro” ao silenciar sobre apoio a Jair Bolsonaro ou Fernando Haddad – acho que ele votou no petista, mas há petistas e bordignons que espalham por aí que ele fez sua campanha a deputado casada com o bolsonarismo.
Não seria nenhuma surpresa o ex-petista ter como vice um político identificado com Onyx e, obviamente, com Bolsonaro. Se até 2020 não descollorir a popularidade do ‘mito’, que fez 7 a cada 10 votos em Gravataí, daria até para vender a ideia da ‘nova política’, mesmo que Dimas tenha explorado como ninguém, e em todos os níveis, municipal (Marco), estadual (Sartori) e nacionalmente (Temer), o ‘contra tudo que está aí’ e Evandro seja, pelo menos na aldeia, ‘o que está aí’.
Evandro, no dia seguinte à eleição de Bolsonaro, gravou um vídeo em frente ao palacinho ocre da Prefeitura e se lançou candidato a prefeito. Imperceptível para muitos, mas na publicação do vídeo em seu perfil no Facebook postou #2020élogoali – hashtag criada e sempre utilizada por Dimas.
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São raras as coincidências na política. No mínimo, Evandro está mandando um recado para o prefeito. Um carinho de Marco, como ser cotado para ser o vice do candidato do governo, talvez resolva.
Ao fim, Dimas e Evandro não é chapa improvável em 2020.
Dimas inclusive foi um dos primeiro a curtir a postagem de Evandro no Face. Clicou no coraçãozinho.
Aos românticos, lembro Millôr, que dizia que “o Brasil inventou o socialismo de direita”.
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