Fui nesta manhã dar uma conferida na obra do Hospital do Câncer, junto ao ex-deputado federal Jones Martins (MDB). Tinha acompanhado o lançamento da pedra fundamental em 19 de fevereiro e hoje o prédio já chegou ao sétimo e último piso, numa área de 14,3 mil metros quadrados ao lado do complexo do Grupo Hospital Conceição, na zona norte de Porto Alegre.
O investimento inicial, projetado em R$ 100 milhões, caiu para R$ 75 milhões na licitação. A previsão é de que o Centro de Hematologia e Oncologia abra as portas em fevereiro de 2020. Já foram usados R$ 8,2 milhões, de R$ 33 milhões que estão na conta do GHC. Serão 100 leitos para tratamento do câncer, com radiologia e quimioterapia, 100% SUS.
Não exagera aquele que foi o deputado federal de Gravataí por dois anos ao comemorar o Hospital do Câncer como o, até agora, grande feito da sua vida política. Seja pela importância social da obra – se sabe que um a cada quatro pacientes que chega à emergência do Conceição, a maioria de Gravataí, Cachoeirinha e Viamão, tem câncer, não recebeu o diagnóstico e, quando recebe, vai para a fila de outros hospitais – ou por seu papel incansável nos gabinetes ministeriais, parlamentares e no próprio Palácio do Planalto.
O primeiro contato do gravataiense com o projeto foi em 2010, quando era conselheiro do GHC. Ao assumir uma diretoria no Ministério da Saúde em 2015, o projeto se arrastava pela burocracia pública. Aproveitando as relações que criou nos governos Dilma Rousseff e Michel Temer, ele começou a sondar aqui e ali a possibilidade do hospital sair dos computadores para a realidade.
– Com vontade política, vai – ouviu de Gilberto Barrichello, que na troca de governo deixava o comando do grupo hospitalar que no Rio Grande do Sul tem um orçamento que só é menor que o do Governo do Estado e da Prefeitura de Porto Alegre.
A correria de Jones merece elogios porque a partir dali conseguiu ultrapassar barreiras partidárias justamente em um momento em que explodia nossa Grande Guerra Ideológica Nacional.
Articulando com a nova direção do GHC, viu a área para o hospital ser viabilizada numa troca com a Prefeitura da Capital por uma dívida e, o principal, conseguiu mais de 200 assinaturas de congressistas para instalar a Frente Parlamentar pelo hospital, com assinaturas do PMDB ao PT, e com apoio de toda bancada gaúcha, a obra também foi inscrita como prioridade nas indicações dos deputados ao governo federal, para ter recursos liberados em 2018, ao lado da duplicação da BR-116, entre Guaíba e Pelotas, e de uma ponte no Rio Uruguai, entre Porto Xavier e a cidade argentina de San Javier.
O convencimento da importância do Hospital do Câncer, feito por Jones junto ao ministro chefe da Casa Civil Eliseu Padilha, um de seus padrinhos políticos ao lado do prefeito de Gravataí Marco Alba, também livrou a emenda do contingenciamento de recursos feito pelo governo federal para fechar as contas. Os R$ 33 milhões da emenda da bancada gaúcha, que tocarão a obra até junho de 2019, já entraram na conta do orçamento de 2018 do GHC.
Jones, sobre o futuro político não antecipa nada, além da vontade de ser candidato a prefeito em Gravataí. Mas, ele, que não conseguiu a reeleição, certamente fará falta em Brasília na articulação de novas emendas e na pressão pela continuidade da obra. Resta torcer que os 31 deputados federais e três senadores eleitos e reeleitos mantenham a prioridade para o Centro de Oncologia, inscrevendo novas emendas. E que o futuro governo Jair Bolsonaro (PSL) não desista da obra. São necessários mais R$ 42 milhões para a construção e acabamento, outros R$ 50 milhões em equipamentos e a contratação dos funcionários.
Uma sugestão aos políticos que não tem certeza sobre a importância de oferecer esse serviço é sair do ar condicionado dos gabinetes, entrar pela porta da emergência do Conceição e dar uma voltinha pelos corredores, para ver que é ali onde a pobreza da região metropolitana busca socorro. Com dois milhões de brasileiros saindo dos planos de saúde para o SUS, e cada vez menos planos privados cobrindo radiologia, o Hospital do Câncer, sem dúvida, será um salva vidas para os que mais precisam.
Siga o rápido balanço que Jones fez ao Seguinte:, com a obra ao fundo.